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Por que progressistas estão queimando livros?

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Já escrevi aqui algumas vezes sobre a fantástica obra distópica Fahrenheit 451, que discorre sobre um futuro onde pessoas são encarregadas de produzir a versão oficial da chamada “verdade” e queimam livros que não seriam autorizados pelo governo. Na trama, existem pessoas que se dedicam a “contrabandear” tais livros para preservar a realidade.
 
Hoje percebo a realidade de Fahrenheit 451 na nossa vida cotidiana ao me deparar com a notícia de que, no Canadá, histórias em quadrinhos de Tintin e Asterix e Obelix estavam sendo queimadas sob alegações de racismo. Neste momento, Fahrenheit 451 é aqui.
 
O pretexto de queimar obras não é invenção deste inócuo progressismo da era da pós-verdade, de fato. A Igreja Católica já queimou livros a partir de sua própria lista de censura, o infame Index – obras que não comungavam com a fé católica foram queimadas.

Exemplos da luta pela verdade oficial de um determinado governo abundam independentemente do espectro político: o nazismo queimou obras de escritores de origem judaica e relutou diante da teoria quântica de Einstein por este ser judeu; Stalin chegou a queimar livros de Sherlock Holmes, alegando que o espírito independente de Sherlock era uma ameaça aos ideais comunistas de um único povo, e até mesmo pesquisas agrícolas, em prol de uma “ciência” baseada em ideais marxistas. Pinochet chegou ao absurdo de queimar livros sobre cubismo, pois suspeitava que eram livros apoiadores de Cuba.

Porém, a periculosidade da criação de sua própria ideia de verdade é notória. Tintin e Asterix, personagens clássicos da humanidade, estão sendo deletados, pois um determinado grupo de pessoas reuniu e apontou que as obras eram racistas, portanto deveriam ser banidas. Tintin, não debato o fato, exibe elementos racistas, porém a sua exclusão é a deleção de uma parte da cultura humana. Já Asterix, um dos maiores surtos.

Asterix é uma crítica ao imperialismo; a alegoria da obra é claríssima: o gaulês Asterix é retratado como parte de um povo oprimido pelos romanos, e esta alegoria serve para toda e qualquer prática imperialista do mundo. Agrada aos próprios progressistas defensores da verdade ao usar os romanos como alegoria para os EUA, bem como a conservadores que veem nos romanos algo praticado por chineses e até pelos soviéticos. E a alegação de racismo? Nada mais que um construto da pós-verdade.

Toda a cultura humana produzida antes da pós-verdade está sob processo de exclusão, mas, sempre lembrando, só estão dispostos à exclusão de pessoas que ferem seus ideais. Não à-toa desmoralizam todo o liberalismo com base em John Locke ter sido acionista de uma empresa que praticou tráfico negreiro no século XVII, mas sempre imploram pela “análise do tempo em que viveram” para justificar as palavras homofóbicas dos pais da Revolução Cubana nos “longínquos” anos 60.

A luta contra a pós-verdade progressista não se trata de uma luta ideológica, e sim de caráter, uma luta em favor da pauta da liberdade de pensamento, de expressão e da preservação da cultura humana. O racismo não será banido da gênese humana por queima de obras que um dia o praticaram, e sua supressão de debate não o fará desaparecer.

O sufocamento de debates é um dos piores legados que os progressistas podem deixar para a humanidade, e contra ele devemos estar todos a postos.

*Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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