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Resenha: O Chamado da Tribo

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Mario Vargas Llosa, nascido em 1936, na cidade de Arequipa, no Peru, teve uma infância e juventude marcadas por influências literárias e políticas. Desde jovem, ele demonstrou paixão pela literatura, influenciado principalmente pelas obras de escritores como Marcel Proust e William Faulkner. No entanto, sua experiência na infância com um ambiente familiar turbulento e a instabilidade política no Peru durante sua juventude também desempenharam um papel fundamental em sua formação intelectual. Ao longo de sua carreira, Vargas Llosa se destacou como escritor, tornando-se uma figura proeminente do “boom” Latino-Americano, com obras notáveis como A Casa Verde e Conversa na Catedral. Sua incursão na política, incluindo uma candidatura presidencial em 1990, também foi um marco em sua vida. Tais experiências pessoais e políticas podem ter influenciado a escrita de O Chamado da Tribo, em que ele revisita sua jornada intelectual e explora suas transformações ideológicas, alinhando-se com pensadores como Jean-Paul Sartre, Albert Camus, André Malraux e Raymond Aron.

“O Chamado da Tribo” pode ser considerada uma obra magistral, além de ser uma exploração apaixonante das complexidades do pensamento e da trajetória intelectual do autor. Neste livro, Llosa mergulha profundamente em sua própria jornada de pensamento e, ao fazê-lo, presenteia a todos com uma análise perspicaz e detalhada de quatro pensadores notáveis: Jean-Paul Sartre, Albert Camus, André Malraux e Raymond Aron.

Desde o início, Vargas Llosa convida a uma jornada pela história de suas influências e convicções políticas e filosóficas. Ele abraça a oportunidade de revisitar seu passado, revelando como sua juventude como socialista fervoroso se transformou em uma defesa apaixonada do liberalismo. Através dessas páginas, o autor reflete sobre como as ideias desses quatro pensadores moldaram sua própria visão de mundo e influenciaram sua evolução ideológica.

Em relação a Jean-Paul Sartre, Vargas Llosa destaca a filosofia existencialista e sua ênfase na liberdade individual. O autor percebe em Sartre uma luta constante para conciliar a liberdade com a responsabilidade, algo que ressoa com sua própria busca por um equilíbrio entre a autonomia individual e a responsabilidade social.

No mesmo sentido, Albert Camus representa a reflexão sobre o absurdo da existência. Vargas Llosa explora como a obra de Camus, particularmente O Estrangeiro e A Peste, o fez repensar questões de alienação e solidariedade em um mundo aparentemente indiferente. A noção de revolta camusiana também encontra eco na jornada intelectual de Vargas Llosa, à medida que ele se revolta contra as limitações do socialismo que uma vez abraçou.

Já André Malraux surge como um defensor do compromisso intelectual com a política. Vargas Llosa observa como Malraux acreditava que os intelectuais tinham uma responsabilidade moral de se envolverem na vida política e lutar por seus ideais. Esse conceito ressoa com a própria transformação de Vargas Llosa, que deixou de lado o distanciamento do intelectual para abraçar ativamente a causa liberal.

Por fim, Raymond Aron é retratado como um crítico perspicaz dos totalitarismos do século XX. Suas análises sobre as ameaças à liberdade individual e à democracia inspiram Vargas Llosa a se tornar um ardente defensor do liberalismo, à medida que o autor percebe o valor da liberdade em face das opressões políticas.

Ao longo do livro, o autor não se limita a uma mera análise histórica desses pensadores; ele tece paralelos com questões políticas contemporâneas. Vargas Llosa explora como as ideias de Sartre, Camus, Malraux e Aron são relevantes para os desafios atuais, incluindo a preservação das liberdades individuais em um mundo cada vez mais polarizado e as ameaças ao pensamento crítico em sociedades polarizadas.

Em um mundo político atual, onde as ideologias e divisões partidárias muitas vezes obscurecem o pensamento independente, O Chamado da Tribo serve como um chamado à reflexão e ao compromisso com os valores democráticos e liberais. Vargas Llosa lembra a importância de buscar a verdade, valorizar a liberdade e entender as complexidades do mundo.

Em suma, O Chamado da Tribo não é apenas uma obra sobre a trajetória intelectual de Mario Vargas Llosa, mas também uma exploração profunda e envolvente das ideias e ideais que moldaram sua visão de mundo. É um livro que desafia a pensar, questionar e, acima de tudo, a abraçar a importância da liberdade e do pensamento crítico.

*Leonard Batista – Associado III do Instituto Líderes doAmanhã.

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