ENEM 2024: A armadilha identitária e os desafios da autêntica valorização do indivíduo
O tema da Redação no ENEM foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”, e eu resolvi escrever como seria minha redação se eu fosse um estudante.
A valorização da herança africana no Brasil é essencial, mas deve ser pautada no princípio de igualdade entre os indivíduos, sem dividir a sociedade em grupos rivais. Sob uma perspectiva liberal, cada pessoa carrega seu valor individual e merece respeito e oportunidades sem precisar ser definida ou limitada por identidades coletivas. Ao tratarmos cada brasileiro como um indivíduo único, respeitamos, de fato, a complexidade da nossa sociedade e não caímos na armadilha de transformá-la em uma série de rótulos simplistas.
Os identitaristas, ao focarem exclusivamente em divisões étnicas, muitas vezes reduzem a riqueza da cultura africana a um rótulo político, instrumentalizando-a em narrativas que reforçam divisões e ressentimentos. Essa abordagem ignora que a cultura africana é parte essencial da identidade brasileira como um todo e não algo que deva ser isolado ou tratado como uma pauta política. Ao instrumentalizarem a herança africana, esses grupos prejudicam a verdadeira integração e colocam a cultura africana em um pedestal artificial, como se precisasse constantemente ser “valorizada” para ser relevante.
A busca por reconhecimento da herança africana deve focar na liberdade e no protagonismo do indivíduo, respeitando as contribuições culturais de todos sem submeter ninguém a uma narrativa imposta. Esse caminho possibilita que a cultura africana seja naturalmente incorporada como uma expressão genuína e enriquecedora para todos os brasileiros, sem pressões ou artificialidades.
Ao privilegiar o indivíduo, o Brasil avança para uma sociedade em que a cultura africana é valorizada, não como uma imposição ou agenda de “lacração”, mas como uma parte integral e espontânea da história e identidade de cada brasileiro. Somente assim, sem políticas de segregação, poderemos realmente construir uma sociedade em que todos são vistos e valorizados como indivíduos, livres para contribuir com suas culturas e histórias de forma genuína e sem imposições.