Frase do Dia
“O desejo de salvar a humanidade é quase sempre apenas um disfarce para o desejo de dominá-la. O poder é o que todos os messias realmente buscam, e não a oportunidade de servir”. H. L. Mencken
obs: é impossível não concordar com Mencken quando nos deparamos com coisas desse tipo.
A questão que resiste incólume, meu caro João Luiz, é “como” concatenar os sempre duvidosos interesses políticos (e por que não, humanos?) com as demandas vitais da nossa estropiada e exaurida natureza?
Em minha tese (de 1976) “O homem: esse projeto mal-acabado”, esse “defeito de fabricação” da aparentemente perfeita máquina humana refere-se, com especial ênfase, ao inacreditável paradoxo representado pela agressão humana ao seu meio-ambiente, seu meio de vida e de subsistência, seu único e insubstituível habitat, vital para sua preservação e continuidade como espécie.
A polêmica Naomi Klein pode até nutrir as melhores intenções em sua polêmica obra, mas, a meu ver – permissa venia – não passa de um movimento personalíssimo para promover-se e angariar lucros com a vendagem desse livro. Veja bem, se sopesarmos com bastante criticidade os exemplos de mudanças que ela cita (escravatura e os direitos civis norte-americanos) como havendo logrado êxito, constataremos que isso não é verdade, quiçá apenas uma “meia-verdade” – e olha lá, com muito boa intenção da minha parte.
O escravagismo continua vigente, crescente e multifacetado, nada obstante venha travestido de roupagens capciosas que lhes permitem o uso de outras acepções. Basta olhar ao redor para constatar incontáveis exemplos neste sentido.
Em suma e para não me alongar, diria que não há soluções “prontas e acabadas” para o ser humano como espécie. Meu cálculo é singelo: para mudar os hábitos e a construção racional de uma nova espécie humana, em perfeito equilíbrio com o seu meio, seriam necessárias, em primeiro lugar, a destruição integral dos indivíduos existentes, que já vêm “infestados” com esse “defeito congênito”. Para tanto, haveria a necessidade de se realizar, antes do processo de destruição (desconstrução, seria melhor), a seleção absolutamente crítica daqueles indivíduos que não estão “infestados”; é a partir destes que se poderia, pós-desconstrução do resto, reiniciar a reconstrução do planeta de maneira planejada. Uma completa e impensável utopia.
Dessarte, meu caro, ratifico meu pensamento: Klein é mais uma dessas oportunistas que, com um discurso prolixo e convincente, busca as luzes da fortuna e da fama.
Forte abraço e um ótimo 2015, se é que existe esta possibilidade, seja para quem for…