Toque de Midas
ROBERTO GOMIDES*
O Governo brasileiro tem se empenhado em demonstrar toda sua inaptidão, justiça seja feita, a total desconexão com a realidade vem sendo sendo cultivada desde a constituição de 1988, que usou e abusou do direito positivo, para tentar parecer algo que não é, da mesma forma que revistas, algumas vezes, abusam do photoshop, para esconder as falhas naturais inerentes ao modelo utilizado.
Quem tem o prazer de sobreviver neste país já teve a oportunidade de conhecer, mesmo sem reconhecer, uma das consequências de se pretender prover tudo a todos, por meio de Leis: A escassez.
Diferente do que muitos pensam, a escassez não é ruim, muito pelo contrário, ignorá-la é o que justamente cria as distorções que atualmente afligem o nosso país, pois impede que o sistema de preços seja eficiente em regular a oferta e a demanda, equilibrando o consumo. Mas como, infelizmente, não sofremos de escassez de exemplos, cabe aqui elencar alguns:
Há 26 anos nossa Carta Magna estabeleceu que o direito a Habitação é universal, a forma mais comum de tentar alcançar esse objetivo é mascarar, por meio de subsídios, as taxas de juros para o crédito imobiliário, e o que temos hoje, é um défcit habitacional, em um país que corre o risco de ter uma bolha imobiliária.
No Brasil, todo o cidadão tem direito à saúde universal e o que temos hoje é a falta de leitos em hospital, ao mesmo tempo que os planos de saúde estão à beira de um colapso total e o único procedimento médico realmente grátis é o exame de próstata diário, que o brasileiro recebe involuntariamente pelo toque retal.
O fornecimento de água é uma concessão estatal e o resultado disso é que falta água na torneira ao mesmo tempo que pessoas usam caiaques para sair de casa quando chove, mas não podem usá-los na cantareira.
O Governo reduziu na canetada a conta de luz, ignorando os custos de investimento e operação das usinas e agora temos apagões, risco de racionamento e aumentos.
Para a minha tristeza, ainda posso citar o petróleo, que só é nosso, se “nosso” significar PT, PMDB e PP em Latim (ou latido), já que, durante a maior queda no preço do barril dos últimos anos, temos uma das gasolina mais caras do mundo, para compensar os preços artificias mantidos por motivações políticas.
De acordo com a mitologia Grega, Midas era um rei que,depois de amaldiçoado, tudo aquilo que tocava se tornava ouro, hoje temos um Governo “sadiM”, pois acontece exatamente o contrário: Todo ouro que toca desaparece ou, quem sabe, vai para a Suíça.
Poderia, ainda, citar o transporte público, a educação pública e muitos outros casos mal sucedidos de atuação governamental, mas a lógica é tão infantil e tão presente em quase todos os aspectos da vida cotidiana de um brasileiro assalariado, ou não, que prefiro compartilhar o misto de satisfação e consternação, que virá, quando, no dia a dia se propuserem a refletir de forma sincera, sobre o que acontece com o aquele ouro que é tomado todos os dias.
Enfim, nunca foi tão atual a célebre frase de Milton Friedman: “Se o Governo se propuser a vender areia no deserto, em poucos anos irá faltar areia.”
*Roberto Gomides é cristão, Analista de Finanças Públicas, Pós Graduado em Teoria Econômica moderna pela George Washington University e membro do Instituto Liberal.