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Mídia alternativa não deveria ser vista como substituta da tradicional

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Mídias sociais, blogs, sites, podcasts, canais de Youtube… o conjunto de ferramentas que integra a mídia alternativa tem muitos méritos ao entrar no cotidiano das pessoas conectadas à internet. Com a ascensão desses veículos, grupos políticos à esquerda e à direita críticos à mídia tradicional abraçaram essas ferramentas como forma de comunicação com seus eleitores. Nesse processo, contudo, alimentou-se a equivocada narrativa da morte da mídia tradicional e a substituição desta pela mídia alternativa.

A mídia tradicional pode ser composta por uma grande rede de televisão nacional, enquanto a mídia alternativa pode ser um canal de YouTube especializado.

A primeira possui um alcance amplo e massivo, atingindo públicos diversificados, assim como uma rede de televisão alcança uma audiência nacional. Isso é fundamental para a disseminação de informações de interesse público, como notícias, eventos políticos e informações globais. A mídia tradicional também se destaca em termos de qualidade informacional e apuração de fatos. Grandes veículos de comunicação investem recursos significativos na investigação e verificação de informações relevantes ao debate público. A credibilidade e a confiabilidade desempenham um papel crucial na construção da confiança do público. Quando se incorre em erros, os danos reputacionais cobram seu preço por meio de patrocínios e publicidades de anunciantes com valores menores.

A mídia alternativa também desempenha um papel valioso na sociedade moderna. Um canal especializado pode ser focado em nichos específicos e capaz de atrair um público altamente engajado. A mídia alternativa oferece uma plataforma flexível para a expressão de ideias e opiniões, permitindo que vozes marginais e perspectivas não convencionais sejam ouvidas. Além disso, se caracteriza pela agilidade e capacidade de adaptar-se rapidamente às mudanças de tendências e necessidades do público. Sua interatividade e feedback em tempo real criam um espaço para diálogo e discussão ativa.

Mas há limitações significativas que a impedem de substituir a mídia tradicional. Primeiramente, a qualidade informacional pode ser uma preocupação. A falta de recursos e o menor foco na apuração de fatos podem resultar em informações menos confiáveis e precisas. Isso pode prejudicar a tomada de decisões informadas por parte do público. Geralmente, podcasts, youtubers, influencers, produzem conteúdo pegando carona na apuração de investigações longas e caras conduzidas pelos veículos tradicionais.

Outra limitação importante é a tendência à criação de bolhas e narrativas virtuais segmentadas. A mídia alternativa muitas vezes atrai um público com visões ideológicas semelhantes, reforçando crenças existentes em vez de promover a diversidade de opiniões. Isso pode contribuir para a polarização e a fragmentação da sociedade.

Por fim, apesar do crescimento na conectividade, boa parte dos brasileiros, em especial os da regiões norte e nordeste, ainda possuem como principal ferramenta de informação a televisão aberta – e sua audiência é significativamente maior. A audiência do programa eleitoral de candidatura à presidência, somente na grande São Paulo, foi maior em 2022 do que todos os acessos aos mesmos candidatos nos maiores podcasts do país.

Não significa que uma plataforma rivalize necessariamente com a outra, somente que a narrativa de que uma substitui a outra não é factível. Ao menos não em 2023.

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Luan Sperandio

Luan Sperandio

Analista político, colunista de Folha Business. Foi eleito Top Global Leader do Students for Liberty em 2017 e é associado do Instituto Líderes do Amanhã. É ainda Diretor de Operações da Rede Liberdade, Conselheiro da Ranking dos Políticos e Conselheiro Consultivo do Instituto Liberal.

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