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Roubando palavras: Responsabilidade social

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Roubar palavras é a prática de corromper conceitos válidos, usando as palavras para confundir em vez de esclarecer. Quando uma palavra é usada para descrever algo que contradiz o conceito que aquela palavra representa, não só o diálogo se torna impossível como também o próprio pensamento racional.

Na sociedade há dois meios possíveis de interação: a razão e a força. Substituir a razão por mistificação só interessa a quem pretende impor a força. As esquerdas e os populistas usam palavras para provocar emoções, não para transmitir idéias. Isto lhes é necessário, pois a política que defendem é a imposição da força sobre o indivíduo. Ninguém aceitaria isto se entendesse o que está em jogo.

Roubar palavras é artifício constante no discurso esquerdista e populista, e deixa o adversário despreparado sem reação. Quem defende a liberdade precisa conhecer os artifícios de quem a pretende destruir.

O roubo da palavra Responsabilidade
Responsabilidade é um conceito abstrato. Isto não significa que é um conceito vago ou que pode ter vários significados diferentes ao mesmo tempo. Significa que é um conceito que requer o desenvolvimento de uma longa cadeia de conceitos precedentes para ser corretamente compreendido. Conceitos abstratos são mais susceptíveis ao roubo de palavras.

Responsabilidade é um conceito ético. Isto significa que é um conceito relacionado com as escolhas que as pessoas fazem. Compreender o que significa “responsabilidade” requer entender o que é a ética, e como ela se aplica à vida do indivíduo.

Responsabilidade significa assumir as conseqüências das próprias escolhas. É uma das virtudes derivadas da Honestidade, que se trata de lidar com a realidade como ela é. Vivemos em um Universo causal em que toda ação tem conseqüências. Responsabilidade é reconhecer que atos têm conseqüências, e que se deve lidar com as conseqüências de suas próprias escolhas.

Se alguém arranha o carro de outra pessoa no estacionamento, tem duas opções. Pode lidar com a conseqüência de seu ato, deixando o telefone ou outro meio para o dono do carro danificado entrar em contato. A pessoa pode, no entanto, optar por não lidar com a conseqüência de sua ação – o dono do veículo terá de arcar com a conseqüência de um ato que não foi dele.

Este exemplo, embora banal, ilustra o que é Responsabilidade. Uma pessoa responsável lida com os prejuízos que causa para si e para os outros com a mesma naturalidade que usufrui dos benefícios que produz. Fica clara também a relação com a virtude maior da Honestidade.

Um exemplo muito mais profundo, e que é central à discussão política e econômica, é a questão da pobreza. Um indivíduo responsável em condição de pobreza reconhece a realidade: não existe nada gratuito na vida humana, toda riqueza foi produzida por alguém. Reconhece que ter riqueza é conseqüência de um tipo especifico de ato, o ato produtivo. O trabalho.

O indivíduo irresponsável, por outro lado, atribui sua situação a outras pessoas. Nesta visão, a sua condição não resulta do fato de que ele próprio não produz – é culpa de outras pessoas que não lhe dão o que ele precisa. Mas este indivíduo abriga uma contradição interna: ele espera que outros produzam para si e para ele, quando ele próprio não está disposto a produzir nem para si próprio.

Responsabilidade, no contexto de uma sociedade, significa reconhecer que a própria condição é conseqüência dos próprios atos. A notória exceção é ser vítima de um crime, quando pela força física outra pessoa agride sua vida, propriedade ou liberdade de ação.

O conceito de Responsabilidade é intencionalmente roubado quando a palavra “responsabilidade” é usada para representar seu oposto. A esquerda faz isto através do anti-conceito “responsabilidade social”.

“Responsabilidade social” trata-se de resolver problemas que você não causou. Ou seja, assumir as conseqüências das escolhas de outras pessoas. Isto ataca o verdadeiro conceito de responsabilidade por sugerir que alguns indivíduos têm a obrigação de lidar com as conseqüências de escolhas que não fizeram enquanto outros não têm a obrigação de lidar com suas próprias escolhas.

Um exemplo prático é o da empresa “socialmente responsável” que gasta dinheiro montando uma escola para crianças de família pobre na comunidade em que atua. Ora, não foi o empresário nem foram seus acionistas que escolheram ter filhos sem ter dinheiro para pagar uma boa escola. Eles não são de maneira alguma responsáveis por estas crianças.

Por outro lado, os pais destas crianças sim são responsáveis por elas. Elas só existem como conseqüência de suas ações. Ter um filho sem ter condições materiais de alimentar, abrigar e educá-lo é uma tremenda irresponsabilidade.

Como se pode ver, o anti-conceito de “responsabilidade social” coloca responsabilidade nas costas de quem não a tem, e a tira daqueles que realmente são responsáveis! Para combater esta deturpação é preciso chamar as coisas pelo nome correto, e sempre cobrar de quem tomou uma decisão a responsabilidade por suas conseqüências.

Caridade é caridade. Responsabilidade é outra coisa. Há realmente muita gente no mundo que merece ser ajudada, sejam vítimas da má sorte ou boas pessoas que cometeram enganos. Mas ninguém é responsável pelas escolhas dos outros nem pelo acaso, apenas pelas suas próprias escolhas.

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Pedro Carleial

Pedro Carleial

Autor do Blog "O Capitalista"

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