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Quinto mês do Núcleo de Formação Liberal aborda obra de Ludwig von Mises

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Instituto Liberal, o Instituto Libercracia e o Grupo de Estudos Dragão do Mar, em parceria, utilizando as ferramentas que as redes sociais nos proporcionam, decidiram organizar, a partir de maio de 2020, reuniões virtuais, integralmente abertas ao público, para debater textos dos mais importantes autores nacionais e internacionais dentro do espectro liberal. O nome do projeto é “Núcleo de Formação Liberal” (NFL).

A intenção do projeto é que os debates e reflexões se concentrem o mais exclusivamente possível na obra dos autores, para qualificar a formação do pensamento de nossos ativistas e lideranças nos diversos setores da sociedade.  Todas as reuniões são baseadas em trechos ou capítulos de obras, previamente divulgados. Um relator se encarrega de fazer uma explanação a respeito dos trechos selecionados, seguida de um debate com apontamentos dos representantes dos institutos responsáveis pela iniciativa e a participação do público.

Depois de Friedrich Hayek, Joaquim Nabuco, Edmund Burke e Roberto Campos, o quinto mês, setembro, foi dedicado ao aniversariante Ludwig von Mises (1881-1973), economista icônico da Escola Austríaca que conquistou corações e mentes no Brasil nos últimos anos.

15/09 – O Contexto Histórico da Escola Austríaca – p. 89 a 139 da edição da Coleção Von Mises

O primeiro encontro reuniu Lucas Berlanza (Instituto Liberal), Tiago Muniz (Dragão do Mar) e Alex Catharino, representando a LVM Editora e o Instituto Mises Brasil, cujos membros foram convidados a participar em razão do autor homenageado do mês ser o emblema dessa instituição.

O mote do encontro foi a última obra publicada por Mises, mas que permite situá-lo historicamente e enquadrá-lo na tradição da Escola Austríaca de Economia. Catharino aproveitou para oferecer um panorama sintético das obras de Mises, inclusive alguns livros importantes que não foram objeto de análise direta no NFL, como a obra magna de mais de mil páginas Ação Humana.

Catharino ressaltou a pluralidade intelectual e o dinamismo científico da Viena do final do século XIX, criando um ambiente de impacto sobre a formação de Mises. Isso teria influenciado a visão cosmopolita e interdisciplinar da Escola Austríaca. Para ressaltar a originalidade da escola, Catharino abordou a “revolução marginalista”, que, como descreve Mises, apontando a centralidade do valor subjetivo, apareceu em autores como Carl Menger, o fundador da escola a quem o famoso austríaco e seus pares deram continuidade. Os austríacos entendem a economia como um processo dinâmico de mercado e não uma teoria de equilíbrio, levando em consideração a ação humana – e isso separaria sua escola das demais escolas econômicas.

Em oposição à Escola Historicista Alemã de economia, Catharino destacou o apontamento misesiano de que os austríacos sustentam o individualismo metodológico. Perguntado sobre as críticas de Mises a Edmund Burke, Catharino explicou que o austríaco só tinha leituras indiretas do estadista irlandês, com base no sociólogo Karl Manheim e em sua definição de conservadorismo. O relator traçou ainda um cenário dos discípulos do pensamento de Mises até hoje e indicou uma ordem didática de leitura do trabalho do economista austríaco.

21/09 – As Seis Lições – p. 73 a 214 da edição da Coleção Von Mises

O segundo encontro reuniu Letícia Sampaio (Dragão do Mar), Lucas Berlanza (Instituto Liberal) e Ingrid Torres, do grupo Advogados Libertários, convidada pelo Instituto Libercracia para sintetizar uma das obras mais básicas de Mises, um texto geralmente indicado como apresentação inicial ao seu pensamento: As Seis Lições. Ingrid se dedicou, de forma leve e descontraída, a resumir cada uma das seis lições, que na verdade são transcrições de conferências realizadas por Mises na Argentina para apresentar as suas ideias. A relatora afirmou que o livro relatado foi sua primeira leitura no campo do liberalismo, sendo o mais vendido do autor no Brasil, sobretudo pela linguagem singela e distanciada de terminologia muito técnica.

