Carlos Lacerda e a sombra injusta do getulismo
Para fechar o nosso mês, hoje seria o aniversário de 107 anos de Carlos Lacerda.
Injustiçado pela historiografia getulista, sempre foi relegado a um derrubador de presidentes (como se os presidentes derrubados não tivessem suas razões de ser para tal) e a “assassino de Getúlio”.
Lacerda, como um patriota, lutava pelo seu país mesmo que isso fosse em uma direção contrária à noção popular; mas isso não significa não ser democrático. Lacerda defendia a democracia e justamente se indignava com a frágil democracia de 46, que simplesmente se permitiu ser derrubada pela ação militar, tamanha sua fragilidade.
Lacerda ganhou também a pecha de golpista, porém é outra classificação injusta: Lacerda, se fosse golpista de vocação, teria apoiado o fracassado autogolpe de Jânio Quadros, o presidente que ajudou a eleger em 1960, que ele mesmo fez questão de denunciar na TV.
O fascínio com o poder de Lacerda, geralmente outro ponto de desmoralização de sua imagem, era focado na sua possibilidade de execução do poder em favor do povo, algo que deveria ser respeitado por tantos que querem atingir o poder apenas pelo status que ele proporciona, tal qual aqueles que hoje estão no poder e já visam a estar lá o máximo possível.
A capacidade de execução, o respeito ao público, o pensamento de desapego ao fim do poder também são características de Lacerda, que lutou justamente contra a mentalidade do apego eterno ao poder, tão comum em seus tempos.
*Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.