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Por que o PT não dá bronca nos seus amiguinhos?

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O Partido dos Trabalhadores, derrotado nas últimas eleições, fez questão de emitir nota oficial de repúdio à iniciativa do presidente dos EUA, Donald Trump, que dominou os noticiários neste começo de 2020: o ataque no Iraque que matou o general e líder terrorista iraniano Qassem Soleimani.

A legenda diz que “condena com veemência o ataque no dia 2 de janeiro contra militares iranianos, iraquianos e libaneses” que “levou à morte”, além do general, “comandante das forças “Al Quds” do Irã”, de “sete outras pessoas de várias nacionalidades conforme divulgado até o momento” (oh, meu Deus!). Isso porque os EUA têm uma “atuação sistemática e criminosa no Oriente Médio” para colher “resultados financeiros expressivos para investidores das indústrias armamentistas e do petróleo”.

Não promoverei nenhuma análise pormenorizada do impacto e das circunstâncias da execução do general Salamaleikumalgumacoisa com ares sapienciais, fingindo hipocritamente já ter ouvido falar nele alguma vez na vida antes de ele virar churrasco, como virou moda entre youtubers e influenciadores digitais de ocasião. Muitos precisam reconhecer a própria ignorância. Entretanto, não há surpresa alguma na atitude do PT, em seu crônico antiamericanismo.

O que deveria ser perguntado ao partido de Lula, Gleisi Hoffmann e Fernando Haddad é por que não se envolve na condenação a algo que está muito mais dentro da nossa alçada, compreendido dentro de nosso círculo de influência, que é o absurdo golpista e ditatorial que se perpetrou bem aqui, na vizinha Venezuela. Mais do que isso: um absurdo golpista e ditatorial que foi construído com o apoio político e financeiro do PT, via Foro de São Paulo, ao longo de anos e anos.

Pois este começo de 2020, especificamente o domingo (5), foi marcado por novos desdobramentos na ditadura venezuelana, esmagando qualquer possibilidade de mobilização da oposição – como se houvesse uma; não havia, todos sabemos, mas as lideranças oposicionistas, em especial Juan Guaidó, insistiam em acreditar que havia.

O domingo seria de eleições para a presidência da Assembleia Nacional da Venezuela. Guaidó acreditava que poderia se reeleger. Até parece… Depois de todas as investidas que o governo chavista de Maduro promoveu contra as instituições para anular o poder de qualquer esfera de contestação à sua tirania, o que levou seu rival a cogitar outro desfecho? Evidentemente, a Polícia Bolivariana impediu, pela força, que os deputados de oposição entrassem no recinto.

Sem quórum, o chavista Luiz Parra se limitou a se autoproclamar presidente do Parlamento, garantindo o domínio legislativo também para a ditadura. De novo: como se tal domínio já não existisse antes e a oposição legislativa não estivesse jogando o jogo de uma ficção jurídica. Não há que tergiversar. A Venezuela de Maduro é uma ditadura, com todas as letras, e não há malabarismo retórico que seus padrinhos brasileiros possam fazer para nos iludir quanto a isso.

Onde estão os indignados com o terrível “golpe de Estado” de 2016 que derrubou Dilma para falar dos golpes em sequência promovidos pelos seus apaniguados no país vizinho? Onde estão os intelectuais e artistas do mundo todo denunciando o horror antirrepublicano da Venezuela, o “assassinato da República”, como definiu Guaidó? Devem estar ainda gritando contra a destruição da Amazônia pela ditadura de Bolsonaro, enquanto o incêndio também grassa na Austrália.

Hipócritas vis esses petralhas: gritam bem alto da enormidade de sua insignificância contra os EUA, que nem lhes darão ouvidos, mas não se atrevem a dar bronca nos amiguinhos.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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