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Caro Temer: saia enquanto é tempo

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Escrevo estas palavras sob imediato impacto da turbulência que volta a se abater sobre a combalida República brasileira, no momento em que um delator, dono da JBS, tomou os noticiários por ter gravado o atual presidente da República incentivando a compra do silêncio de Eduardo Cunha. Gravações que também mostram Aécio Neves, candidato em 2014, envolvido na obtenção de verbas ilegais.

Serei breve. Apesar de não esperarmos para hoje tamanha revelação, não se pode enxergá-la como uma surpresa absoluta. Os acéfalos que se jactam de ter votado em Dilma não deveriam olvidar que o regime no qual ela governou se tornou viável graças, lembraremos sempre, aos mesmos caciques peemedebistas, como o próprio Michel Temer, que, em seu fisiologismo, se acumpliciaram de seu assalto financeiro e moral ao país.

De todo modo, neste exato instante, não olharei para ontem. Não olharei para as narrativas. Não olharei para as preocupações de poder, para as retóricas de grupo, não olharei para os riscos de aventuras demagógicas seduzirem a memória curta de alguns dos meus compatriotas. Olharei, como brasileiro, preocupado com o futuro de meu país, para o amanhã e para o hoje. Hoje, em que a economia começava a ter uma tímida recuperação, impulsionada pela relativa tranquilidade e a agenda reformista, a despeito de seus defeitos, que o governo atual levava adiante, mais por reconhecimento irresistível das realidades que por elevadas convicções ideológicas.

Apesar disso, é de se reconhecer que as medidas vinham sendo impopulares e, com praticamente nenhuma base de apoio entusiasmado, demandavam certa dose de disposição e coragem. Reconheço isso. Se assim é, mesmo tendo, segundo os investigadores, em caráter inequívoco, cometido um ato criminoso e indecente, só nos resta pedir ao (ex) presidente Michel Temer que ponha em ação um pingo dessa coragem e saia enquanto é tempo. Enquanto é tempo, naturalmente, de nos privar, o máximo possível, dos efeitos da imprevisibilidade tempestuosa que volta a se manifestar e prolongar a nossa agonia. Não sou utilitarista e jamais serei; crime é crime. Porém, vejam só, é justamente porque a perpetuidade do que ora começa não é útil nem saudável que a urgência se incrementa.

Renuncie já! Renuncie ao que, do ponto de vista moral, já não lhe pertence. O prolongamento de uma luta contra os fatos, contra a oposição, contra processos intermináveis e traumáticos típicos do nosso presidencialismo intrincado, não trará louros nem vitórias a ninguém. Os maiores derrotados seremos todos nós, que, independentemente de opiniões políticas, estamos com os pés sobre o mesmo chão e não conseguiremos sair do atoleiro se a situação se arrastar tão somente para amaciar egos e proteger vãs reputações. Não temos tempo a perder.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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