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Resenha: “Os erros fatais do socialismo”

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As ideias socialistas trazem um discurso repleto de boas intenções com o desejo de ajudar aqueles que mais precisam e de não enxergar cada ser humano como um indivíduo, mas como o coletivo ao qual ele pertence. É preciso compreender as ideias socialistas para perceber quão perigosas são quando executadas e ter insumos suficientes para refutá-las. Nesse contexto, Hayek talvez seja uma das pessoas mais indicadas para contestar o discurso socialista, pois, no início de sua carreira,foi socialista e crítico dos defensores do livre mercado. Mas, após ter contato com obras de Ludwig von Mises, sua principal influência, percebeu que a economia socialista era fadada ao fracasso e se tornou um dos principais expoentes da Escola Austríaca de Economia.
 
Friedrich August von Hayek nasceu em Viena em 8 de maio de 1899 e obteve doutorados em Direito e em Ciência Política, ambos pela Universidade de Viena. Em abril de 1947, Hayek reuniu um seleto grupo de economistas, historiadores, filósofos e outros estudiosos de assuntos públicos da Europa e dos Estados Unidos para discutir as crises da época, fundando a Sociedade Mont Pèlerin. Autor de vários livros, entre os quais O caminho da servidão e A teoria pura do capital, Hayek é considerado um dos maiores economistas do século XX, recebendo em 1974 a honraria do Nobel de Economia.

Em sua obra Os erros fatais do Socialismo, Hayek traz pontos que elucidam o motivo de o socialismo não funcionar na prática. Segundo o próprio autor, o principal objetivo de sua obra é demonstrar que o socialismo, apesar de ser um dos principais movimentos políticos da época, é uma grande ameaça, não só ao padrão de vida, mas à própria vida de grande parte dos indivíduos. No início do livro, é feita a reflexão sobre o que existe entre o instinto e a razão, onde o autor traz a crítica de que muitos consideram a não existência de algo entre eles, mas de forma coerente demonstra que, após o instinto, vêm os costumes e as tradições, que antecedem a razão. Dessa forma, no início da vida do indivíduo, ele age de acordo com seus instintos, porém, ao longo de seu desenvolvimento, acaba tendo percepções sobre o ambiente que o rodeia e passa a agir por meio da imitação, o que pode ser entendido como costumes e tradições, e é a partir daí que desenvolve a sua razão e consciência mental. Ignorar isso pode gerar uma compreensão errônea sobre a razão, o que é certo e o que é bom, levando a um declínio das relações entre os indivíduos e deles consigo mesmos.

Hayek afirma que não foram a inteligência e o cálculo racional que promoveram a evolução da cultura e civilização, mas sim a moralidade e a tradição, reforçando seu argumento com uma breve contextualização histórica sobre as origens da liberdade, da propriedade e da justiça. O autor afirma que “a evolução do direito individual consiste, em grande medida, em tornar possível a existência de associações voluntárias sem poder compulsório”. Porém, ampliação dessas ordens espontâneas pode chegar ao ponto de transformá-las em organizações deliberativas, nas quais a economia do indivíduo acaba sendo substituída por um controle centralizado.

Mantendo-se a reflexão histórica, cabe-se comentar a evolução do mercado, ressaltando que a existência do comércio é tão longínqua que precede até mesmo a origem do Estado. O autor afirma que os indivíduos, utilizando  seus costumes e tradições, promoveram a expansão territorial, mesmo com mais barreiras do que incentivos dos governos ao longo da história, que está cheia de exemplos de poderosos governos que criaram formas de prejudicar a melhoria espontânea e atrapalhar o processo de evolução cultural da civilização. A cegueira de grandes intelectuais ao longo da história foi criando visões embaçadas sobre a importância da lucratividade para a evolução das atividades humanas, com o mercado habilitando o indivíduo a utilizar seus conhecimentos para fins próprios de sustento. Sendo assim, passou-se a ter um domínio da teoria social pelo pensamento socialista.

Segundo Hayek, muitos desses intelectuais exibem um pensamento socialista ao acreditar que a evolução da civilização é devida ao planejamento deliberado e não à tradição e ação do próprio indivíduo. Para o autor, “isso leva à disposição favorável ao planejamento e ao controle econômico central que está no coração do socialismo”. O combate a isso é limitar o papel do governo, que não é o de criar restrições com fins concretos comuns, mas sim definir regras abstratas que zelam pela liberdade do indivíduo e o proteger da coerção praticada por outros, pois somente assim é possível ter a liberdade real. Esse pensamento baseado na moralidade tradicional e no capitalismo foge do racionalismo construtivista e das ideias socialistas, então é apontado por simpatizantes destes últimos como sendo irracional e anticientífico. A desmistificação desse preceito para os indivíduos da sociedade se torna complexa quando os sistemas educacionais seguem com afinco os cânones mecanicistas, cientificistas e construtivistas de racionalidade.

Os idealistas do socialismo pregam a aversão à ordem livre do mercado, tratando o lucro como algo ruim e prejudicial para o coletivo. Segundo Hayek, entre os fatores para tal aversão, podem estar simplesmente a ignorância e dificuldade de entendimento sobre economia e funcionamento do mercado e a incompreensão sobre o dinheiro e a teoria monetária. Os constantes ataques ao acúmulo de bens pelo indivíduo e a propriedade privada, por aqueles que falsamente se dizem amantes da liberdade, têm provocado o crescimento cada vez mais intenso de uma mentalidade anticapitalista e opressão àqueles que realmente geram a riqueza das nações e promovem a evolução da civilização.

Dessa forma, para que a evolução humana continue acontecendo de forma saudável, é necessário que o indivíduo tenha a liberdade de lutar por si e conquistar seu sustento, sem que haja amarras do Estado e a pregação de que o coletivo, a sociedade em si, é maior do que o próprio indivíduo. Para que isso aconteça, faz-se necessário que cada indivíduo da população tenha a mentalidade de que a ordem livre do mercado e a liberdade do indivíduo devem prevalecer sobre as ideias socialistas e de coerção regulamentada. Sendo assim, o livro Os erros fatais do Socialismo tem um grande papel de orientação sobre a importância da liberdade e dos perigos dos ideais socialistas.

*Hermes Vinícius Fim – Associado Trainee do Instituto Líderes do Amanhã.

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