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O que é dinheiro?

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As pessoas estão em constante busca por satisfazer suas necessidades, porém, é muito difícil atualmente que consigamos satisfazer nossas necessidades sozinhos. É impossível que uma única pessoa produza tudo que precisa para ter uma vida minimamente moderna: não é possível obter tempo e muito menos todo o conhecimento necessário para aprender a produzir tudo (HAYEK, 1945). É natural que cada pessoa seja mais eficiente em alguma tarefa do que em outras, de forma que as pessoas se especializem em tarefas diferentes (MISES, 2008).

Em algum momento, os humanos perceberam que é mais vantajoso que cada um faça aquilo que sabe fazer melhor e depois troquem entre si do que cada um tentar fazer tudo (MISES, 2008). Pense: quantas das coisas que você tem foram feitas por você? Nosso padrão de vida exige que um número incontável de pessoas coopere entre si para produzir os bens que utilizamos. O escambo nada mais que é uma forma de fazer as pessoas cooperarem entre si. Em resumo, escambo significa troca direta (MISES, 2013).

Vamos a um exemplo: suponha que João seja um carpinteiro, especialista em fabricar móveis de madeira. Esse é um serviço demorado e não resolve todas as necessidades de João. Ele tem suas necessidades alimentares, por exemplo, e isso não será resolvido fabricando móveis, ou seja, ele precisa adquirir comida e outros diversos bens de outras fontes que não sejam a sua própria produção. Produzir comida também é custoso e demorado, dificultaria a que João realizasse as duas atividades. No entanto, a fazendeira Luana  – que trabalha no plantio  – está querendo novos móveis para mobiliar sua casa. Então, João irá trocar seus móveis por uma quantidade de comida que Luana cultiva em sua fazenda. Perceba que o comércio é uma via de mão dupla: assim como João precisa dos serviços de Luana, porque seria inviável realizar os dois trabalhos sozinho, Luana precisa dos serviços de João, porque também não pode fazer tudo sozinha. Isso foi um exemplo considerando apenas duas pessoas, mas, no mundo real, essa lógica se expande para muitas pessoas fazendo comércio entre si, uma grande rede. Chamamos esta grande rede de mercado.

Um exemplo atual de escambo é o que ocorre em pontos de troca de figurinhas: você troca uma figurinha repetida por uma que você não tem, e a outra pessoa troca uma repetida dela pela sua figurinha. Com essas trocas, ambos podem chegar mais perto de completar seu álbum. Contudo, o escambo é uma troca direta de um produto por outro sem utilizar moeda, mas existem algumas dificuldades que surgem disso e a principal dificuldade é que, para que o escambo ocorra, é necessário existir uma coincidência de desejos, i.e., você precisa desejar o que o outro tem e ele precisa desejar o que você tem. Obviamente isso acaba por restringir muito a possibilidade de trocas. Como vimos, trocas acontecem quando as pessoas cooperam, portanto, qualquer dificuldade que apareça nesse processo irá atrapalhar as pessoas de cooperarem entre si para que suas necessidades sejam satisfeitas. O escambo surgiu para resolver um problema de ordem maior, mas ainda deixa alguns problemas menores, o que necessita de uma nova solução. Algo que permita que as trocas sejam realizadas de maneira indireta. Por essa razão, surgiu o dinheiro (MISES, 2013).

O dinheiro veio para facilitar o escambo e resolver as dificuldades que existiam com as trocas diretas. O dinheiro funciona como uma espécie de vale-presente universal, onde o comércio pode acontecer mesmo que os clientes não tenham em mãos o que os comerciantes desejam. Não é mais necessário que os desejos das duas partes coincidam entre si. Dessa forma, é possível que uma pessoa faça comércio com qualquer outra. Agora todos podem cooperar entre si. Lembre-se: as trocas acontecem para que as pessoas consigam aquilo que elas precisam (pois não conseguem produzir tudo sozinhas), logo, facilitar este processo significa facilitar o atendimento das necessidades humanas. Portanto, dinheiro é aquilo usado como meio comum de troca (MISES, 2013).

O dinheiro pode ser qualquer coisa, contanto que ele seja escasso e as pessoas o aceitem como moeda de troca. O dinheiro já foi, por exemplo: sal (daí vem o termo salário), tabaco, conchas, inclusive já foi pedras (Ilha Yap) dentre diversas outras coisas. Porém, no processo evolutivo de mercado, dois metais preciosos foram escolhidos por várias civilizações como moedas de troca. Esses metais foram o ouro e a prata.

Para um dinheiro ser considerado bom, ele precisa atender a essas quatro características:

  • Aceitabilidade: precisa ser aceito pelas pessoas. Afinal, caso ninguém o aceitasse em troca de seus produtos, ele não serviria;
  • Divisibilidade: o dinheiro precisa poder ser dividido em unidades menores. Exemplo: 100 Leonscoins, 50 Leonscoins, 20 Leonscoins, 10 Leonscoins, 1 Leonscoin, 50 Leonscents etc.;
  • Servir como reserva de valor: para ser bom, o dinheiro não pode perder seu valor rapidamente, isto é, se ele perde a maioria do seu poder de compra em poucos meses, ele é considerado um dinheiro ruim, pois desvaloriza muito rápido;

Vejamos via um exemplo como o dinheiro facilita a vida das pessoas:

João fabrica móvel e os vende por determinada quantia e, com esse dinheiro, compra o que ele precisa. As pessoas de quem ele irá comprar irão precisar do dinheiro para comprar outros produtos, então fica muito mais fácil realizar as trocas voluntárias – em outras palavras, facilita na cooperação entre pessoas. João não precisa que uma pessoa específica deseje seus móveis. Ele só precisa que alguém com dinheiro deseje seus móveis para que ele possa vendê-los, e assim por diante.

Caso não pudéssemos trocar nosso atual dinheiro por outros produtos ou serviços, não passaria de papel pintado. Ele tem valor porque as pessoas o aceitam como moeda de troca. O valor do dinheiro vem do que você pode comprar com esse dinheiro. Caso as pessoas parassem de aceitar esse dinheiro, seu valor iria cair muito, chegando próximo de zero.

Referências

HAYEK, F.A. “The Use of Knowledge in Society”. American Economic Review, 1945.

MISES, L. H. E. von: Human Action: A Treatise on Economics. 4th Rev ed. San Francisco: Fox & Wilkes, 2008.

________________:The Theory of Money and Credit. New York, NY: Skyhorse Publishing, 2013.

*Gabriel Almeida Braga é Bacharel em Administração de Empresas e fundador da iniciativa Economia para Iniciantes.

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