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A guerra contra Israel e o propósito organizacional

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A indústria do propósito organizacional não anda dormindo bem. Nem pode; na grande maioria das vezes, não há autenticidade, abundam teatros dantescos de narrativas “woke”. Essa indústria não está descansando porque inexistem genuínos “valores organizacionais” e o foco em questões sociais que realmente importam para seus funcionários e clientes e demais partes interessadas.

Desde muito tempo, tenho sido honesto, direto e pragmático: a principal finalidade de uma empresa é ter clientes e suprir suas necessidades e desejos, deixando-os satisfeitos. Se assim o fizer, clientes satisfeitos a brindarão com a essencial lucratividade superior.

Nesse “novo mundo”, das narrativas românticas, de uma nova consciência, empresários passaram a brincar de estadistas. Ao invés de suas empresas criarem e ofertarem benefícios e soluções em seus respectivos negócios, a fim de satisfazerem melhor as necessidades e desejos de consumidores, elas agora desejam resolver os problemas da humanidade!

Essa indústria do propósito desejou fazer crer que a razão da existência de uma empresa passa mais por seu impacto social/ambiental do que pelo valor que ela cria, dentro de seu negócio, para seus clientes- consumidores. É fundamental destacar que esses “salvadores da humanidade” utilizam suas narrativas “progressistas” mesmo que não haja vínculo de uma determinada “causa”, com o seu negócio principal.

Justamente em razão disso que, agora, com a eclosão da barbárie e das atrocidades de terroristas assassinos do Hamas contra Israel, tais semideuses estão batendo cabeças. Não há nenhuma brecha de dúvidas de que esses benfeitores organizacionais tardaram a se posicionar em relação “a um lado”; muitos condenando “mortes de civis em ambos os lados” e/ou muitos se transformando em cúmplices do massacre em função do sepulcral silêncio.

O véu do propósito e da retórica “woke” bom-mocista caiu! Sem surpresas. Quando da morte de George Floyd, não se via quase nada além do “progressista Black Lives Matter”. Nobre sublinhar os valores corporativos contra a discriminação racial. O mesmo ocorreu quando muitas organizações abraçaram a Ucrânia na guerra contra a Rússia.

Neste momento de terror, pergunto-me, onde estão os contundentes posicionamentos contra o terrorismo bárbaro do Hamas contra Israel? O que se vê – e não se escuta – é um silêncio aterrorizante, parecendo que não há nenhum “benefício” para as empresas expressarem apoio aos judeus assassinados cruelmente.

Penso que, quando se trata de Israel, muitos “salvadores” não querem ser condenados por escolherem, mesmo que o inquestionável “lado certo” da questão. Valores nobres, mas nem tão nobres assim… Tenham convicção, tudo aquilo que não é efetivamente genuíno acaba se desintegrando, mais cedo ou mais tarde.

Essa indústria do propósito organizacional é a consequência do famigerado “wokeísmo” progressista, um lamentável engodo. Nesse “novo mundo”, das mentiras românticas e das verdades romanescas, não há sequer um rasgo de coerência e ética.

Dá-lhe declarações contra a discriminação contra negros, contra membros LGBTQIA+, a favor da Ucrânia! Mas, quando se trata de judeus, o antissemitismo escorre por entre os lábios sujos de legítimos racistas. A minoria judaica é, sem dúvidas, a mais odiada, atacada e perseguida no mundo, servindo de tônus vital e de bode expiatório para esquerdistas antissemitas explorarem suas narrativas de oprimidos versus opressores. Escárnio.

Sempre afirmei que o razoável para as empresas seria enfatizar questões políticas e sociais que estivessem, não só relacionadas com o seu negócio, mas que fossem relevantes e impactassem diretamente no respectivo negócio. A indústria do propósito é um verdadeiro embuste que, ao cabo, acaba desviando o foco organizacional e, portanto, reduzindo o pacote de valor/benefícios para os clientes-consumidores de um determinado negócio.

Finalizo, destacando dois principais aspectos. O primeiro é que, claramente, líderes de negócios, aqueles não oportunistas, sabem que há limites sobre até onde o negócio pode ir. Suas ações e declarações devem estar ligadas ao negócio e à missão da empresa dentro desse negócio específico. Ponto.

O segundo, trágico, embora não me cause espanto, é que o terrorismo de monstros covardes do Hamas escancarou o quase sempre embuste do “nobre” propósito organizacional. Poucos líderes corporativos condenaram, enfaticamente, o Hamas, fazendo o que é correto e moral.

Falando em missão, a do Hamas é eliminar o Estado de Israel do mapa e, portanto, aniquilar o povo judeu.
Líderes que o fizeram, cientes de que nem todas as suas partes interessadas concordarão com suas opiniões, agiram com atitude e compromisso com os valores civilizacionais. Esses são homens de negócios sérios, honestos, coerentes e éticos.

Para qualquer ser humano digno, o antissemitismo é uma doença mental que deve ser sempre combatida. Isso é, inquestionavelmente, o que faz bem para a saúde econômica, física e emocional de uma sociedade.
Termino com uma singela pergunta: vidas judaicas importam tanto quanto vidas negras, homossexuais, ucranianas…?

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Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

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