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Perfume francês fedorento

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RODRIGO CONSTANTINO *

Reportagem no Valor mostra que investimentos na França estão recuando:

A economia francesa enfrenta um problema crescente em sua luta para criar empregos e sair da recessão: apesar dos juros baixos, companhias e empresários estão reduzindo seus investimentos. Eles estão adiando planos de ampliação de fábricas já existentes e cancelando os projetos para construção de novas unidades.

Por trás da relutância está uma combinação difícil. Os impostos mais altos e a concorrência estrangeira mais barata derrubaram as margens de lucro das companhias francesas ao menor nível desde 1985 – reduzindo a capacidade das empresas de suportar riscos. Ao mesmo tempo, líderes empresariais afirmam que os desafios das taxas de juros imprevisíveis e a burocracia francesa sempre em mutação também estão aumentando.

“Precisamos do mínimo de incerteza possível, mas em vez disso há cada vez mais”, disse Pierre-André de Chalendar, diretor-presidente da firma de materiais de construção Compagnie de Saint-Gobain, em um encontro anual de líderes empresariais franceses e autoridades econômicas, realizado no domingo em Aix-en-Provence.

[…]

Economistas afirmam que o declínio é especialmente preocupante na França por causa da menor lucratividade das empresas do país. O lucro bruto por ação, ou margem bruta – uma medida padrão das margens de lucro -, das empresas não financeiras na França ficou em 25,7% no fim do ano passado, em comparação à média de 35,2% da zona do euro, segundo dados da agência europeia de estatísticas Eurostat. Com isso, as companhias francesas terão uma propensão menor a aumentar os investimentos quando a demanda melhorar, ameaçando as perspectivas de crescimento da zona do euro como um todo.

A economia francesa já está sofrendo. O PIB ficou estagnado em 2012 e a economia entrou em recessão na virada do ano. A Insee disse no mês passado que espera uma contração econômica de 0,1% em 2013, em comparação a 2012.

Um número crescente de líderes empresariais culpa as políticas imprevisíveis do governo pela falta de investimentos. Após o governo empurrar uma conta de €20 bilhões em novos impostos para reduzir o déficit fiscal neste ano, líderes empresariais temem agora uma reorganização do sistema previdenciário que poderia envolver maiores contribuições dos patrões. E na semana passada o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault prometeu mudanças nos impostos no ano que vem, para o fornecimento de incentivos ambientais.

“O verdadeiro problema é essa mudança permanente nas regras. Isso segura os investimentos”, disse Didier Lombard, presidente do conselho de administração da STMicroelectronics, a maior fabricante de semicondutores da Europa. “É preocupante.”
Quando o socialista Hollande venceu as eleições na França, gravei um vídeo alertando que a situação econômica iria se deteriorar. Não deu outra. Nem é possível cobrar créditos por esta previsão; ela era fácil demais. Os socialistas têm esse dom de estragar tudo aquilo que tocam. A explicação é óbvia: quando o governo maltrata empresários, aqueles que criam a riqueza do país, eles costumam reagir. Quem paga a conta é o povo, sempre.

O modelo estatizante francês é como um falso perfume, que parece atraente de fora, mas que solta um odor terrível de perto. A expressão laissez faire surgiu justamente na França, como resposta às intervenções de Colbert. Os empresários querem ar, precisam de mais liberdade, menos impostos e burocracia, para produzir riqueza. Com socialistas no caminho, essa tarefa se torna praticamente impossível.

* PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL

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