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A sabedoria de Roberto Campos

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Nosso homenageado de hoje é Roberto de Oliveira Campos (17/04/1917 – 09/10/2001), um brasileiro que dispensa apresentações, ou pelo menos deveria dispensar. Economista, diplomata e político, Roberto Campos é um dos ícones do liberalismo brasileiro, apesar de, na juventude, ter-se enamorado pelo intervencionismo keynesiano, que o levou a estar entre os idealizadores dos malfadados BNDES e do FGTS. Sua conversão ao liberalismo deu-se após o contato com os liberais austríacos. Seguem algumas de suas lições:

“O governo não passa de um aglomerado de burocratas e políticos, que almoçam poder, promoção e privilégios. Somente na sobremesa pensam no ‘bem comum’.”

“Os dois monstros gêmeos, o comunismo e o nazismo, têm vocação genocida. Naquele, o genocídio de classe; neste, o genocídio de raça.”

“A violência comunista não foi mera aberração da psique eslava, mas sim algo diabolicamente inerente à engenharia social marxista, que, querendo reformar o homem pela força, transforma os dissidentes primeiro em inimigos, e depois em vítimas.”

“Por muito tempo, por defender o liberalismo econômico, fui considerado um herege imprudente. Os acontecimentos mundiais me promoveram a profeta responsável.”

“Tributar pesadamente, tirando do mais capaz e do mais motivado para dar ao menos capaz ou menos disposto, em geral redunda em punir aqueles, sem corrigir estes.”

“A primeira coisa a fazer no Brasil é abandonarmos a chupeta das utopias em favor da bigorna do realismo.”

“O doce exercício de xingar os americanos em nome do nacionalismo nos exime de pesquisar as causas do subdesenvolvimento e permite a qualquer imbecil arrancar aplausos em comícios.”

“Tudo o que se pode fazer é administrar as desigualdades, buscando igualar as oportunidades, sem impor resultados.”

“Segundo Marx, para acabar com os males do mundo, bastava distribuir. Foi fatal. Os socialistas nunca mais entenderam a escassez.”

“A brutalidade confiscatória do fisco é um fator sério de retardamento econômico. É francamente de causar indignação ver médios representantes da burocracia oficial declamando que pagar impostos é ‘cidadania’. Cidadania é exatamente o contrário: é controlar os gastos do governo.”

“Eu acreditava muito nos mecanismos governamentais, mas eles têm células cancerígenas que crescem incontrolavelmente. Há algo de doentio na máquina estatal. A experiência de jovem me tornou cético para as reais possibilidades do Estado.”

“Os comunistas brasileiros têm razão ao dizer que não é verdade que comam criancinhas. No “socialismo real”, a preferência é por matar adultos.”

“É pela automaticidade do castigo, e não por inspiração divina, que os empresários privados não param de pensar em custos.”

“A vantagem do capitalismo é que, por ter exemplos de sucesso, admite fracassos e tem mecanismos de correção. Para os socialistas, ao invés, o fracasso é apenas um sucesso mal explicado.”

“Mais importante que as riquezas naturais são as riquezas artificiais da educação e tecnologia.”

“Temos de ter normas objetivas e claras, e cumpri-las para valer. Feito as regras do trânsito. Não se indaga qual a idade ou o grau de culpa de quem furou o sinal vermelho, mas apenas o fato. Com a nossa capacidade de fazer maluquices em nome de boas intenções, criamos uma legislação de menores que é um tremendo estímulo à perversão e ao crime…”

“A inveja é o mau hálito da alma.”

“A inflação é um monstro brutal e cruel que tortura particularmente os assalariados. Infelizmente, é impossível controlá-la por simples tabelamento de preços e punição dos especuladores.”

“Seria uma ressurreição satânica retirarmos Lula e Brizola – esse casamento do analfabetismo econômico com o obsoletismo ideológico – do lixo da história para o palco do poder.”

“Sempre achei que um dos mais graves problemas dos países subdesenvolvidos é sua incompetência na descoberta dos seus verdadeiros inimigos. Assim, por exemplo, os responsáveis pela nossa verdadeira pobreza não são o liberalismo nem o capitalismo, em que somos noviços destreinados, e sim a inflação, a falta de educação básica e um assistencialismo governamental incompetente, que faz com que os assistentes passem melhor do que os assistidos.”

“A política industrial que nos convém se reduz a umas poucas regras de bom senso. A primeira é que o mais importante incentivo ao progresso é assegurar-se liberdade empresarial, pela abolição de monopólios estatais e reservas de mercado. A segunda é aumentar a previsibilidade econômica, pela estabilização de preços. A terceira é que, antes da concessão de incentivos, é necessário remover obstáculos, pois que, isso feito, na maioria das vezes o mercado cuidará de si mesmo.”

“Quem se preocupa sinceramente com os pobres deve buscar, obsessivamente, elevar a demanda de mão-de-obra através de medidas como: 1) A privatização de empresas estatais, pois o governo falido perdeu a capacidade de investir; 2) A eliminação de restrições ao capital estrangeiro, que geraria empregos e traria tecnologia; 3) A diminuição dos encargos sociais e burocráticos, que oneram o custo da contratação.”

