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Uma economia fora da curva: China cresce 3,2% dentro do cenário da pandemia

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O ponto fora da curva no último foi a China que, no cenário catastrófico da crise gerada pela pandemia do coronavírus, ainda cresceu 3,2% no segundo trimestre e conseguiu crescer em 2020. O país teve uma resposta rápida ao vírus da covid-19, foi o primeiro país de contagio e o primeiro país a conter o surto do coronavírus. No mundo, 48 países entraram em recessão e, no primeiro trimestre, o PIB chinês caiu 6,8%, a maior recessão em 30 anos da oligarquia comunista.

A recessão nos três primeiros meses na China foi maior do que no restante do mundo, afinal, o país foi o primeiro e mais agressivo no processo de lockdown. O protocolo de quarentena foi tão forte no país que, em maio, a China colocou 108 milhões de pessoas em quarentena. A indústria, que é o platô principal da economia chinesa, teve uma recessão de 13,5%, a economia chinesa teve um apagão em dois meses. O investimento no país caiu 24,5%, os estímulos do mercado privado caíram 26,4% e o desemprego em dois meses subiu 6,3%.

Crescimento no segundo trimestre

O que ajudou essa alavancagem de crescimento no segundo trimestre foi a volta às atividades na indústria, o aumento do volume de vendas para o exterior e as exportações atingindo um ápice inacreditável. A indústria em abril, um mês depois da volta parcial das atividades, cresceu 32%. Outro ponto importante a comentar que pode ter ajudado os chineses é que os asiáticos sempre tiveram uma cultura de baixo consumo.

Em um cenário onde oferta e demanda de produtos de consumo tendem a aumentar devido à maior quantidade de pessoas em casa, com os chineses foi diferente. O consumo das famílias na China foi de apenas 39% do PIB, comparado ao restante do mundo, onde a média global foi de 63%. Mesmo em quarentena, os chineses consumiram bem menos que o restante do mundo e não sentiram forte impacto do mercado; assim, o varejo praticamente não sentiu tanto peso. A queda no varejo chinês foi de apenas 3%; se for comparar com o Brasil, o impacto foi quase nulo, já o Brasil regrediu 18,6 em abril.

Auxílio aos desempregados e manutenção dos empregos no país

Durante o lockdown na China, apenas 3% de 80 milhões de desempregados receberam auxilio desemprego no país. Houve um grande auxilio do governo em manter os empregos e fechar acordos com o setor privado para resguardar as famílias desamparadas. No comparativo ao ano anterior, os pedidos de auxílio-desemprego na China aumentaram 20%, já no Brasil, houve um aumento de 12,4% nos índices de desemprego, comparados com 2019, e um aumento de 53% de pedidos do auxílio-desemprego, comparando também com 2019. O governo decidiu manter o foco em reabrir as fábricas ao invés de comércio, bares e shoppings. O governo lançou uma estratégia e a noção de que é mais fácil seguir protocolos de saúde em fábricas e no setor da indústria, afinal são ambientes mais respeitados e não têm acesso ao público externo, além de serem o principal setor de sua economia.

Além disso, o governo, para manutenção dos empregos, investiu pesado em infraestrutura. O investimento em infraestrutura no país cresceu 15%, além dos subsídios fornecidos ao setor privado, que caíram 7%. O governo chinês respeitou e apoiou o setor privado. Li Keqiang disse que a prioridade do Estado era também de manter o setor privado, que, em 2020, gerou 90% dos novos empregos.

O que aprender com os chineses

De fato, não dá para bater de frente com os asiáticos: o custo baixo da mão de obra, uma legislação propícia ao trabalho escravo, um país onde o salário distribuído às famílias é tão baixo que mal dá para se manter. É um dos pilares chave para a economia chinesa; seria a mesma coisa que uma grande empresa trabalhar de forma informal e ter menos gastos com mão de obra e encargos. Bater de frente com outra empresa que tem suas obrigações trabalhistas e burocráticas e paga todos seus impostos é complicado.

