Programa “menos médicos” no Brasil é praticado há anos
BERNARDO SANTORO *
De acordo com os principais jornais do país, o governo vai lançar hoje o programa “Mais Médicos”, onde pretende aumentar o número de vagas públicas para médicos e, dada a baixa quantidade de médicos no Brasil, profissionais estrangeiros seriam contratados.
É fato notório que os cursos de medicina são os mais procurados na época do vestibular, gerando, por parte das universidades, uma necessidade de aumentar o número de vagas em busca de lucro, o que, no longo prazo, levaria a um equilíbrio saudável entre o número de vagas e a quantidade de candidatos. E essa demanda de vagas ocorre justamente porque a sociedade sente que existem menos médicos do que o necessário.
No entanto, durante anos, houve uma agenda governamental bem definida, numa parceria entre Ministério da Educação e Conselho Federal de Medicina, para diminuir o número de vagas nos cursos de medicina e de profissionais formados, aumentando assim, artificialmente, os salários de toda a classe médica brasileira.
O argumento “bonito” do CFM é que muitas vagas levariam ao decréscimo da qualidade do profissional de medicina no Brasil, mas isso é um completo contra-senso, visto que, em qualquer ramo empresarial, seja de produtos ou serviços, quanto maior a competição, maior a necessidade de eficiência e especialização. A intervenção “CFM-MEC” levou, na verdade, a uma escassez de médicos e a uma menor qualidade do serviço em geral.
Portanto, essa abertura governamental ao serviço médico estrangeiro é uma conseqüência direta da intervenção indevida do lobby do CFM no mercado acadêmico brasileiro de medicina, e, no final, todos nós seremos obrigados a pagar por médicos estrangeiros de universidades na sua maioria obscuras e vinculadas a regimes autoritários e opressores como o cubano.
Especificamente no caso dos profissionais de Cuba, metade do salário pago aos médicos cubanos deve, por lei, ser repassado ao regime socialista, o que significa, na prática, que o PT encontrou mais uma maneira de subsidiar o governo dos Castro.
Que toda essa situação no serviço de medicina sirva como reflexão para o fato de que a melhor solução para um problema social sempre é uma ideia liberal, e que a população entenda que somente o livre mercado da medicina e do ensino de medicina é que levarão a uma melhor alocação de recursos na área, fazendo da saúde brasileira uma referência internacional de competitividade e eficiência.
* DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL