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Reforma do Ensino Médio: liberdade para escolher

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Márcio Andrade*

O projeto de reforma no Ensino Médio causou-me boa impressão, principalmente se confirmadas mudanças que permitem ao aluno a liberdade para escolher algumas disciplinas.

Esta nova prática pode dar oxigênio ao ambiente escolar onde o atual modelo possui características que dificultam o interesse do alunado, tais quais:

– Imposição de disciplinas e conteúdos programáticos;

– ‘Conceitos’, que nivelam os melhores alunos aos piores;

– Doutrinação ideológica permanente;

– 50% de evasão.

Afinal, a quem interessa que o Ensino Médio continue exatamente como está? Será que os alunos não merecem a possibilidade de fazer escolhas e singrar os próprios caminhos?

Caso realmente sejam implementadas alterações no E.M., nascem pelo menos expectativas com relação a melhoras nesta estrutura. A escola (e refiro-me à pública) anseia por sair de um modelo engessado, chato e ideologizado para buscar visões com matiz científico e plural. E mais: quem ganha protagonismo no processo é o aluno.

Vejo, entretanto, algumas pessoas compartilhando informações equivocadas sobre a mudança, uns para imitar professores que costumam agir de forma radical, outros pela falta de leitura da nova proposta, criando barreiras evidentes à compreensão adequada.

Dizem, por exemplo, que Filosofia, Ed. Física e Artes serão extintas do Ensino Médio. Isto não procede. Essas cadeiras continuarão existindo, exatamente como antes, mas com a possível diferença de que o aluno poderá optar por cursá-las, de acordo com o interesse pessoal.

Também confundem ‘Filosofia’ com ‘pensamento crítico’, considerando ambas a mesma coisa. Não percebem que a primeira é uma das ferramentas que podem levar ao segundo; aquela é meio, este é fim. O erro reafirma-se no mantra ‘sem Filosofia na escola, não há pensamento crítico’, o que denota as seguintes conclusões absurdas:

– A Filosofia será proscrita dos colégios;

– Outras disciplinas (Língua Portuguesa, História, Geografia, Matemática, Ciências, etc.) não acrescentam nada para a formação crítica do aluno;

– No Ensino Fundamental (onde não há Filosofia) inexiste pensamento crítico.

Fato é que a simples ideia da liberdade para escolher está gerando crise existencial em setores educacionais – normalmente de esquerda – e debates em nível pedagógico que deveriam remeter a teorias conhecidas, estatísticas (precisas ou quase), comparações, exemplos práticos, informações científicas disponíveis para indicar falhas na proposta, descambam para considerações irrefletidas ou achismos.

Some-se a isto o anacrônico discurso anticapitalista ou o ‘fora-Temer’ como clichê-vacina ao vírus que rompe a zona de conforto. Emerge aquele primarismo refratário ao novo, agora vestido de patrulha ideológica.

Direito de escolha implica não só decidir por si o próprio destino, mas quebrar grilhões com aqueles que se julgam no direito de conduzir o outro sem ao menos dar-lhe opção de querer. Nossos alunos não precisam de um cérebro central que pense por eles. Os educandos não constituem uma ‘tábula rasa’ na qual o conhecimento deve ser depositado… e os movimentos, conduzidos.

Epicteto, nascido em Hierápolis (atual Turquia) em 55 d.C., foi escravo, e, não obstante, por intermédio do livre-pensar, tornou-se um dos maiores filósofos da humanidade. Dizia que ‘as coisas se dividem em duas: as que dependem de nós e as que não dependem de nós. Dependem de nós o que se pensa de alguma coisa, a inclinação, o desejo, a aversão e, em última palavra, tudo que é obra nossa. Não dependem de nós o corpo, a posse, a opinião dos outros, as funções públicas, e, numa palavra, tudo que não é obra nossa. O que depende de nós é, por natureza, sem impedimento, livre. O que não depende de nós é fraco, escravo.’

Tenhamos coragem para implementar mudanças, fazendo o que ‘depende de nós’, sabendo que haverá dificuldades, porém acreditando em uma educação melhor, mais livre e democrática para todos os alunos.

 

Sobre o autor: Márcio Andrade é professor da rede pública estadual em Pelotas (RS).

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