Lord Acton, a liberdade e o autoritarismo

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A liberdade é um bem inafastável para a dignidade humana – bastante reduzido ou legitimamente cerceado por condições como o estado de infância, a insanidade mental clinicamente constatada e a punição por violar a liberdade alheia (isto é, a prisão), além de, é claro, limitado por natureza por vivermos em sociedade; mas é inafastável.

Do fato de esse bem poder ser mal usado, a meu ver, não se deveria deduzir que ele não seja um bem, da mesma forma que a vida pode ser dramaticamente inutilizada ou mal aproveitada, e ninguém negará que ela é um bem supremo. Concordo em que a liberdade demanda ordem – por isso, o que queremos é uma ordem liberal, não o caos.

Porém, essa ordem é buscada justamente como um condicionante para que a liberdade possa ser experimentada e os indivíduos e associações voluntárias façam suas escolhas e construam seus caminhos.

Lord Acton diria que “a liberdade não é um meio para atingir um fim político mais elevado. Ela é o fim político mais elevado. Não é para realizar uma boa administração pública que a liberdade é necessária, mas sim para assegurar a busca dos fins mais elevados da sociedade civil e da vida privada”.

Ele não diz que a liberdade é o bem mais elevado; ele diz que ela é o bem POLITICO mais elevado. Existem valores maiores do que a liberdade que queremos atingir, mas eles só podem ser dignamente atingidos através dela; sem ela, estarão desfigurados e enfraquecidos pela violência, a imposição superficial, a farsa, a hipocrisia e a castração dos potenciais criativos e realizadores.

Por esse motivo, na política, os liberais enfatizam a liberdade como fim, ainda que, fora da batalha pelas destinações do Estado, ela seja um meio para atingirmos nossos objetivos: porque, mesmo que tenhamos propósitos como a “salvação da alma” ou a “evolução espiritual ou pessoal”, o que principalmente queremos DO ESTADO é que ele respeite nossas vidas e nos deixe tão em paz quanto possível.

Se quisermos definir fins mais nobres do que a liberdade a serem buscados por todos através do Estado, abraçaremos o autoritarismo e trataremos cidadãos adultos como crianças tuteladas por outros cidadãos adultos.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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