Temos dito que os integrantes do “consórcio” que rege o Brasil precisam se entrechocar para que a redoma em que envolveram o país enfraqueça – e que já há sinais disso, ainda que limitados.

Uma excelente e detalhada matéria do site Poder360 (“Jornais tradicionais sobem o tom contra STF e Alexandre de Moraes”) sintetiza que os dois grandes jornais paulistas Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, simultaneamente, se manifestaram contra o autoritarismo de Alexandre de Moraes e do Supremo Tribunal Federal.

A Folha ressalva, como de praxe, que “urgências eleitorais poderiam eventualmente justificar medidas extremas como essas”, mantendo a tese de que, sendo para ajudar Lula a vencer a eleição, tudo bem o Judiciário extrapolar todos os seus limites; agora, porém, o tempo acabou e seria hora de os togados ferozes voltarem às suas casinhas.

Já o Estado de S. Paulo defende a possibilidade de críticas legítimas ao comportamento do STF, ainda que também fazendo coro à ideia desvairada de que o Brasil esteve a um passo da ditadura bolsonarista, e afirma que a “mobilização permanente” do órgão precisa parar. São sinais inequívocos de estresse entre setores da equação que mantém o Brasil agrilhoado.

O jornal O Globo – quem diria -, porém, vai ainda na contramão. Sem fazer uma única alusão ao problema do STF, ele resolveu estampar uma crítica ao Legislativo por não aprovar o PL das Redes Sociais – isto é, da Censura. O Poder360 destaca que o jornal da família Marinho lidera o ranking de publicidade estatal do governo federal. Coincidência? O Globo ainda encarna a fina flor da união de conveniência Judiciário-Executivo-grande mídia.