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Automação e produtividade: as máquinas causam desemprego?

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Em 1812, no início da Revolução Industrial, começou na Inglaterra o movimento ludista. Colocando de uma maneira bem resumida, por acreditarem que as máquinas causavam o desemprego, membros do movimento as culpavam por seus problemas e, como forma de ação, eles invadiam as fábricas e destruíam o maquinário. Evidentemente o movimento fracassou tanto intelectualmente quanto em termos práticos: a Revolução Industrial seguiu firme e as máquinas não causaram pioras na qualidade de vida da população.
Porém, volta e meia o medo das máquinas reaparece. Em um recente artigo publicado no The New York Times, Ben Casselman se mostra preocupado com a crescente automação que foi impulsionada pela pandemia da COVID-19. Escreveu o norte-americano: “Em algumas empresas, a automação já está afetando o número e o tipo de empregos disponíveis (…). Meltwich, uma rede de restaurantes (…), adotou uma gama de tecnologias para reduzir os custos de mão de obra. Suas churrasqueiras não exigem mais que alguém vire hambúrgueres – elas grelham os dois lados ao mesmo tempo e precisam de pouco mais do que o apertar de um botão.”

Casselman não está só. A Folha de S. Paulo escreveu a seguinte manchete em 2019: “Robôs ameaçam 54% dos empregos formais no Brasil”. Merece destaque também o Jornal da USP: “A era dos robôs está chegando e vai eliminar milhões de empregos”. Para Alex W. Chernoff e Casey Warman, da National Bureau of Economic Research, se por um lado a automação irá aumentar alguns salários, por outro, ela irá causar desemprego, sendo as mulheres com baixo nível de escolaridade a parte da população mais afetada.

Mas, se por um lado a automação causa desemprego no curto prazo, no longo ela cria abundância. Em 1840, 70% dos trabalhadores americanos estavam no campo e hoje esse número é em torno de 2%. Em 1960, cada fazendeiro americano alimentava em média 26 pessoas, hoje são 155. Como todas as mudanças econômicas, a tecnologia que economiza mão-de-obra prejudicará algumas pessoas no curto prazo, mas geralmente ajudará pessoas de todas as classes a prosperar – como tem feito ao longo da história.

Progresso econômico é sinônimo de produtividade, e é justamente nisso que novas tecnologias nos auxiliam. Como disse Paul Krugman: “A produtividade não é tudo, mas, no longo prazo, é quase tudo. A capacidade de um país para melhorar o seu nível de vida ao longo do tempo depende quase inteiramente da sua capacidade de aumentar a sua produção por trabalhador”. O progresso tecnológico é um dos principais meios pelos quais a humanidade pode melhorar suas condições materiais ao mesmo tempo em que reduz o trabalho necessário. É muito melhor quando não precisamos de doze pessoas com pás para fazer a mesma coisa que uma escavadeira.

O perfil dos trabalhadores mais afetados merece destaque. Daron Acemoglu e Pascual Restrepo, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), acreditam que “uma parte significativa do aumento da desigualdade salarial nos Estados Unidos nas últimas quatro décadas foi impulsionada pela automação”. E por que isto ocorre? Trabalhadores que fazem serviços repetitivos tendem a ser substituídos mais facilmente por máquinas – e são justamente esses que têm um nível de escolaridade menor.

Acabamos de cair em um velho e conhecido problema do Brasil: a educação. Já escrevi por aqui várias vezes sobre como gastamos muito na área, mas temos pouco resultado (vide nossas notas no PISA). A educação brasileira deveria ter como prioridade número 1 fazer os nossos jovens mais produtivos, com capacidade de gerar valor à sociedade. Mas eu não enxergo isso acontecendo. Durante a crise da COVID-19, o Brasil foi o país que ficou mais tempo com escolas fechadas no mundo.

E por que vocês acham que isso aconteceu? Alguém realmente acha que foi porque o nosso país teve uma preocupação legítima para evitar o avanço da pandemia?

Fica a pergunta no ar.

*Artigo publicado originalmente por Conrado Abreu na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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