O efeito bumerangue do tarifaço de Trump

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Uma questão econômica pertinente que ouvi recentemente: “com a tarifa do Trump, se esses produtos forem revendidos no Brasil, o Lula vai conseguir entregar a picanha eleitoreira barata por causa dos EUA?”

A resposta é que no curto prazo sim, mas no longo prazo não. Vale a explicação técnica aqui.

Com a tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros, o Brasil corre o risco de viver um efeito bumerangue no setor produtivo.

No curto prazo, pode até baratear produtos no mercado interno. O que não for mais exportado será vendido aqui, aumentando a oferta e derrubando preços. Picanha populista barata e artificial, sem sustentação.

Mas esse “alívio” é ilusório. Sem acesso a um mercado que paga mais caro, os produtores perdem rentabilidade.
Pequenos saem do jogo, grandes reduzem a produção e a oferta cai.

As exportações viabilizam escala, pois diluem custos fixos em um maior número de unidades do produto, tornando o uso dos fatores de produção mais eficiente. Sem demanda externa, a produção é diminuída e os custos por unidade sobem. O país empobrece pela redução da produtividade e tudo fica mais caro.

O resultado, já no médio prazo, é escassez interna e preços mais altos para o próprio consumidor brasileiro.
Hoje vai sobrar café, açaí, suco de laranja e carne.
Amanhã, vai faltar.

Temos então um efeito bumerangue do tarifaço para os americanos: uma medida que, ao tentar punir economicamente o Brasil, acaba rebatendo contra os próprios americanos, atingindo o abastecimento interno e encarecendo os produtos para o consumidor com uma escassez artificial causada pela tributação.

Mas também tem um efeito bumerangue para o Brasil. Se o Governo brasileiro acha que o tarifaço do Trump vai dar picanha eleitoreira no curto prazo, na volta não haverá picanha para ninguém, por falta de produção. E como um bumerangue mal lançado, que volta com força e acerta quem o lançou.

No fim das contas, todos saem feridos, inclusive quem achou que venceria o jogo, aqui e alhures. Essa crise tributária não é boa para ninguém. Precisamos de mercado livre e democracia real. Picanha e eleições livres.

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Cientista político, advogado, mestre e doutorando em Direito, conselheiro superior do Instituto Liberal e sócio do escritório SMBM Advogados (smbmlaw.com.br).

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