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O Efeito Cantillon – Quem se beneficia com a inflação?

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Richard Cantillon (1680–1734) foi um economista franco-irlandês conhecido por descobrir o efeito que ficou conhecido como “Efeito Cantillon” e também por ser o autor da obra Essai sur la Nature du Commerce en Général (Ensaio sobre a Natureza do Comércio em Geral), livro considerado por William Stanley Jevons como “o berço da economia política.”

Cantillon teve grandes contribuições para as Ciências Econômicas. Entre suas contribuições, estão: sua metodologia de causa e efeito, sua concepção do empreendedor como tomador de risco e o desenvolvimento da economia espacial. Sua obra teve grande influência sobre nomes fundamentais para o desenvolvimento do pensamento econômico, como, por exemplo, Adam Smith, Anne Turgot e François Quesnay.

Poderia adentrar mais na história de Cantillon, porém irei focar em uma de suas mais importantes ideias, o Efeito Cantillon.

O nome do efeito é uma homenagem do economista Mark Blaug ao desenvolvedor da teoria. O efeito diz que, ao contrário do que muitos acreditam, os preços não sobem automaticamente após o aumento da oferta de moeda, e muito menos de forma igual. O que acontece, na verdade, é que as pessoas que recebem o dinheiro novo primeiro terão um aumento temporário do poder de compra, às custas de quem receber por último. As últimas pessoas a receberem esse dinheiro terão uma perda significativa do poder de compra. Os preços também não subirão de forma igual, já que as pessoas que recebem o dinheiro primeiro irão gastar com bens específicos, o que faz com que os preços de alguns bens e serviços subam mais que os preços de outros bens e serviços.

O economista austríaco F.A. Hayek comparou expandir a oferta monetária com derramar mel no centro de um pires:

“Se você derramar mel no centro de um pires, ele não se espalhará uniformemente logo de cara. Ele se aglomerará no meio do pires antes de se espalhar.”

O professor Ubiratan Jorge Iorio em sua obra Ação, Tempo e Conhecimento, explica esse fenômeno de forma sucinta:

A ideia central é que o dinheiro novo entra em um ponto específico do sistema econômico e, sendo assim, ele é gasto em certos bens e serviços específicos, até que, gradualmente, vai-se espalhando por todo o sistema, assim como um objeto qualquer, ao ser atirado na superfície de um lago, forma círculos concêntricos com diâmetros progressivamente maiores, ou como quando se derrama mel no centro de um pires e ele vai-se espalhando a partir do montículo que se forma no ponto em que está sendo derramado (analogias, respectivamente, de Mises e Hayek). Por isso, alguns gastos e preços mudam antes e outros mudam depois e, enquanto a mudança monetária — digamos, uma expansão do crédito — for mantida, sua irradiação para gastos e preços persiste em movimento (IORIO, 2011, p. 134).

Murray Rothbard, em seu livro O Que o Governo Fez com Nosso Dinheiro, conclui:

“A inflação, portanto, não gera nenhum benefício social; ao contrário, ela redistribui a riqueza para aqueles que obtiveram primeiramente o dinheiro recém-criado, e tudo à custa daqueles que o recebem por último. A inflação é, efetivamente, uma disputa — uma disputa para ver quem obtém antes dos outros a maior fatia do dinheiro recém-criado” (ROTHBARD, 2013, p.48 e 49).

Referências

IORIO, Ubiratan Jorge. Ação, tempo e conhecimento: A Escola Austríaca de economia. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises. Brasil, 2011.

ROTHBARD, Murray N. O que o governo fez com nosso dinheiro. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises. Brasil, 2013.

*Gabriel Braga é Bacharel em Administração de Empresas e fundador do canal Economia para Iniciantes

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