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Wagner Moura e seu “filme não-maniqueísta” para inglês ver

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Não é a primeira vez em que as esquerdices do ator Wagner Moura figuram por estas bandas. Quem por algum acaso tiver há algum tempo o hábito de ler o que produz este escriba, já o terá visto dar as caras mais algumas outras vezes.

Uma delas foi em 2015, quando já se falava que ele estava planejando produzir uma biografia de Carlos Marighella, o terrorista de extrema esquerda que redigiu o Manual do Guerrilheiro Urbano. Na época, Moura dizia que “sempre vai ter uma direita burra, careta, que vai dizer que é um filme sobre um terrorista. (…) Óbvio que há minha admiração por ele, embora não queira fazer um filme maniqueísta. (…) Pode-se até discutir sobre a opção da luta armada, se isso foi bom ou ruim. É uma discussão válida. Mas não me venha com extremismo. Porque essa é uma briga que eu gosto de brigar”.

Naquela oportunidade, demonstrei que a “proposta” de Marighella, não obstante desafiasse um regime de exceção, era expropriar todos os grandes proprietários para implantar a agenda nefasta de seu partido e que não havia nenhum motivo para admirá-lo. Pontuei minha crítica à pretensão de Moura de buscar apoio governamental para produzir seu filme. Foi o suficiente para o crítico de cinema Pablo Villaça acusar meu artigo de macarthismo, como se eu estivesse defendendo a censura de qualquer produção cinematográfica que abordasse a vida de terroristas comunistas, o que obviamente não era o caso. Confundiu-se aqui a crítica ao patrocínio oficial do Estado com a interdição.

Volta o tema à baila porque o filme está às vésperas de sua estreia. Interessante agora comparar o discurso de Wagner Moura em 2015 com o discurso que adota em 2019. Em que resultou sua pretensão de um filme que não fosse maniqueísta, que deixasse as questões abertas à discussão, etc., etc., etc.?

“Fazer um filme sobre Marighella no Brasil de 2017 não é uma coisa simples”, ele já dizia dois anos depois das primeiras declarações. “Não apenas eu, qualquer pessoa que entra no filme tem uma vontade de falar de resistência. De falar não do Brasil de 64, mas do Brasil de agora”. Como se houvesse uma terrível ascensão ditatorial em curso, Wagner Moura já admitia que sua produção não era uma peça de preocupações históricas, lançada para as diversas interpretações, mas uma peça militante que pretendia provocar uma “resistência” ao contexto do momento. Ainda estávamos, lembremo-nos, no governo de Michel Temer, e a eleição de Jair Bolsonaro ainda era apenas uma possibilidade duvidosa. Agora que um militar se elegeu com todo o discurso que provoca asco a psolistas como Wagner Moura, que dirá ele?

Com o filme pronto para sair, já temos um Wagner Moura dizendo abertamente que está “preparado para a porrada” e que seu filme foi feito com ênfase na sua fase de guerrilheiro e com elementos de ação para ser popular e para atrair as “pessoas pelas quais Marighella lutava, o que é uma questão quando você pensa que o cinema é um divertimento elitizado no Brasil” (valha-me Deus!). Já virou lugar comum explicitar a hipocrisia dessa “esquerda caviar”, de modo que dispensarei maiores comentários a respeito.

Moura enfatizou ainda que o filme retrata alguém que descobriu que a luta armada era a única maneira de “lutar pela democracia, justiça social, liberdade, igualdade”. Sim, um militante do PCB queria lutar por democracia e liberdade. Eles ainda agem como se tal conto do vigário vermelho pudesse iludir pessoas minimamente razoáveis…

Não para por aí; ele está dizendo que fará estreias do filme nos acampamentos do MST e do MTST, o que prometeu ao lunático Guilherme Boulos. Nada mais adequado, na verdade, afinal um filme sobre terrorismo deve mesmo ser exibido a terroristas.

O pior ainda está por vir: ele alterou a cor de pele de Marighella. Em qualquer foto, o guerrilheiro transparece nitidamente mulato, filho que era de um italiano com uma negra, com um tom muito, muitíssimo mais claro do que… o Seu Jorge (!!!) – sim, o Seu Jorge, o conhecido cantor e compositor -, que foi escolhido para interpretá-lo.

Comparem as imagens dos dois no Google e vejam se é possível conceber que um filme que pretenda retratar um personagem real, em condições humanamente normais de temperatura e pressão, pudesse representá-lo através de um ator que exibisse tamanha diferença física. Isso não é cabível no cinema – a não ser quando a única intenção do diretor é “lacrar” e “causar” para “inspirar os jovens afro-brasileiros”. Claramente é o caso, e se algum dia Wagner Moura quis fazer outra coisa, algo de que duvido profundamente, essa pretensão desapareceu por inteiro ao longo do caminho.

Wagner Moura não está nem aí. Ele disse claramente que o personagem ser “mais negro” que sua inspiração histórica não é problema nenhum. Problema seria, vejam só, apenas se o ator fosse “mais branco” (!!). “Seu Jorge ser mais escuro do que Marighella não é uma questão. Ele não poderia era ser mais claro”, ele declarou com todas as letras. Era só o que faltava…

Senhoras e senhores – e “senhorxs”? -, adulterar o sexo e a cor de pele de personagens de desenhos animados e quadrinhos para cumprir “cotas ideológicas” não é mais suficiente para a sanha da turma fanática do “prafrentismo” brega. A insanidade desses ativistas travestidos de artistas não encontra mais limites. Será que estamos a um passo de ter, digamos, um Mike Tyson interpretando Winston Churchill no cinema (!)?

Pode ser uma boa ideia, quem sabe, Morgan Freeman fazer o papel de Ronald Reagan. Denzel Washington poderia ser, sei lá, Charles de Gaulle. E que tal Whoopi Goldberg interpretando Margaret Thatcher? Ficaria perfeito, não é mesmo? Será que achariam lindo Naomi Watts fazer o papel de Rosa Parks? Bruce Willis interpretar Malcolm X? Tom Cruise ser Martin Luther King? Estou certo de que não e eu também julgaria uma atrocidade.

Wagner Moura quer que Marighella seja negro. Quer que ele seja um herói que lutou pela democracia. Quer que o Partido Comunista Brasileiro de repente se torne o defensor da justiça e da liberdade. Quer. Não preciso ver seu filme para antecipar que é um festival de quereres, de devaneios oníricos e desejos incontidos, fabricando um virtuoso líder que nunca existiu.

Não peço censura, não defendo censura; não o fiz antes e não o faço agora, nem jamais o farei. Contra a farsa, apresentemos a verdade; ela é e sempre será o único caminho. Diante dela, os medíocres e falsários sempre hão de desvanecer.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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