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Cabo Daciolo: um perigoso candidato caricato

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Nosso debate político atual é um verdadeiro show de horrores. Mas hoje quero dar destaque a um candidato completamente caricatural, ou seja, Cabo Daciolo. Como é possível que um homem como ele esteja no debate político enquanto João Amoêdo, do NOVO, não está? A disparidade de preparo entre os dois é abissal, mas isso é objeto para outra reflexão.

Cabo Daciolo é caricato. Repetidor de slogans paranoicos envolvendo teorias da conspiração, os chamados Illuminati, a dita Nova Ordem Mundial e a Maçonaria, sua fala se reduz a uma tragicomédia. Tudo, para ele, é em “honra e glória do Senhor Jesus Cristo”, até mesmo seu aparelho celular. Parece piada. Mas não é. Pois neste vídeo, ao mostrar seu simples celular, ele fala: “Meu telefone é isso aqui, ó. Para honra e glória do Senhor Jesus Cristo.” Estaria ele usando o nome de Cristo em vão?

Nesse vídeo citado li um comentário que levantava uma questão importante: será mesmo que tal candidato respeitaria a pluralidade religiosa e não faria maiores concessões à sua própria? Será que ele respeitaria as outras religiões como prega a Constituição? Haveria uma infinidade de coisas para serem discutidas a este respeito.

O problema não é a fé per se, mas a forma de atuação do candidato. Fé cada um tem – ou não – a sua. E não quero dizer que ele esteja errado em tudo o que fala, no entanto, está errado em como e quando fala. Ler a Bíblia num debate político – por mais que ele tenha o direito de fazê-lo – não aumenta, mas reduz sua credibilidade. Cada vez que foi ao centro do palco do programa de debate com a Bíblia em mãos, ele ridicularizou a fé.

No mesmo vídeo citado acima Daciolo diz que os Illuminati, a Maçonaria e a Nova Ordem Mundial não terão mais espaço no Brasil; diz também que todas as autoridades são constituídas por Deus. Pela lógica, então, Deus colocou tudo isso no poder. Enfim, sabemos que Deus é um nome, um conceito, uma ideia com a qual cada um faz e interpreta como quer.

Quando ele diz que “Eles vão tentar me matar”, Daciolo recupera a imagem do mártir cristão. Mas quando diz – ainda no mesmo vídeo: “Satanás! Tu és derrotado. Pega tudo o que é seu e saia da nação brasileira. A nação brasileira vai clamar ao Senhor Jesus Cristo”, ele próprio martiriza o cristianismo, já tão atacado por nossa era secular.
Depois disso tudo, ainda podemos nos perguntar: Cabo Daciolo é realmente um candidato perigoso? Por um lado, sim – haja vista o seu claro fanatismo. Por outro, absolutamente não. Isso porque sua figura se tornou caricata e sua credibilidade se igualou a zero – ou a 1%, no máximo.

Diz o candidato que “quando virarmos presidente da República eu vou derrubar um por um” – referindo-se às placas das lojas maçônicas. “Aquele templo maçônico lá na entrada da cidade. Vocês vão adorar Satanás lá na casa dos senhores. Vocês vão fazer na casa dos senhores […] em área pública, não.” Mas e as igrejas – sejam lá quais forem – e que colocarem placas pelas ruas? Onde está a tolerância do candidato? E ele completa: “Todas as entradas de cidades, de municípios, que tem lá uma escultura, algo construído lá, da Maçonaria, eu vou derrubar, para honra e glória do Senhor Jesus, cada um que estiver […] e o povo brasileiro vai adorar o Senhor.” O Estado Islâmico também mata qualquer um em nome de Alá.

Cabo Daciolo é realmente um homem de fé, afinal, o que é senão a fé que o faz acreditar que um dia, com esse discurso repetitivo e caricato, ele possa se tornar o presidente do Brasil? O que é senão fé dizer que “dia primeiro de janeiro nós vamos tomar posse na cadeira presidencial”? Daciolo, em vez de se dar ao trabalho de criar um programa de governo, deveria ter escaneado a Bíblia. Deus nos livre de um presidente assim.

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Thiago Kistenmacher

Thiago Kistenmacher

Thiago Kistenmacher é estudante de História na Universidade Regional de Blumenau (FURB). Tem interesse por História das Ideias, Filosofia, Literatura e tradição dos livros clássicos.

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