Vai ter copa, sim! Mas não precisa ter reeleição!
Todos sabem —ao menos deveriam— dos bilhões de reais de verba pública que foram torrados em estádios inúteis, em obras superfaturadas por empreiteiras que devem abastecer algumas campanhas políticas de amigos do rei ou da rainha.
Quando digo inúteis não é exagero, pois elas realmente não valem o custo de oportunidade. Mesmo que o investimento em áreas prioritárias estivesse a contento, não faz o menor sentido o contribuinte arcar com boa parte dos custos de estádios de futebol para o usufruto de clubes privados, como é o caso da Arena Corinthians.
Mas temos que saber colocar as coisas em seu devido lugar. Não é a hora —nunca foi— de fazer baderna, queimar, quebrar, depredar, impedir vias de acesso, essencialmente a estádios durante os jogos. E olha que fui contra a Copa no Brasil desde o início e não ligo muito para futebol, mas o bom senso precisa ter voz: agora, de quê adianta protestar contra a copa? O dinheiro já não foi empenhado? O que as pessoas, que vieram ao nosso país curtir o esporte, têm a ver com os erros do nosso governo? E por que só agora? Descobriram agora que estes investimentos seriam desnecessários?
Nossa falta de educação
Vale citar que esses “protestos”, dessa meia dúzia de oportunistas que atrapalham o direito de ir e vir das pessoas, são tão desrespeitosos quanto as vaias à Presidente Dilma na abertura. Naquele espaço, como representante legítima do país— apesar de muitas vezes agir contra o interesse do mesmo— ela não estava como Dilma pessoa física, ela era a anfitriã de uma nação em um evento internacional e vaiá-la e xingá-la demonstra, apenas, que somos mal educados.
É compreensível que as pessoas tenham vergonha de atitudes de Dilma como Presidente já que ela tolera a sujeira deixada por seu antecessor e, propositalmente, confunde o público com o privado em excessivos e desnecessários pronunciamentos oficiais para obter vantagens na campanha eleitoral dela. Mas nem o espaço e, menos ainda, o formato foram adequados para demonstrar tal indignação.
Ruim da mesma forma foi Dilma preferir não discursar na abertura da Copa, ainda que soubesse que seria vaiada. Ora, estava preocupada em representar o Brasil ou com o ruído que as vaias causariam a sua campanha política? As atitudes da Presidente mostram que, como de costume, a resposta é a segunda opção: quando o dilema está entre interesses do país e os do partido, aquele é preterido em detrimento deste e a escolha de fazer uma copa aqui foi, claramente, uma forma de colher frutos políticos para os partidos que estão no comando, a custa de bens que são públicos.
Mas, ainda sim, o lugar de mudar os representantes é nas urnas. Outubro está aí e é de suma importância não se esquecer de todos os erros políticos, do sucateamento da economia brasileira, dos impostos torrados com gastos desnecessários — algo que se inicia bem antes da copa— e que tudo isso são escolhas equivocadas de quem tem a caneta nas mãos, mas acreditam terem a definição da vida dos 200 milhões que, aqui, residem.
Apesar da bagunça, inclusive, na definição de qual o real papel e tamanho do Estado em nossas vidas, um erro não pode justificar outro, é como clamar por justiça usando meios que desrespeitam as leis, é algo sem credibilidade e é isso que falta para estes manifestantes ou indignados. Clamam por algo novo, mas vão votar nas mesmas figuras que comandaram a sujeira? Que, a cada dia, levam a economia para o buraco, com mais inflação e menos crescimento?
Alguns erros do passado já não podem mais ser corrigidos, mas daqui a 5 meses vamos decidir os próximos 4 anos e estas são as melhores vaias que existem.