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A intelectualidade esquerdista quer calar seus oponentes

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“Diz-se frequentemente que a fala que é intencionalmente provocativa e, por conseguinte, convida a retaliação física, deve ser censurada ou suprimida. No entanto, claramente, nada em tal proposição geral pode ser sustentada. Muito pelo contrário… A natureza provocativa da comunicação não a torna menos expressão. Com efeito, toda a teoria da liberdade de expressão contempla que a expressão será, em muitas circunstâncias, provocativa e despertará a hostilidade.”  Thomas I. Emerson

Alexandre Schwartsman escreveu um delicioso artigo para a Folha de São Paulo, em 16 de dezembro, intitulado “O Porco e o Cordeiro”.  O texto é uma fábula cujo pano de fundo é a situação atual da economia brasileira, e foi claramente inspirada na famosa obra de George Orwell, “A Revolução dos Bichos”. Resumidamente, o artigo é uma tentativa (provocativa) do autor de explicar que os problemas econômicos enfrentados pelo país atualmente – desacerto das contas públicas, baixo crescimento, inflação, etc. -, ao contrário do que começam a berrar aos quatro ventos os próceres petistas, não é resultado do arremedo de ajuste fiscal tentado pelo ex-ministro Joaquim Levy (o cordeiro), mas encontra suas causas em decisões muito anteriores, que remontam o início do primeiro mandato de Dilma – fato, aliás, já admitido pelo próprio governo.

Ao ler o artigo, o professor Luiz Gonzaga Belluzzo (um dos idealizadores do famigerado Plano Cruzado da Era Sarney, lembram?) resolveu vestir a carapuça do porco, porque, afinal, é torcedor fanático do Palmeiras, cujo símbolo é o porco.  Ato contínuo, escreveu um artigo altamente agressivo, arrogante, pretensiosamente erudito e recheado de banalidades, do qual concluímos que, se índio fosse, o senhor Belluzzo estaria agora em pleno ritual de preparação para a guerra.

Mas o artigo de Schwartsman trouxe outra consequência, infelizmente mais grave: a publicação de uma nota de repúdio, até agora com 162 assinaturas, dirigida à Folha de São Paulo, na qual os signatários repudiam “o desrespeito no plano pessoal, a intolerância inadmissível no plano da disputa política democrática e a violação de todas as regras elementares do debate plural e civilizado de ideias.” Para finalizar, repudiam também “a conivência da Folha de S. Paulo e do respectivo editor na prática de tamanha torpeza, transgredindo o código de ética que o próprio jornal afirma seguir.

Em outras palavras e em resumo, os grandes democratas que assinam aquela nota pedem à FSP a demissão de Alexandre Schwartsman.  A estratégia dos valentes não é nova.  Quem acompanha o debate político no Brasil sabe que a esquerda encontrou na vitimização constante, combinada com o controle da expressão e do pensamento, a maneira mais eficiente de manter o poder. De repente, a esquerda, outrora protetora das liberdades civis passou a querer fixar as regras sobre o que pode e não pode ser dito. Através da difusão do pensamento politicamente correto, que, na realidade, é uma lista subjetiva de coisas que se deve pensar, dizer ou fazer, a esquerda pretende controlar o debate, tornando-se senhora do pensamento único, numa afronta à liberdade de expressão, crenças, opiniões e ideias.

Não estou aqui a defender que os eventuais ofendidos por analogias propostas por Schwartsman não possam reivindicar reparações por danos de que se sintam vítimas, mas para isso existe o caminho da justiça, nunca da mordaça.

Muitos sábios já ensinaram que a verdadeira liberdade de expressão inclui o direito de dizer o que os outros não querem ouvir, ou mesmo aquilo de que se ressentem. A essência da liberdade de expressão é a tolerância com palavras fortes e provocantes. O juiz Oliver Wendell Holmes, por exemplo, dizia que “se há um princípio da constituição mais imperativo do que qualquer outro, é o princípio da liberdade de pensamento. Não liberdade para aqueles que concordam conosco, mas liberdade para o pensamento que nós odiamos.” Helen H. Gardner vai além e diz, com absoluta propriedade, que “o golpe mais fatal para o progresso humano é a escravidão do intelecto. O direito mais sagrado da humanidade é o direito de pensar, e ao lado do direito de pensar está o direito de expressar esse pensamento sem medo.”

Felizmente, já há outro manifesto na praça, a favor da liberdade de expressão, assinado ademais por profissionais da área acadêmica e econômica muito mais qualificados e gabaritados que os intolerantes subscritores do tal pedido de censura.

Aguardemos os próximos capítulos.

 

 

 

 

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

5 comentários em “A intelectualidade esquerdista quer calar seus oponentes

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    05/01/2016 em 8:43 am
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    É sempre assim, quando não gostam da opinião alheia calam o autor, mas tudo pelo bem da democracia é claro. Eles são campeões de fazerem atrocidades bradando o contrário. Calam a boca dos outros, gritando “iberdade de expressão”, interferem na economia, gritando “liberdade econômica” e por aí vai.

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    01/01/2016 em 10:58 am
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    Já assinei. Chega de patrulha ideológica de esquerda cerceando o direito de manifestação de pensamento. Não se pode aceitar que o Brasil tenha trocado um regime antidemocrático por outro.

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    31/12/2015 em 5:11 am
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    Há uma turma que é socialista porque não consegue ganhar dinheiro por conta própria, que é feminista porque na adolescência foi rejeitada pelos homens, que faz greve porque não consegue ganhar mais dinheiro por esforço próprio, que se autodenomina intelectual porque era um aluno mediano ou medíocre e teve que escolher uma curso com vestibular fácil para obter o ensino superior, como história ou ciências sociais.

    Essa é a turminha da inveja. Inveja de quem teve sucesso por meio do esforço, de quem teve sorte no amor, de quem tem inteligência e conseguiu se tornar um profissional que efetivamente contribui para a sociedade.

    O que essa turminha faz da vida? Fica o tempo todo tentando se livrar de suas inseguranças pessoais relativizando todos os aspectos da sociedade que afetam a sua autoestima. Os feios vão vilificar os bonitos, a moda. Os pobres vão vilificar os ricos e a geração de riqueza. Os medíocres vão vilificar os inovadores e a criatividade de novas soluções. Os incapazes vão vilificar aqueles que conseguem fazer realizações por conta própria, sem a ajuda de ninguém.

    São verdadeiros inúteis que se sentem excluídos da sociedade tradicional, mas não se dão conta que a exclusão é originada por eles, pelo fato de internamente reconhecerem os valores tradicionais como sendo superiores aos que possuem e se sentirem inferiorizados por não possuírem tais valores. Se assim não fosse, não se antagonizariam tanto com ela. Passam a vida criando turbulências para tentar fazer com que a sociedade tradicional, que não tem nada a ver com as suas inseguranças, se adapte a elas como uma forma de resolver seus problemas internos de autoestima.

    Infelizmente boa parte da esquerda é composta dessa turma.

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      31/12/2015 em 10:41 am
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      Palmas.

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      02/01/2016 em 9:37 am
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      E há uma turma que nem se enquadra nas categorias que você citou, mas tem a “cabeça feita” na escola, na universidade, pela grande mídia, pelo blá-blá-blá dos artistas do naipe do Chico-Merda.

      Este é o nosso grande desafio: iluminar – para os doutrinados e os invejosos – o monte de asneira, mentira, desonestidade sob o qual o comunismo/marxismo/socialismo se esconde. Assim, poderiam deixar de ser rebanho (massa de manobra da esquerdalha) para pertencerem à categoria de seres racionais, que pensam por si, que usufruem a liberdade.

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