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Por que o Nióbio pode esclarecer a privatização?

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O Brasil tem as maiores jazidas de nióbio do planeta, incríveis 98% das reservas do mundo. Esse metal valiosíssimo, sem o qual a indústria aeroespacial jamais existiria, tem, porém, seu preço ditado pelos ingleses e é contrabandeado massivamente para fora do país, representando o maior roubo de nossa História desde que os portugueses aqui descobriram o ouro. O Brasil, ao invés de monopolizar esse precioso metal, tem a oferta dele controlada por empresas estrangeiras. Tudo culpa da abertura do mercado às empresas estrangeiras e das concessões. Deveríamos, portanto, ter uma nova Vale do Rio Doce para minerá-lo.

É uma pena, porém, que quase nada disso é verdade. Comecemos pela mais falsa (e hilária) parte: o contrabando de nióbio. O Brasil possui, de fato, 98% das reservas mundiais de nióbio, e ele se encontra aqui em maior concentração do que em qualquer outro país. Que concentração é essa? 2,4%. É um requisito para que algo seja contrabandeado que esse produto possa ser carregado facilmente, como o ouro, que se encontra na mesma concentração, porém se organiza naturalmente em pepitas, ou os diamantes. O nióbio, porém, está pulverizado no solo, ou seja, para que se contrabandeie apenas 1 kg do metal, seria necessário contrabandear outros 39 kg de pedra por refinar. É uma mentira ridícula não só pela inviabilidade de transporte, mas por que subornar os fiscais competentes sairia infinitamente mais caro do que pagar os quase inexistentes impostos, que podem ser vistos aqui.

O nióbio no Brasil é minerado predominantemente por duas empresas: a CBMM, nacional e responsável por mais da metade da produção mundial do minério, e pela Anglo American, empresa sul-africana que produz algo como 10% da extração da CBMM. Essa extração não só não é ilegal como muito bem documentada pelo Estado, como se pode ver aqui e aqui. Quem dita o preço, em última análise é a CBMM, ou seja, somos nós brasileiros que controlamos o preço internacional do commoditie. E pra que ele serve?

Dizer que a extração do nióbio se dá apenas por demanda da indústria aeroespacial é tão legítimo quanto dizer que o petróleo é extraído apenas por demanda da indústria de brinquedos chinesa. Esse setor representa uma parte ínfima das vendas. O que realmente movimenta a mineração é a construção de pontes, gasodutos e oleodutos, além de plataformas de petróleo e mesmo carros, que são construídos com uma liga de aço chamada ARBL. O motivo de se usar esse metal e não outro é por ele ser mais leve e resistente do que, por exemplo, o vanádio e o titânio. Isso explica o baixo preço do metal: não se constrói nada do que ele é usado o tempo todo, então a demanda flutua muito.

Por que, então, tendo um metal raro e tão útil nós não vendemos por um preço mais alto? Por que apesar de, como dito, ele ser mais leve e resistente, ele também tem o melhor custo benefício. Não existe nenhum motivo para se usar nióbio senão esse. Se o Brasil tentasse subir artificialmente o preço desse metal as siderúrgicas ao redor do mundo simplesmente comprariam titânio e vanádio. O nióbio, quem diria? Não é a salvação da pátria.

Nota: artigo publicado originalmente com o título “Mitos sobre a privatização em que você provavelmente acredita (VI)” em 2014. 

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Guilherme Dalla Costa

Guilherme Dalla Costa

Acadêmico de Ciências Econômicas pela UNIFRA (Centro Universitário Franciscano), Coordenador Estadual da Rede Estudantes Pela Liberdade (Rio Grande do Sul) e Conselheiro Executivo do Clube Farroupilha.

Um comentário em “Por que o Nióbio pode esclarecer a privatização?

  • Avatar
    07/07/2014 em 12:09 pm
    Permalink

    A frase “não se constrói nada do que ele é usado o tempo todo” pra mim ficou indecifrável. Eu entendi pelo contexto que “não se constrói nada EM que ele SEJA usado o tempo todo”. Estou certo?

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