Os chineses são mais organizados e parece que estão mais preparados para lidar com crises que os outros países, sejam elas financeiras ou sanitárias. Claro que o investimento em infraestrutura, diante de uma pandemia, em que a tendência é ter maior gasto, é apenas trocar “gato por lebre”; se o investimento em infraestrutura não for do setor privado, o governo está apenas gerando gastos. Porém, a maneira por que foi conduzido o lockdown e a medida protecionista de manutenção dos mercados e empregos foi de suma importância.

Gestão do Brasil na pandemia

O problema inicial do país foi uma resposta imediata e radical para o coronavírus. O governo ironizou o vírus durante um período, ao invés de definir medidas eficientes. A falta de ajuda aos municípios também foi um fator chave. Havia grande embate e discussão por parte dos governadores e o presidente sobre quem ditava as regras no país. Houve também a falta de testes para a população e para as empresas; a título de comparação, em grandes países houve um grande esforço do Estado em tentar quantificar a quantidade real de pessoas contaminadas logo no princípio. Essa resposta poderia ter facilitado na manutenção dos empregos. Houve um lockdown extremo, inúmeras empresas fecharam as portas e não houve teste nas empresas, podendo-se identificar o grupo de infectados e afastá-los, mantendo as portas abertas com medidas protetivas.

Foi um desgaste total e péssima gestão. Muitos podem dizer sobre o nível de contágio ter reduzido durante certo período, mas, se formos comparar planejamento e gestão, o governo federal deixou muito a desejar. Muitos embates e brigas enquanto o vírus se alastrava, empresas fechando e o desemprego aumentando. No final disso tudo, foi um “semi” lockdown de utilidade quase nula e reabriram os comércios.

É necessária a manutenção dos empregos, isso é incontestável, e também triste ver o numero de desempregados e a quantidade de empresas que fecharam; mas poderíamos ter salvado mais empregos e empresas se não tivesse ocorrido uma verdadeira “festa do caqui” num momento de sentar, planejar e fazer gestão.

Houve acertos também, por parte do governo. A manutenção das famílias com o auxilio emergencial, redução das horas trabalhadas nas empresas e suporte do governo às empresas na redução de carga horária, isenção de tarifas e tributos no período da pandemia, desburocratização trabalhista e suporte aos desempregados são alguns exemplos.

Paulo Guedes e o discurso de crescimento de 3% em 2021

Nosso ministro foi bem otimista em levantar uma bola sobre um crescimento baixo. Previu 3% para o Brasil em 2021. Se levarmos em consideração que este crescimento é relativo a uma regressão de um ano anterior, é bastante baixo. Outro ponto seria comparar com grandes economias que, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), podem crescer até 9%, e comparar com nosso vizinho Chile, que pode crescer 4,75% a 6,25%. A projeção feita pelo nosso ministro é muito baixa.

O Brasil é um país que não gera expectativa de crescimento para o investidor; somos um país especulador, o empresário ainda é inseguro com a política e economia do país. Para 2021, vai ter “pano para a manga”; as reformas que não foram aprovadas em 2020 ainda gerarão muita incerteza no mercado. As três grandes reformas que nosso ministro elencou foram inviáveis, tendo faltado sincronia do Congresso e do governo. O pior disso é que o cidadão fica refém do jogo de ego desses sanguessugas.

Será um ano duro, mas não se pode dar o braço a torcer – e sempre se deve lembrar que políticos são políticos. O indivíduo deve parar de tratar político como rei e cobrar o papel e obrigação do político, que é fazer gestão.

*Wadathan Felipe é graduando em Administração e Gestão Financeira, Coordenador do SFLB no Rio de Janeiro. Especialista no varejo, mercado e análises macro. Entusiasta de gestão, liberdade econômica e empreendedorismo. Liberal objetivista/chicaguista. Um ser humano bem critico com pensamentos inovadores. Liberal desde 2019, com primeiro contato com a Escola Austríaca e Adam Smith.

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Wadathan Felipe

Wadathan Felipe

Formado em Administração de Empresas e gestão financeira, associado do IFL - Instituto Formação de líderes, especialista no Instituto Millenium e alumni da Students For Liberty Brasil. Liberal clássico e entusiasta pela liberdade, economia e empreendedorismo. Um ser humano bem crítico com pensamentos inovadores.

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