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Por que você deveria ler “Os erros fatais do socialismo”?

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O economista Friedrich A. Hayek, nascido em 1899 e naturalizado britânico, é conhecido como um dos grandes nomes do liberalismo e da Escola Austríaca. Autor de importantes obras, incluindo O Caminho da Servidão e A Constituição da Liberdade, recebeu o Prêmio Nobel em 1974 em virtude de suas contribuições para os estudos relacionados às flutuações na economia e à teoria monetária. Em 1988, Hayek escreveu o livro Os erros fatais do socialismo, com o objetivo de construir um entendimento e demonstrar que as premissas em que o socialismo se baseia são falsas. O livro abrange e reflete o verdadeiro significado de conceitos e práticas que habilmente aceitamos como verdades.

A obra de Hayek não se limita a evidenciar ou testar hipóteses falhas, mas desenha uma linha evolutiva que apresenta, de forma histórica e interconectada, os fundamentos que norteiam o progresso do homem, do mercado e das relações entre ambas as partes. Nesse processo, conceitos antigos são repensados e novas definições são atribuídas, como é o caso da expressão “ordem ampliada”, que é tratada com frequência como o único sistema capaz de promover não apenas o desenvolvimento, mas também a sobrevivência de todos os indivíduos.

Dentro desse sistema econômico, fica claro que o aproveitamento das habilidades individuais, a produtividade e a geração de riqueza são alguns dos benefícios que decorrem dele e que transcendem a ingênua crença de que uma visão individual seja capaz de planejar ou controlar todas as questões complexas da economia.

Essa ingenuidade é muitas vezes, fruto do conhecimento dissipado por cientistas, que, embora concordem que toda evolução que se desenvolveu até o momento ocorreu por um processo de ordem espontânea, recorrem à razão humana – decisões resultantes de planejamento e controle – para explicar e fundamentar os rumos do desenvolvimento futuro, que seguramente é tão ou mais complexo que os processos primórdios da evolução.

Inclusive, o amontoado de raízes temáticas – racionalismo, empirismo, positivismo, utilitarismo – que produz essa linha que Hayek chama de construtivismo e cientificismo criou a impressão de que apenas aquilo que é racionalmente justificável, observado, examinado e comprovado deve merecer crédito. Esse pensamento ignora as tradições morais que criaram e ainda geram elementos importantes da humanidade e da cultura.

Uma das falácias abordadas na obra e diretamente ligadas ao socialismo é o controle de preços. Essa tentativa de controlar e ajustar o mercado é rasa e ineficaz em inúmeros aspectos, mas, possivelmente, sua consequência mais danosa é ocasionar a falta de produtos no mercado ao invés de permitir o maior acesso a eles, como seria o objetivo inicialmente planejado.

Para evitar que o controle de preços cause escassez de oferta, outras premissas devem ser consideradas. O próprio desenvolvimento dos preços está fortemente vinculado ao desenvolvimento do comércio, que, por sua vez, depende diretamente da existência da propriedade separada, ou propriedade privada, como usualmente é falado. Em suma: a ordem ampliada necessita de todas as premissas em prática: mercado, comércio, política de livres preços e propriedade separada. A inexistência de uma ou parte delas não permite a fluidez e o funcionamento do sistema e se aproxima dos dogmas socialistas, que, em sua execução, não permitem a prosperidade dos indivíduos.

Válido recordar o exemplo do Império Romano, que começou seu declínio quando a administração central começou a destituir a livre iniciativa. Similarmente, no Egito, a partir da quinta dinastia, quando a propriedade privada, antes inviolável, começou a ser questionada, houve uma decadência que culminou em uma estrutura centralizadora similar ao que hoje se conhece como socialismo, na oitava dinastia, e que perdurou por dois mil anos seguintes, explicando inclusive a estagnação observada durante esse período, em contraste com o desenvolvimento anterior.

A propriedade separada, bem como todas as implicações que ela traz – incluindo propriedades intelectuais e patentes – permite um estímulo maior aos indivíduos em desenvolver e antecipar soluções, criar tecnologias, aumentar a prosperidade, otimizar recursos e agregar valor em efeito cadeia. Isso ocorre porque a garantia dos direitos e benefícios do uso exclusivo por um período determinado de tempo é assegurada.

Hayek também nos alerta para a importância da linguagem e como ela pode ser usada como um instrumento de sedução e propagação de ideias pelos socialistas, por meio de expressões como “luta de classes” ou “justiça social”, animismo e a personificação da palavra sociedade. Os riscos da linguagem baseada em uma teoria errônea são a geração e perpetuação do erro. Até o próprio conhecimento aristotélico é fruto dessa reflexão, pois, embora sejam reconhecidas as contribuições de Aristóteles, é necessário refletir sobre suas limitações, sobretudo quando falamos de evolução, um tema desconsiderado no conhecimento gerado pelo filósofo grego.

Em resumo, Friedrich Hayek discorre sua crítica contra o socialismo pautado na história evolutiva da humanidade, do comércio e da propriedade privada, ao argumentar que apenas o capitalismo foi capaz de lidar com a complexidade da economia, bem como defender a liberdade individual, elemento fundamental ao qual o socialismo se torna antagônico ao priorizar o controle do Estado.

*Elimar Lorenzon é Associado Trainee do Instituto Líderes do Amanhã.

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