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A Globo não é de esquerda, a Amazônia tem girafas e Macron salvará as árvores

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Na edição de ontem (26/08) dos 3 em 1 da Jovem Pan, em meio aos debates que naturalmente surgem no programa, a jornalista e comentarista Vera Magalhães se irritou com Rodrigo Constantino ― também comentarista político ― quando ele afirmou que a Rede Globo possui tendência editorial à esquerda. Num mundo no qual a grama continua verde e a água molhada, tal afirmação não levantaria tantas fúrias e nem contestações para o palco, afinal, em tal mundo o óbvio continua sendo óbvio.

A emissora que largamente adotou o anticonservadorismo como narrativa nas últimas eleições e nos primeiros 8 meses de governo Bolsonaro; que abraçou a causa da infundada teoria de gênero; as linguagens histéricas do feminismo radical e as demais pautas progressistas tão caras à “esquerda algodão-doce” ― pautas denominadas por Mark Lilla como “identitárias” ―, agora se vê na encruzilhada entre defender quase todas as pautas possíveis da esquerda progressista, todavia, sem poder ser denominada de “esquerda”.

Vera Magalhães ― profissional que sempre elogiei por seus textos diretos “sem ‘encheção’ de linguiça” ― se doa agora ao mundo da cegueira consentida dos ditos “especialistas” e “isentões”. Os “Especialistas” são uma forma chique de denominar aquelas pessoas que se especializam em uma área apenas ― ou em uma ideologia apenas ―, se abstendo de saber a serventia daquilo que produzem. Por exemplo, o especialista em construir dobradiças de portas que, por uma repetição compulsória e irracional de suas ações e ideias, se esqueceu do que é uma porta.

Parece-me que há um grupo de jornalistas e comentaristas que, na ânsia de vender uma isenção afoita, insossa e irreal, se tornaram defensores cegos da própria cegueira. A isenção não serve para abster-se da obviedade quando essa obviedade aponta sem remorso para uma evidente tendência política de uma empresa ou pessoa. Até porque, ver isenção e imparcialidade em algo que não é isento nem imparcial, também é uma forma de ser ideologicamente apegado e parcial. 

Ora, basta assistir com sinceridade apenas a uns 2 Jornais Nacionais e uns 2 Fantásticos para perceber logo nos enunciados que seus editoriais são à esquerda. Basta conhecer ― “malemá” ― as pautas progressistas para entender a quem servem os roteiros das novelas globais. Os papos do Encontro com Fátima Bernardes são conservadores por um acaso?

Aliás, fica a pergunta: qual seria o programa à direita da Rede Globo? “À direita”, porém, não entendam: “que se serve da ideologia direitista”, mas apenas que tenda mais a esse público, ou que possui pautas mais alinhadas a ele. 

Por fim, posso gerar interpretações erradas, então permitam-me tal ressalva: simplesmente não me importo com as pautas que os programas dessa emissora ostentam. Sequer me recordo qual foi a última vez que liguei a televisão para assistir à Globo. Por mim, podem estatizar a TV, podem dar o nome de KOMINFORM, podem até mesmo batizar o Projac de “Stálin”; realmente não me importo. Todavia, quando o óbvio passa a ser negado em nome de uma pureza jornalística que, no Brasil, definitivamente não existe, aí sim isso me incomoda. 

A principal arma que sobrou para combatermos a histeria e a insanidade ideológica ― diria Eric Voegelin ― foi a realidade, a percepção mais ou menos sã do óbvio e do fato. Ora, se uma emissora que há tempos relativiza a instituição da família, que prega abertamente a teoria de gênero, cujas vozes que ecoam as suas convicções não demoram a defender a legalização da maconha e do aborto; por fim, se uma empresa que defende aquelas pautas que fazem do progressismo uma ideologia à esquerda, se tal conjectura não me autoriza a denominá-la de “esquerda”, então devemos investigar se a nossa cruzada já não tenha escalado as paredes dos fatos e decaído no terreno da pura negação do óbvio. 

No entanto, sinceramente me questiono: esperar o que de um país onde meteorologistas trazem a fumaça da Amazônia para escurecer o céu de São Paulo; onde a esquerda comemora falas colonialistas de um europeu branco; e onde girafas habitam nossas matas e nossas matas geram mais comoção do que povos cativos de tiranias? 

Por fim, Vera, caso queira levar adiante tal afirmação de que a Globo não é de esquerda, basta tão somente avisar a emissora disso… ou, pelo menos, peça que disfarcem.

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Pedro Henrique Alves

Pedro Henrique Alves

Filósofo, colunista do Instituto Liberal, ensaísta do Jornal Gazeta do Povo e editor na LVM Editora.

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