De costas para o eleitor
ARTHUR CHAGAS DINIZ *

Ontem, a Câmara dos Deputados acabou por manter o mandato de Natan Donadon, preso na Penitenciária da Papuda.** O deputado em questão já foi condenado por formação de quadrilha e peculato.
Uma combinação de voto secreto com ausência de parlamentares acabou por decidir favoravelmente ao criminoso. Emocionado, o prisioneiro agradeceu aos que poderíamos, agora, qualificar como cúmplices.
É inacreditável que o corporativismo domine as tomadas de decisão, por mais absurdas que possam parecer. Certamente o deputado não deve mais ser representativo da maior parte de seus eleitores. Admitir o contrário seria incorrer em um julgamento precipitado e, certamente, injusto em relação aos que o elegeram.
O criminoso em questão, no entanto, representa o sentimento de boa parte da Câmara que confunde imunidade com impunidade.
Não será mais preciso realizar pesquisa para identificar motivações das próximas passeatas. A Câmara votou de costas para o eleitor.