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Péssimo negócio

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joaquimlevyOs últimos sete dias foram especialmente desestimulantes para qualquer empresário no Brasil. Pessoalmente, neste pequeno intervalo, tive de paralisar construções por falta de água em um dia e de energia em outro. Também recebemos notícias de um novo aumento da tarifa de energia elétrica, da taxa básica de juros e dos combustíveis. Mas a cereja do bolo, é claro, foi o anúncio da elevação de diversos tributos pelo ministro Joaquim Levy.

Talvez a conjuntura de fatores desta semana tão especial tenha contribuído para que eu tivesse uma outra perspectiva sobre alguns dos enormes equívocos que a própria equipe econômica parece ter latente dificuldade em perceber. São noções que são repetidas ad-nauseam pelo ministro e sua trupe, mas que parecem distantes da economia real que move o país.

A primeira destas, é a de que para que os investimentos no Brasil voltem a crescer, basta que o governo sinalize ao mercado de está disposto a equilibrar a política fiscal. Ora, por maior importância que tenham as contas públicas organizadas, elas terão pouquíssimo efeito caso venham acompanhadas de mais instabilidade para o empreendedor. E, neste momento, empresários por todo país estão tendo que replanejar seus negócios como consequência das medidas anunciadas. Suas receitas e despesas foram alteradas e alguns empreendimentos com margens apertadas se tornarão inviáveis. Como esta não é a primeira vez que isto acontece, não é de se surpreender que não haja mais investimentos de longo-prazo no país.

A segunda noção equivocada, e repetida pelo ministro no ato do anúncio, é a de que o aumento de impostos fará o Brasil voltar a crescer no futuro. Esta talvez seja a afirmação mais espantosa de todas, por ser altamente contra intuitiva.  Pois, se o setor público está retirando recursos do setor produtivo, como a economia (ou melhor, a produção) poderá crescer? Se parece ilógico, é porque é mesmo.

A terceira, é a de que o aumento de impostos para os bens importados devolverá alguma competitividade à indústria nacional. Já somos, segundo o Banco Mundial, o país mais fechado do G-20 e um dos mais fechados de todo o mundo. Como resultado, empreendedores e consumidores pagam caríssimo por insumos e produtos de qualidade inferior. No entanto, a solução do governo para a baixa competitividade da indústria nacional é a de deixar o mundo inteiro mais caro para os brasileiros, quando, na verdade, deveria estar preocupado em deixar os produtos brasileiros mais baratos para o mundo.

Por último, há o olvido de que o aumento de impostos só pode ser justificado por uma contrapartida da melhoria dos serviços públicos. Neste sentido, o pacote é portanto, mais do que tudo, um tapa na cara do cidadão. No momento em que vive o país a maior onda de denúncias de desvios de dinheiro público da sua história, pedir mais recursos à sociedade não pode ser visto de outra forma. Que fique a reflexão de que o montante que o governo espera arrecadar é próximo de R$ 20 bilhões – mais ou menos o que custou uma refinaria Abreu e Lima superfaturada.

Joaquim Levy tem reputação de economista competente, mas parece ignorar que ajuste fiscal com aumento de impostos, até Nicolas Maduro pode fazer na Venezuela. Não é o caminho e, talvez, a falta de sensibilidade deste governo com as questões da economia produtiva real ajudem a explicar o êxodo sem precedentes de empresários para fora do Brasil. O Atlas está se revoltando.

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Paulo Figueiredo Filho

Paulo Figueiredo Filho

Cursou Comunicação Social e Economia na PUC-Rio e é bacharel em Filosofia. Teve significativa passagem pelo setor público como assessor especial e chefe de gabinete no Governo do Estado e na Prefeitura do Rio de Janeiro. De volta à iniciativa privada, hoje atua como CEO do grupo Polaris Brazil, à frente de empreendimentos imobiliários e hoteleiros de porte internacional, incluindo o Trump Hotel do Rio de Janeiro.

Um comentário em “Péssimo negócio

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    20/01/2015 em 6:01 pm
    Permalink

    Não vejo como um aumento de custos possa levar a um crescimento futuro. Afinal, na melhor hipótese pode-se conter a inflação imediata através de redução das margens a fim de manter a oferta. Porém, desta forma não há como bancar investimentos para aumentar a produção futura. No caso de margens já demasiado comprimidas e estoques reduzidos será dificil não induzir uma subida de preços, já que há preços que não poderão ser mantidos e podem influenciar outros.

    Ou seja, incrementa-se alguma elevação de preços imediata e ainda se condena o futuro.
    Pelo histórico atual a tendência é aumentar as penas do futuro para manter alguma débil estabilidade no presente. Não ha como melhorar o futuro inibindo investimentos na produção de bens e serviços úteis para consumo. Se levarmos em conta que essa elevação de custos ainda reduz, pouco que seja, a arrecadação de alguns tributos, a coisa pode ficar ainda mais sinistra.
    Contudo, só tendo dados muito bem coletados e analisados para entender o garu de estpidez que leva ao absurdo de se manter os gastos do Estado que consome expropriando a sociedade civil que trabalha para produzir bens e serviços úteis.

    …mas o Estado continuará aumentando o desestimulo ao investimento pela elevação de juros onde o Estadop paga “fabricando” dinheiro.
    …a conta é demasiado complexa!!! …melhor esperar para ver o tamanho da estupidez de não penalizar o Estado pelas lambanças que vem praticando saborosamente.

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