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Thomas Jefferson, civilização e senso comum

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Common sense” ou “senso comum” é uma expressão que está intimamente ligada à “self-evident” ou “autoevidente”, sendo senso comum algo pertencente à nossa consciência; e autoevidente, às coisas da realidade, da qual a própria consciência faz parte.

A objetividade necessária para se estabelecer esta relação é de um grau baixo de complexidade. Não requer grandes elucubrações por serem praticamente axiomáticas. São verdades absolutas que não precisam nem de explicação, nem de provas da sua existência, pois elas são autoevidentes, irredutíveis, indivisíveis, que se reafirmam quando se tenta negá-las, bastando para sua compreensão que o observador seja dotado do senso comum que caracteriza os seres humanos normais, dotados de inteligência básica.

Um dos mais importantes parágrafos já escritos pelo homem, que se encontra nos anais da História, é aquele que define a visão metafísica dos homens comuns de uma época e que levou a Humanidade a um patamar superior de convívio social, que define exatamente o que é uma sociedade civilizada e quais a ética e o sistema político mais adequados para a nossa natureza como seres humanos, indivíduos racionais, que entenderam conceitos simples como propósito, liberdade, paz, justiça e felicidade.

Este parágrafo icônico, escrito por Thomas Jefferson, um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos da América, pode ser lido na Declaração de Independência de 1776, e dizia:

“We hold these truths to be self-evident: that all men are created equal; that they are endowed by their Creator with certain unalienable rights; that among these are life, liberty, and the pursuit of happiness.” ou “Nós consideramos essas verdades como autoevidentes: que todos os homens são criados iguais; que eles são dotados pelo seu Criador com certos direitos inalienáveis; que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade.”

Apesar de ser verdadeira a assertiva, na prática, o senso comum de boa parte da sociedade americana não considerava autoevidente que os negros eram seres iguais aos que os tinham como propriedade. Da mesma maneira, as mulheres não eram contempladas com todos os direitos inalienáveis que os homens citados no parágrafo possuíam.

A riqueza desse texto consiste em que ele se manteve intacto; o que mudou foi a visão metafísica da sociedade, foi o senso comum que percebeu o que sempre foi autoevidente: que negros e mulheres também são seres humanos dotados dos mesmos direitos inalienáveis, tanto quanto qualquer outro.

Homens são diferentes das mulheres como brancos são diferentes dos negros, mas isso se dá apenas no nível mais básico dos nossos sensos. Se usarmos um pouco mais da nossa capacidade cognitiva, se formos além da nossa simples percepção e entrarmos no campo dos conceitos e das abstrações, veremos que as diferenças existem, mas, para fins éticos e políticos, elas são totalmente irrelevantes.

Os regimes socialistas tentam equiparar os indivíduos através da força, não de seus direitos, que acabam sendo negados, levando a sociedade a um estado de servidão universal, baseado no cumprimento do dever e na absoluta obediência à autoridade que estiver no comando. O que distingue determinados seres de outros é sua posição de poder, conquistada através da coerção ou por privilégio concedido por quem pode.

O regime capitalista tenta equiparar não os indivíduos, mas os direitos que eles possuem universalmente. A coerção é usada para libertar cada indivíduo para poder, conforme suas idiossincrasias, usar suas qualidades peculiares para criar valor para si. Cada um criando valor para satisfazer seu autointeresse de forma racional favorecerá a que a sociedade na totalidade floresça e prospere.

O sistema capitalista acabou permitindo que negros e mulheres passassem a viver como indivíduos dotados de direitos inalienáveis. Os sistemas socialistas, apesar de tratarem aparentemente a todos como iguais, negam o que para os capitalistas é autoevidente e de senso comum: que todos possuem direitos individuais inalienáveis, mas sim uma existência concedida pelo estado, para servirem ao estado e obedecerem ao estado.

Sobre a ideia de um Criador, eu penso que se enquadra na mesma visão metafísica primitiva, que via negros e mulheres como seres inferiores, distintos dos demais seres humanos, coisa que o Iluminismo tentou combater, mas fracassou.

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Roberto Rachewsky

Roberto Rachewsky

Empresário e articulista.

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