Ingrid destacou a observação de Mises de que a liberdade aumenta o potencial de realização, com os consumidores sendo soberanos para determinar o destino do que é produzido e comercializado, sendo mais bem-sucedido quem atende melhor às demandas. Ressaltou também o esforço misesiano em demonstrar que o capitalismo não é o vilão da História, tendo multiplicado as riquezas e reduzido drasticamente a miséria, facultando a mobilidade social e econômica e a expansão populacional. Com isso, Mises confrontou a visão idílica do passado, segundo a qual a Revolução Industrial criou a pobreza, sustentando que se deu justamente o contrário.

A relatora destacou a defesa da liberdade de imprensa como algo intrinsecamente ligado à propriedade privada e à liberdade econômica, a abordagem misesiana da determinação forçada de cargos e ofícios no regime socialista, sua defesa da liberdade de ser tolo e até irresponsável, bem como a necessidade de um Estado socialista coexistir com outras economias de mercado para poder lidar com o problema dos preços – o famoso problema do cálculo econômico que tornou Mises famoso. Ingrid tratou da multiplicação de regulações a que governos recorrem sob um sistema de intervencionismo, dos prejuízos inerentes à inflação (que dilui o poder de compra), da defesa misesiana do investimento estrangeiro e da importância das ideias para “iluminar a escuridão”.

Berlanza pontuou que, para Mises, o governo deve proteger as pessoas do crime e de inimigos externos e proteger o funcionamento harmônico da economia contra a fraude ou a violência, bem como dialogou com Ingrid sobre a crítica de Mises ao uso do conceito de direitos naturais pelos liberais, quando a liberdade, na opinião do austríaco, deveria ser tratada apenas dentro da convenção de uma comunidade política. Esse ponto de vista coloca Mises em colisão com as ideias de alguns de seus discípulos libertários, como o anarcocapitalista Murray Rothbard.

28/09 – A Mentalidade Anticapitalista – p. 48 a 173 da edição da Coleção Von Mises

O terceiro e último encontro reuniu Lucas Berlanza (Instituto Liberal), Leonardo Monteiro (Instituto Libercracia), Pedro Ângelo (Dragão do Mar) e o relator Rodrigo Saraiva Marinho, também representando o Instituto Mises Brasil para concluir os estudos com o diagnóstico misesiano acerca da hostilidade ao capitalismo.

Saraiva Marinho abordou a obsessão antiamericana, voltada contra a ênfase à livre iniciativa e à liberdade de mercado constante da realidade histórica e simbólica dos Estados Unidos. O relator abordou a relação de dependência construída entre os intelectuais e o Estado. Através dessa relação, os intelectuais teriam trocado os antigos mecenas pelos pagadores de impostos.

Saraiva também apontou a importância da valorização dos produtos pelo público para o sucesso do produtor como o cerne da visão misesiana e como algo que incomoda profundamente os detratores do capitalismo. Ressaltou a contradição dos artistas que elogiam o socialismo, mas desfrutam das benesses do capitalismo. Na fase interativa do encontro, Pedro Ângelo observou que os intelectuais e artistas culpam o sistema em si pela própria ineficiência em expressar suas ideias e persuadir o público do valor dos seus produtos, ilustrando a crítica misesiana a esse desprezo que tais setores usualmente demonstram pela economia de mercado.

Também ressalvando o que Mises diz na obra, Pedro destacou a ideia de que o anticomunismo não implica automaticamente a defesa do capitalismo. Mises acreditava que era necessário ser propositivo e sustentar a segunda posição, não apenas a primeira. Berlanza destacou a nostalgia do imobilismo aristocrático e o reconhecimento de que o fracasso, na economia de mercado, se deve mais ao próprio “fracassado”, que então desconta sua frustração no “sistema” em si, como elementos importantes do diagnóstico de Mises acerca do anticapitalismo. Também mencionou o apontamento misesiano de que o socialismo geralmente é defendido por pessoas mais abastadas. Por fim, pediu ao relator que sintetizasse brevemente os conceitos misesianos de praxeologia (estudo da ação humana) e cataláxia (economia de mercado), bem como abordasse brevemente, mais uma vez, à guisa de conclusão, o problema do cálculo econômico.

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