fbpx

Resenha do livro: A revolta de Atlas

Print Friendly, PDF & Email

Em A Revolta de Atlas, cuja primeira publicação é datada em 1957, Ayn Rand reforça valores morais do sistema filosófico criado por ela, conhecido como Objetivismo. A autora nasceu em São Petersburgo em 1905 e, após se formar em pedagogia social na Rússia, se mudou em 1926 para os Estados Unidos, onde iniciou e desenvolveu a sua carreira como escritora, dramaturga, roteirista e filósofa.

Dentre as obras de maior reconhecimento de Ayn Rand, destacam-se os romances Cântico (1938), A Nascente (1943) e A Revolta de Atlas (1957), este último considerado pela Biblioteca do Congresso americano como o segundo livro mais influente dos Estados Unidos, atrás apenas da Bíblia. Nesse clássico, os empreendedores e inovadores, que acreditam na mudança de suas vidas através do próprio esforço, suportam o peso de uma sociedade decadente. Enquanto isso, são explorados por parasitas que não reconhecem o valor do trabalho e da produtividade, burocratas que se valem da mediocridade e da corrupção, o que impede o progresso individual e social.

Nessa perspectiva Rand utiliza de personagens heroicos em a Revolta de Atlas para expressar valores éticos da sua filosofia, sendo eles: Francisco D´Anconia, Dagny Taggart, Hank Rearden, Ragnar Danneskjold e o personagem principal, John Galt. Em todos eles, é possível identificar ideais éticos como racionalismo, ambição, egoísmo e liberdade individual. Por outro lado, os antagonistas são críticos desses valores, ao defenderem, sobretudo, o altruísmo coletivista.

O racionalismo é para Rand, o grande promotor de geração de riqueza pelo homem. No decorrer da obra, a autora contrapõe habilidades intelectuais à força física, evidenciando que os grandes empreendimentos criados por seres humanos são frutos da inteligência e não dos músculos.

Menos claro para o senso comum, o egoísmo é outra característica marcante nos protagonistas do romance. Rand mostra que cada ser humano tem por objetivo sua própria felicidade e, para alcançá-la, deve procurar os seus próprios meios, sem depender de terceiros. Em contrapartida, não é esperado que esta pessoa seja responsabilizada pela felicidade de outro indivíduo. Importante destacar que o egoísmo trazido pela autora não admite violência, sendo o capitalismo de livre mercado o meio para manifestá-lo.

A história se passa em um futuro não identificado, em uma configuração de mundo em que os Estados Unidos são o último país com relativa liberdade para empreender. Nessa época, as demais nações já haviam se tornado “Repúblicas Populares”, uma clara crítica da autora a regimes coletivistas e socialistas. Nessas repúblicas, a propriedade privada não é respeitada, uma vez que os empreendedores não dispõem de modo absoluto das suas produções e invenções. Toda a produção deve ser direcionada para o bem-estar social.

No início da trama, os protagonistas são pessoas produtivas, talentosas e motivadas em suas posições, obtendo, assim, dinheiro e sucesso pelo fruto do seu trabalho. No entanto, conforme a história vai avançando, os antagonistas formam um conluio, que se vale de manobras e posições políticas, fazendo com que o fruto da produção pare na mão de terceiros.

Esses antagonistas são pessoas sem talento, corrompidas ou preguiçosas que buscam viver à custa do trabalho dos outros. Para isso, utilizam discurso altruísta e conseguem fazer com que os empresários produtivos carreguem todo o peso dos problemas existentes na sociedade.

Esse grupo assume o governo e começa a implementar sua ideologia que obriga todos a trabalharem por todos. Diante desse cenário, os personagens produtivos começam a se revoltar e abandonar seus postos de trabalho, suas indústrias e suas vidas. Eles simplesmente somem, deixando sem chão os burocratas improdutivos que dependem da produção alheia para sobreviver. Com essas ausências, a nação norte-americana começa a enfrentar diversos problemas de funcionamento, devido à falta de produtividade e desabastecimento de produtos e serviços.

O local de destino desses empresários só é revelado ao final da obra. Trata-se de um vale desconhecido idealizado por John Galt, uma propriedade privada na qual somente indivíduos selecionados poderiam entrar. No Vale de Galt, os indivíduos poderiam usar, gozar e dispor de suas produções através de trocas voluntárias. Os conflitos, caso ocorressem, seriam resolvidos de forma racional entre eles, embora também houvesse a figura de um juiz, como árbitro, caso fosse necessário.

Com essa greve das mentes mais brilhantes e produtivas, Galt tinha a intenção de demonstrar à sociedade que empresários não são inimigos, mas impulsionadores do progresso. Ele obtém êxito nesse objetivo, ao explanar seus pensamentos e valores para a população, em um amplo discurso na rádio. Galt chama a atenção para o fato de tudo estar piorando, à medida que o estado aumenta o controle sobre os indivíduos à custa de suas liberdades.

Aliás, os protagonistas fazem discursos marcantes no decorrer da obra. Além da fala de Galt, destaque para o discurso sobre o dinheiro do jovem empresário Francisco D´Anconia. O empreendedor refuta a ideia de que o dinheiro é origem de todo o mal, sendo um instrumento de troca, que só existe quando há bens produzidos por homens capazes de produzi-los. E completa, “quem aceita dinheiro como pagamento por seu esforço só o faz por saber que será trocado pelo produto do esforço de outrem. Não são os pidões nem os saqueadores que dão ao dinheiro o seu valor”.

Não menos impactante é o discurso do siderúrgico Hank Rearden em um tribunal, enquanto era julgado por negociar em excesso o seu metal. A acusação era baseada no volume de negociação permitido, pelo governo, de um metal inventado pelo próprio empresário, após anos de trabalho, estudo e investimento. Rearden não reconhece a moralidade dessa sanção e expõe a sua defesa da propriedade privada. Também afirma objetivar lucro e acreditar que a sua atividade impacta indiretamente a sociedade, através da geração de empregos e aumento da produtividade de diversos setores que utilizam do seu metal.

Em resumo, a obra traz diversos elementos que nos fazem refletir sobre a nossa sociedade atual. Valores como liberdade, propriedade privada, responsabilidade individual e economia de mercado são questionados em detrimento de um bem-estar social coletivista e altruísta. O livro traz uma riqueza de detalhes que faz com que o leitor consiga enxergar os diferentes estágios de uma sociedade em decadência.

A Revolta de Atlas diz muito sobre a origem da riqueza dentro de uma sociedade e como valores que nos levam a essa produtividade foram deturpados ao longo dos anos. Incrível, e ao mesmo tempo assustador, notar o quão atual a obra continua sendo, mesmo depois de tantos anos da sua publicação.

*Thiago Garcia – Associado I do Instituto Líderes do Amanhã.

Faça uma doação para o Instituto Liberal. Realize um PIX com o valor que desejar. Você poderá copiar a chave PIX ou escanear o QR Code abaixo:

Copie a chave PIX do IL:

28.014.876/0001-06

Escaneie o QR Code abaixo:

Instituto Liberal

Instituto Liberal

O Instituto Liberal trabalha para promover a pesquisa, a produção e a divulgação de ideias, teorias e conceitos sobre as vantagens de uma sociedade baseada: no Estado de direito, no plano jurídico; na democracia representativa, no plano político; na economia de mercado, no plano econômico; na descentralização do poder, no plano administrativo.

Pular para o conteúdo