“Progressismo” da incoerência
Defendo que cada pessoa deve ser dona do seu próprio destino, abdicando da babá Estado grande e, assim, agindo e trabalhando para que sua vida seja mais próxima do que se deseja. No entanto, uma das virtudes “perdidas” nesse novo mundo é a coerência. Significa que um indivíduo pratica aquilo que verbaliza. Abundam mentiras e contradições, inquestionavelmente.
Cada um deveria saber o que faz. Livre. Nessa direção, cada pessoa vota em quem assim desejar. Mas, confesso, é difícil para mim deglutir o comportamento de alguns amigos e conhecidos que pensam que são “progressistas”.
Sem medo de errar, aproximadamente 90% deles fazem parte daquilo que meu falecido pai denominava de esquerda festiva.
Eu os chamo de esquerda caviar. Adoram gozar das benesses do famigerado sistema capitalista. Que gente incoerente! Pregam a igualdade – evidente, na pobreza -, mas, nas suas atitudes e ações diárias, são aqueles que mais gozam e se satisfazem com o capitalismo matador de criancinhas.
Os jovens, que não arrumam nem suas próprias camas, por idealismo e/ou lavagem cerebral, pregam a igualdade, saindo às ruas, com seus acessórios e roupas de grifes “da hora”, para protestar contra o capitalismo e, claro, para se reunir com a galera. Bebem bons vinhos, ou, quem sabe, cervejas importadas. Os pais, capitalistas que produzem, bancam-nos, inclusive, nas melhores escolhas privadas. Maravilha!
Os “intelectuais progressistas” – os ungidos -, ainda com suas vísceras marxistas, pregam asneiras utópicas, desde renomados cafés parisienses, ou, quem sabe, de lugares “hipsters” em Nova Iorque, por exemplo. Parcela sensível, parte do funcionalismo público – eu os conheço… -, com seus soldos garantidos… Já degustei o néctar dos deuses com eles, e dos muito bons!
Fico me indagando como alguém racional – eu disse racional – pode pensar em votar nesses tais “progressistas do retrocesso”. PT, PSol, social-democratas e outros puxadinhos a mais. Como há empresários, que se dizem de esquerda, incoerentes, que, de forma pragmática, estão, literalmente, dando tiros em seus próprios pés?
Seria muita ingenuidade de minha parte acreditar que o “progressismo” – de araque -, que tem como um de seus objetivos fulcrais acabar com o “explorador” sistema capitalista, seja desconhecido por esses “grandes estudiosos”. Eles ainda pregam a revolução da classe camponesa (risos) e dos trabalhadores, buscando invadir terras e tomar a propriedade daqueles que muito trabalharam, suaram sangue para adquiri-la. É, em pleno século XXI.
Meu Deus, isso não é só uma rotunda farsa e incoerência, é uma baita piada de mau gosto! Eles são contra os empresários, as privatizações, sonham ainda com “o petróleo é nosso” – mais risos -, querem a expropriação de terras e planejam tomar, acreditem, a sua própria empresa, o seu negócio. Genuinamente, já são seus sócios, já que se trabalha, em torno de sete meses, somente para “contribuir” para o Estado, com sua exuberante eficiência e contrapartida em serviços públicos de qualidade…
Sempre que lhes faço singelas perguntas, a resposta, inequivocamente, é a mesma: “Alex, aqui a “coisa” não é bem assim, nós queremos mesmo a “justiça social”… Se imaginássemos, por um instante, que todos fossem iguais, no dia seguinte, se fôssemos, de fato, livres, já se instalaria a odiosa e opressora “desigualdade”.
Mas não adianta. Continuo aqui me deleitando com lindas fotos de Paris; show de requinte, elegância e inteligência!
Ah, eles só não esperam uma única coisa: “não mexam, nunca, com o meu queijo!”. É bom esse “nobre progressismo”, não é mesmo? Por favor, “me tira o tubo!”.