Pensei que era uma sátira
JOÃO NEMO*
Projeto de Lei 7299/14 do Deputado Vicentinho – PT, é claro – proíbe os órgãos públicos de comprarem publicações de origem estrangeira. Exceto quando não houver “similar nacional”. Ai que saudades da era Geisel!
Confesso, sem pejo, que inicialmente pensei tratar-se de uma sátira ao estilo do Jornal Sensacionalista, especializado em pregar essas peças. Precisei recorrer ao Centro da Sabedoria Universal, também conhecido como Google e que não tem um similar nacional, para verificar que o Projeto existia e era para valer.
Então fiquei ruminando o mistério: o que será que se passa nas frestas entre os eventuais neurônios existentes na cabeça de uma dessas figuras do nosso mundo político para gerar uma ideia assim? Depois, me lembrei de que a nossa própria “Constituição Cidadã” havia incluído, no início da sua luminosa carreira, algumas pérolas do tipo, inclusive proibindo a importação de professores universitários estrangeiros.
Ao que tudo indica, da mesma linha da proibição de professores que pudessem representar uma ameaçadora importação de inteligência viva, agora o ilustre e brilhante deputado pretende proibir a má influência de publicações alienígenas. Nem a Inquisição chegou a tanto; nem Stálin, que fez quase tudo que se possa imaginar em matéria de absurdos, deve ter ido tão longe. Sei lá.
Como gosta de afirmar o Zé Simão: este é mesmo o país da piada pronta. E, acrescento eu, por vezes de muito mau gosto.
* SOCIÓLOGO E CONSULTOR DE EMPRESAS EM DESENVOLVIMENTO GERENCIAL
imagem Agência Câmara Notícias
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Nem tudo está perdido. Por enquanto só os órgãos públicos seriam proibidos de tal proeza. Pergunto: em viagem ao exterior ainda podemos trazer publicações? Ou corre-se o risco de ser preso por contrabando? Fala sério deve ser muito monótono trabalhar no congresso, sobra tempo demais para pensar besteiras. Existe um infinidade de problemas REAIS para serem resolvidos. Depois não entendem nada quando o povo reclama…
Isso é o Estado tentando acostumar as pessoas que eles podem se meter em absolutamente tudo.