“As pessoas têm interesses distintos, talvez egoísticos, e de qualquer forma freqüentemente conflitantes pela simples razão de que as demandas possíveis são sempre muito maiores do que os meios de satisfazê-las. A sociedade democrática dá aos seus membros o direito de expressarem as suas divergências. Não tenta obrigar ninguém a amar o seu próximo como a si mesmo.”

“No Brasil, a res publica é cosa nostra.”

“Nossa Constituição é uma mistura de dicionário de utopias e regulamentação minuciosa do efêmero.”

“Sou chamado a responder rotineiramente a duas perguntas. A primeira é ‘haverá saída para o Brasil?’. A segunda é ‘que fazer?’. Respondo àquela dizendo que há três saídas: o aeroporto do Galeão, o de Cumbica e o liberalismo. A resposta à segunda pergunta é aprendermos de recentes experiências alheias.”

“O governo não consegue segurar a criminalidade? Pouco importa, basta desarmar o cidadão comum, de bem, esse que não comete crimes, e diante da insegurança oficializada, pediria pelo menos a ilusão de uma chance de se defender, por pequena que fosse.”

“O que tem sido a esquerda do terceiro mundo senão a distribuição efetiva da pobreza, pela incompetência na criação de riquezas?”

“No Brasil, empresa privada é aquela que é controlada pelo governo, e empresa pública é aquela que ninguém controla.”

“No socialismo, as intenções são melhores que os resultados. No capitalismo, os resultados são melhores que as intenções.”

“Não me iludi com o totalitarismo de esquerda por um raciocínio muito simples: Deus não é socialista, criou os homens profundamente desiguais.”

“Quando cheguei aqui ao Congresso, queria fazer o bem. Hoje, acho que dá o que dá para fazer é evitar o mal.”

“Continuamos a ser a colônia, um país não de cidadãos, mas de súditos, passivamente submetidos às ‘autoridades’ – a grande diferença, no fundo, é que antigamente a ‘autoridade’ era Lisboa. Hoje é Brasília.”

“Os socialistas, que tanto falam nas massas, não foram criadores nem do consumo de massa e nem da cultura de massa. Essas massificações equalizantes foram produzidas pela cultura individualista americana.”

“A burrice no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor.”

“Estatização no Brasil é como mamilo de homem: não é útil nem ornamental.”

“Os esquerdistas, contumazes idólatras do fracasso, recusam-se a admitir que as riquezas são criadas pela diligência dos indivíduos e não pela clarividência do Estado.”

“Foi precisamente o capitalismo ‘selvagem’ dos americanos, que fala mais em individualismo que em solidariedade, mais em competição que em compaixão, que se provou o mais ‘includente’, criando empregos não só para os nativos mas para milhões de ‘excluídos’ de outros continentes.”

“A independência do juiz não é uma faculdade absoluta, poder fazer o que queira sem dar satisfações. O juiz não tem, nem pode pleitear, moral ou profissionalmente, nenhuma independência diante da lei. Ele é, tem de ser, pelo contrário, um servidor incondicional da lei.”

“O bem que o Estado pode fazer é limitado; o mal, infinito. O que ele nos pode dar é sempre menos do que nos pode tirar.”

“Como diz Hayek, o poder sindical é essencialmente o poder de privar alguém de trabalhar aos salários que estaria disposto a aceitar.”

“Os socialistas, e em especial os marxistas, sempre pensaram que existia um estado natural de abundância. Nada mais simples, portanto, que a economia de Robin Hood: tirar dos ricos para dar aos pobres.”

“O mundo não será salvo pelos caridosos, mas pelos eficientes.”

“A cultura católica tem preconceito contra o lucro. Nisso, aliás, coincidem militares e sacerdotes.”

“A universidade brasileira apresenta um superávit ideológico e um déficit pragmático.”

“O subdesenvolvimento não resulta da espoliação internacional ou falta de recursos naturais. É sempre um fenômeno natural, misto de idiotice e mau-caratismo. Infelizmente, ambas as coisas são abundantes nesse sub-continente.”

“Monopólio não é outra coisa senão a cassação dos direitos econômicos, com efeitos sociais perversos, porque tende a criar uma burguesia estatal.”

“Os que creem que a culpa de nossos males está em nossas estrelas e não em nós mesmos ficam perdidos quando as nuvens encobrem o céu.”

“O que certamente nunca houve no Brasil foi um choque liberal. O liberalismo econômico assim como o capitalismo não fracassaram na América Latina. Apenas não deram o ar de sua graça.”

“O colapso do socialismo não foi mero acidente histórico, resultante da barbárie da União Soviética ou da perversão de carniceiros como Stalin e Mao Tsé-Tung. Era algo cientificamente previsível. Os aludidos cientistas sociais teriam certamente chegado a essa conclusão se, ao invés de treslerem a história, tivessem lido os grandes liberais austríacos.”

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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