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Quanto custa a gasolina?

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BERNARDO SANTORO*

A gasolina vai aumentar. O governo diz que não será um aumento automático. De certa forma todos já tem uma ideia de que o aumento da gasolina representa o encarecimento de vários outros produtos e serviços, especialmente os que trazem embutidos os custos de transporte. Para o cidadão de classe média que usa carro, prepare o bolso.

O mais interessante é que os acionistas da Petrobras esperavam um aumento ainda maior, o que fez a empresa perder mais de 20 bilhões de reais em valor de mercado somente anteontem. O governo brecou um aumento maior com medo do desgaste político e da inflação. Pelo menos, nesse sentido, os consumidores, que não querem aumento nenhum de preços, ficaram aliviados, afinal, melhor um pequeno que um grande prejuízo.

Mas, afinal, qual o preço justo da gasolina? Quem estão certos: os investidores, que querem mais lucros e preços maiores; o governo, que quer um preço moderado que dê algum lucro mas não o desgaste junto à opinião pública; ou os consumidores, que não querem aumento nenhum (e se puder, rola até um descontinho)?

A resposta: todos eles e nenhum deles.

Os investidores estão certos, afinal, estão buscando uma maior lucratividade para seus investimentos, e se um investimento dá lucro é porque a sociedade ficou satisfeita com o produto apresentado. O governo está certo dentro da sua lógica pública, pois não quer uma empresa deficitária mas não quer se desgastar. E também estão certos os consumidores, que tem razão em lutar por seus interesses.

Ao mesmo tempo, os investidores estão muito errados, pois estão buscando lucro fácil em um mercado oligopolizado, tomando toda a sociedade de refém, em parceria com o governo.

O governo, por sua vez, usa esse mercado oligopolizado para engordar uma estatal ineficiente, que serve como cabide de emprego para apadrinhados, ganhando votos no Congresso em troca (na prática, a Petrobras funciona como um grande mensalão legalizado), além de usar parte dos lucros na compra do setor cultural, transformando classe artística em um movimento chapa-branca em defesa do PT.

Os consumidores, que demandam combustível barato, também estão errados, pois vivem defendendo esse regime oligopolizado, estando todos lobotomizados com frases nacionalistas do tipo “o petróleo é nosso”, sem se dar conta que o petróleo é dos políticos ligados ao governo e que, para que tenham uma parte dele, devem pagar mais de três reais por litro.

A verdade é que, dada a intervenção governamental no setor, é impossível se saber qual é o real preço do litro de gasolina. Em um sistema socializado de distribuição de bens e serviços, não há como se fazer o teste do cruzamento da oferta e da demanda. O lado da oferta está obstruído, por falta de competidores, e o lado da demanda está obstruído, pois não se leva em consideração a demanda externa. Em um modelo livre ideal, qualquer empresa poderia explorar o petróleo brasileiro e oferecê-lo ao cidadão. A competição nessa oferta tenderia os preços para baixo, e a demanda estrangeira elevaria os preços para cima. O real preço pode ser menos de três reais o litro, mas pode ser mais também.

O certo é que, independentemente do real preço, o sistema atual é ruim de qualquer jeito. A obstrução da oferta faz com que haja uma menor produção de riqueza, investimentos e trabalhos no país, e portanto há um empobrecimento evidente. Mesmo que no final houvesse um preço maior da gasolina (o que eu, particularmente, não acredito), os ganhos de produtividade do setor elevaria a riqueza social de tal maneira que a sociedade enriqueceria mais do que qualquer prejuízo que viesse a ter na hora de encher o tanque.

Ainda nesse raciocínio, na hipótese desse preço de livre-mercado ser maior que o preço pago atualmente, então o combustível hoje é subvencionado pelo Estado, e se ele é subvencionado, a sociedade está pagando mais por ele sem saber, via impostos, o que é um grande prejuízo para todos.

Já na hipótese mais possível, que é o preço de hoje ser maior que o preço no livre-mercado, então a mudança de modelo seria o melhor dos mundos, pois perder-se-ia o custo da corrupção e ainda se agregaria os incentivos de produtividade do livre-mercado.

Com as hipóteses na mesa, qualquer uma delas indica o sistema de livre-mercado como o mais eficiente e mais vantajoso para a sociedade. Precisamos abandonar o oligopólio do petróleo imediatamente.

*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

Um comentário em “Quanto custa a gasolina?

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    05/12/2013 em 7:51 am
    Permalink

    Finalmente uma avaliação lúcida sobre o preço do combustível. A imprensa, mesmo na voz de analistas pro-mercado, se alinharam em defesa da Petrobras. Um grande equivoco: uma empresta monopolista nao merece liberdade de ditar preços. E a solução nao é criar condições de lucro para a empresa, mas abrir o mercado á concorrência.
    Talvez o mercado esteja escrevendo reto em linhas tortas: a Petrobras está mostrando os inconvenientes do monopólio . Será este o caminho para acabar com o aparelhamento, corrupção e incompetência da empresa?
    O mercado, a longo prazo, nao falha.
    Parabéns ao Santoro. Vamos acabar com o monopólio e tudo será melhor para todos – menos para a mamata da Petrobras.

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