A tarifa e o tiro no pé
Donald Trump voltou. O mundo já entendeu que ele negocia com tarifas. Não disfarça. Para ele, déficit comercial é guerra – e guerra se enfrenta com poder tarifário, militar e moral.
A Europa aprendeu rápido. Diante de tarifas anunciadas de 30%, sentou-se à mesa. Saiu com 15%. Ruim para liberais como eu, que prefeririam o comércio livre? Claro. Mas é a realidade. E o resultado é simples. Os produtos americanos entram sem tarifas na Europa, e produtos europeus com tarifas mais “razoáveis” nos EUA. Ganha-se tempo. Ganha-se acesso. Ganha-se margem de manobra.
Já o Brasil vermelho, verde-amarelo, escolheu a birra. Lula, em sua oratória de sindicato, passou anos chamando Trump de fascista, nazista, extrema-direita. Agora, com Trump no poder, simplesmente finge que os EUA não existem. Nenhuma negociação séria, nenhum gesto diplomático. Preferiu seguir abraçado ao clube dos párias: Irã, Venezuela, Cuba e outras tiranias obsoletas que rendem palmas em assembleias, mas não compram uma tonelada de soja.
Trump, claro, percebe e responde. Com o Brasil, não é só tarifa: é punição política. Trump enxerga, como muitos enxergam, o consórcio formado entre o lulopetismo e a toga. Uma engrenagem que persegue opositores, cala redes sociais, sufoca empresas estrangeiras e transforma divergência em crime. O Brasil, hoje, é um case diplomático de como destruir a confiança internacional com retórica ideológica e repressão judicial.
Veio então a tarifa de 50% para produtos brasileiros. Metade foi depois isentada, por pragmatismo, talvez, ou piedade. Mas o recado está dado. Não se negocia com quem debocha da ordem internacional e ainda chama isso de soberania.
O mais cruel é que o presidente de Garanhuns diz governar para os pobres, mas são justamente os trabalhadores e produtores brasileiros que pagarão a conta. Com tarifas, nossas exportações ficam mais caras, menos competitivas, perdem mercado. Muitos estados brasileiros dependem fortemente das exportações para os Estados Unidos — que agora fecharão suas portas.
O protecionismo já é um erro técnico, mas a ideologização da política externa transforma o erro em tragédia. O Brasil não sofre de falta de oportunidades. Sofre de excesso de arrogância e incompetência. Outros países negociaram. A Europa negociou. Até ditaduras disfarçadas de repúblicas souberam fingir pragmatismo. O Brasil não. Preferiu a liturgia do palanque, o nacionalismo de palha e o antiamericanismo como dogma.
Assim, seguimos firme para o atoleiro. Isolados, empobrecidos, pagando — com juros e correção — a conta do orgulho… e da vergonha.