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Qual o significado do amor romântico em Rand e Freud?

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“Para dizer ‘eu te amo’, primeiro é preciso saber dizer o ‘eu’”. Essa é uma frase de Howard Roark, personagem do livro A nascente, de Ayn Rand. Significa que somente a partir do amor próprio e da identificação de nossos próprios valores em outra pessoa é que será possível reconhecer o amor romântico.

Para Ayn Rand, os valores e as virtudes individuais atuam como moeda de troca no amor. Esse amor é realizado por meio do uso da mente, da percepção racional e objetiva da realidade, das escolhas dos valores, das virtudes e do egoísmo – e não do altruísmo. Certos indivíduos (ou seja, nem todos o fazem) elegem racionalmente seus valores e buscam, no próximo, esses mesmos valores, acontecendo, assim, o amor em seu sentido romântico, estritamente egoísta.

O amor romântico é egoísta, porque é impossível amar genuinamente alguém cujo padrão moral de ação seja totalmente contrário aos seus próprios valores, à sua pessoa. Sobreviventes do holocausto jamais terão apreço, e muito menos amor neste sentido romântico, por qualquer nazista, por exemplo. Assim, o amor é egoísta porque os valores que a outra pessoa carrega em si são identificados e valorados positivamente por você. O “eu” sempre vem em primeiro lugar e, depois, as facetas do “eu” identificadas no “outro”.

Logo, não existe o amor romântico genérico e abstrato. Nesses casos, pode existir qualquer outra emoção ou sentimento, tal como amizade e apreço, mas não o amor egoísta.

“Portanto, o amor romântico é uma emoção egoísta. Ele é a escolha de uma pessoa com um grande valor e você se apaixona pelos valores que você mesmo escolheu incorporados noutra pessoa. Esse é o amor romântico” – Ayn Rand.

A emoção como a única ferramenta de tomada de decisão amorosa proporciona escolhas superficiais, pois carece da devida profundidade de raciocínio e ignora, ou deixa de levar em consideração, os valores eleitos racionalmente.

“Quando o amor é uma integração consciente da razão e da emoção, da mente e dos valores, então, e somente então, é a maior recompensa na vida de um homem” – Ayn Rand.

O amor genuíno depende do uso da razão na identificação de valores. Só é possível amar aquelas pessoas com as quais existe a identificação de valores dignos de apreciação. Por esse motivo, não é racionalmente viável o amor universal e genérico.

Já Sigmund Freud, em seu texto chamado O mal estar da civilização, explica que a máxima “amarás a teu próximo como a ti mesmo”, esse amor universal, sem qualquer critério, é impossível, pois não é produto da reflexão, baseando-se unicamente no sacrifício do eu, do indivíduo.

Freud explica essa lógica da seguinte forma:

“Por que deveremos agir desse modo? Que bem isso nos trará? Acima de tudo, como conseguiremos agir desse modo? Como isso pode ser possível? Meu amor, para mim, é algo de valioso, que eu não devo jogar sem reflexão. A máxima me impõe deveres para cujo cumprimento devo estar preparado e disposto a efetuar sacrifícios. Se amo uma pessoa, ela tem de merecer meu amor de alguma maneira.”

Para Freud, portanto, uma pessoa só merece o amor se refletir os aspectos que são importantes para o próprio indivíduo. Um desses aspectos são justamente os valores. Veja-se:

“Ela merecerá meu amor, se for de tal modo semelhante a mim, em aspectos importantes, que eu me possa amar nela; merecê-lo-á também, se for de tal modo mais perfeita do que eu, que nela eu possa amar meu ideal de meu próprio eu (self). (….) Mas, se essa pessoa for um estranho para mim e não conseguir atrair-me por um de seus próprios valores, ou por qualquer significação que já possa ter adquirido para a minha vida emocional, me será difícil amá-la. Na verdade, eu estaria errado agindo assim, pois meu amor é valorizado por todos os meus como um sinal de minha preferência (….)”

Portanto, existe um ponto em comum entre a filósofa Ayn Rand e o psicanalista Sigmund Freud no que se refere ao amor. O amor genuíno, amor romântico, exige, para ambos, a identificação de valores comuns entre os indivíduos.

Logo, quando uma mulher e um homem se apaixonam, isso significa que, ao agir egoisticamente, buscaram o reconhecimento de valores que lhes são caros na outra pessoa, contribuindo para o seu próprio bem e atingindo, assim, o maior propósito moral do homem: alcançar a felicidade.

“Juro, por minha vida e por meu amor a ela, que jamais viverei por outro homem, nem pedirei a outro homem que viva por mim.”

John Galt em A Revolta de Atlas.

*Artigo publicado originalmente no site do Instituto Líderes do Amanhã por Rodrigo Paes Freitas.

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