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Você sabia que as universidades públicas já estão privatizadas?

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Calma. Não é o que você está pensando. Este não é mais um comentário conspiratório das esquerdas fanáticas enxergando as supostas “mazelas do interesse privado” em cada esquina. Não é uma reclamação destrambelhada sobre como as multinacionais poderosas e os “neoliberais malvadões” estão privatizando a educação. Na verdade, os vilões são outros.

A essa altura, todos já devem saber das “manifestações” – as aspas são muito justas – em Brasília por ocasião da votação da PEC do teto dos gastos públicos, com direito à depredação do MEC, em que houve mesmo confronto com a polícia. Pois muito bem. O que queremos chamar atenção é para a mobilização das universidades públicas, ao menos no Rio de Janeiro, em torno daquele evento e também das chamadas “ocupações” de colégios.

Através de fontes da UFRJ, recebemos a cópia de um memorando de novembro em que a Secretaria do Conselho de Ensino de Graduação informava o seguinte:

“Informamos que o Conselho de Ensino de Graduação, em Sessão Ordinária de 23 de novembro de 2016, aprovou a prorrogação do ato acadêmico abaixo mencionado, bem como as recomendações, a seguir. 1) Trancamento de disciplina até 16 de dezembro para todos os alunos da UFRJ. RECOMENDAÇÕES: 1) Que sejam abonadas as faltas referentes ao início da ocupação, 07/11/2016, até o término da mesma para todos os alunos da UFRJ. 2) Que não sejam aplicadas provas ou outras formas de avaliação nos dias 28, 29 e 30 de novembro de 2016, bem como sejam abonadas as faltas neste mesmo período a todos os alunos da UFRJ, em virtude da caravana de alunos que irá a Brasília nestes dias.”

Sabemos perfeitamente que aqueles que já enxergam a função básica da Educação como sendo a formação de uma militância adestrada não serão convencidos pelo óbvio; então nos dirigimos àqueles que ainda preservam alguma sensibilidade para os fatos: a manifestação degradante em Brasília, além das ocupações de colégios e faculdades, evidentes produtos de agitação política das esquerdas, são tratadas em caráter oficial pela universidade, a ponto de se recomendar o abono de faltas aos participantes. A quem não vê nada demais nisso, perguntamos: fosse a manifestação A FAVOR DA PEC, esse tipo de regalia seria concedido?

Frise-se: em caráter oficial, a UFRJ está subordinando as suas determinações e documentos oficiais aos interesses de um grupelho ideológico. Quem está “privatizando” a universidade pública, submetendo o seu contingente e prostituindo a sua função básica em prol de “interesses privados”: os “neoliberais malvadões” que só existem em contos da Carochinha, ou esses mesmos grupos que gritam contra eles enquanto desviam de seus propósitos o espaço de ensino?

Quem fez a analogia não fomos nós, na verdade. Um professor da UFRJ, que preferimos não identificar, publicou uma reflexão na lista de e-mails de seus colegas que nos parece resumir magistralmente o problema:

“Mais decisões bizarras do CEG. Como é que um conselho superior põe o calendário da Graduação a serviço de decisões privadas? O que vai ser considerado ‘término da ocupação’ e que conselho institucional decide sobre isso? Por que uma ‘caravana de alunos’, cujos propósitos e relação institucional com a universidade não são esclarecidos, dá direito a abono de faltas para quem dela participa ou não? A UFRJ já está privatizada. Só que não é para os interesses privados normalmente apontados.”

Quem dirá que ele não está certo? O que confere a esses grupos a autoridade para serem levados em consideração dessa forma em decisões administrativas da universidade? Por que eles e outros não?

Mas o problema está longe de ser exclusivo da UFRJ. Obtivemos informações similares da UFF, que vem convivendo com o drama das invasões chamadas de “ocupações”. Um aluno da universidade nos mostrou a mensagem enviada por e-mail de um professor, dizendo o seguinte:

“Prezados, bom dia! Respondendo a algumas mensagens que tenho recebido da turma, quero dizer que não temos tido aulas normais em apoio às ocupações. O movimento pediu que a gente interrompesse a rotina das aulas e que elas fossem substituídas por outro tipo de atividade acadêmica. Mesmo as atividades que programamos inicialmente, porém, não foram mantidas com regularidade, e este é o motivo maior deste e-mail.”

Quantas rotinas afetadas, quantos planejamentos prejudicados por submissão a esses movimentos! Se você é contrário às suas pautas, o problema é seu; do mesmo jeito, ficará sem estudar e atrasará a sua vida. Ou, no mínimo, suas aulas serão substituídas pela pregação desses salvadores da humanidade que estão invadindo os colégios, como mostra este outro e-mail enviado pelo mesmo aluno:

“Finalmente recebemos na última quarta a visita de Edu, secundarista que participou da ocupação da escola estadual André Maurois e também de um representante da ocupação da IFRJ que está acontecendo neste momento. A conversa foi bastante frutífera e traz muitas questões para pensarmos. Para a próxima segunda estou propondo uma roda de conversa em parceria com a profª X, às 18h, no pilotis do bloco D, para retomarmos algumas questões da adolescência articulando com o tema da ocupação e as questões que surgiram da conversa com os estudantes. (…) Na quarta, por indicação do movimento da ocupação, provavelmente não teremos atividades pois estaremos todos mobilizados em função da votação da PEC.”

“Por indicação do movimento…” “Por recomendação do movimento…” Quem está mandando na universidade? A quem estão dando ouvidos? A quem pertence o poder de decisão? E que futuro teremos se nossa elite pensante for formada nesse tipo de ambiência? A conferir e, sem sombra de dúvida, se preocupar.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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