Pense nisso!

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“O governo tem tanto direito de dizer o que pode entrar em minha boca, quanto o que pode dela sair.” Milton Friedman

Nada atenta mais contra a liberdade de alguém do que proibi-lo de usar o seu corpo e mente da maneira que melhor lhe convier, desde que isso não atente contra a vida, a liberdade ou a propriedade de mais ninguém.

Afinal, o que é a liberdade senão o direito de escolher o nosso próprio caminho, de buscar a própria felicidade de acordo com os nossos valores e avaliações, não os do governo, dos cientistas ou de qualquer outra entidade?  Quem deveria ser único responsável pela minha vida e pela minha saúde, senão eu mesmo?

Nesse sentido, a proibição, pelo Estado, do consumo de drogas é um ato dos mais cruéis contra a liberdade e a dignidade humana.  Ou o corpo é meu e posso fazer dele o que bem entender, ou não sou nada além de um escravo, fadado a obedecer aos desígnios de outrem.

Infelizmente, entretanto, mesmo as atividades mais comezinhas já começam a sofrer restrições. Por exemplo, os proibicionistas da ANVISA já nos proibiram de ingerir remédios para emagrecer, mesmo se receitados por médicos. Antes disso, já nos haviam proibido de recorrer ao bronzeamento artificial e de pitar uns cigarrinhos eletrônicos. Para proteger a nossa saúde, obrigam as indústrias de alimentos a reduzir os teores de açúcar, gorduras e sal em seus produtos.

O argumento principal dessa gente para ditar a dieta e o comportamento alheios é o mesmo utilizado, por exemplo, para obrigar motoristas a utilizar o cinto de segurança, ou motoqueiros a usar capacetes.  Segundo o raciocínio, o sujeito que, “irresponsavelmente”, se recusa a usar o cinto de segurança está prejudicando os demais, uma vez que, se ele sofrer um acidente e tiver ferimentos graves, o Estado irá cuidar dele.

Tal argumento, embora cada vez mais em voga, é problemático. Vamos supor que vivemos num mundo em que não existam serviços públicos de saúde.  Neste caso, não usar cinto de segurança seria algo normal e sem maiores consequências. Correto?  Temos então que, ao criar e subvencionar sistemas públicos de saúde, o Estado adquire o poder de transformar comportamentos outrora absolutamente inocentes em crimes. A questão central, portanto, passa a ser a seguinte: um comportamento inocente pode tornar-se moralmente criminoso apenas porque o Estado resolveu subsidiar alguns serviços que antes não eram subvencionados?  A meu juízo, isso é meio absurdo.

Mas falemos de algo ainda mais bizarro do que tudo que vai acima.  A revista Reason levantou recentemente a seguinte questão.  Suponha que você contraiu o vírus Ebola, encontra-se em estado terminal e ciente de que sua enfermidade mata, em média, 80% dos infectados.  A indústria farmacêutica vem desenvolvendo alguns remédios promissores, mas todos se encontram em fase experimental, sem a competente aprovação das autoridades sanitárias (no caso brasileiro, leia-se: ANVISA).

De acordo com a lei vigente, quem quer que lhe forneça o tal medicamento estará cometendo um crime, passível inclusive de prisão.  Assim, ainda que você queira servir de cobaia e testar algum desses medicamentos, sua chance de consegui-lo é quase nula, mesmo que isso signifique a diferença entre a vida e a morte.

Pois é, meu amigo.  Da próxima vez que você aplaudir as ações daqueles que pretendem defender você de si mesmo, retirando-lhe a liberdade de escolha sobre o que é bom ou ruim para a sua vida e/ou saúde, pense nisso…

 

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

3 comentários em “Pense nisso!

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    17/11/2014 em 1:17 pm
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    Usar drogas não é liberdade, é escravidão. Pergunte a qualquer usuário de drogas, pergunte a suas famílias.
    E esse argumento pífio de que “o corpo é meu e eu faço o que quiser” é muito frágil. Porque sabemos muito bem a influência que as drogas têm em toda a sociedade. Que tal pesquisar um pouco sobre a relação das drogas com a criminalidade?
    É por essa e outras que não me intitulo liberal. Alguns liberais só se diferenciam da extrema esquerda na parte econômica, o resto do discurso é muito parecido. O discurso onde tudo é fácil e possível se for para defender o seu ponto de vista.

    • Avatar
      17/11/2014 em 2:35 pm
      Permalink

      …rsrs
      Somos escravos da natureza também, ela nos obriga a comer, beber e etc..
      Nooooossaaaa!!! …que escravidão horrorooosaaa!!!

      O que liberat mesmo é o socialismo, onde HUMANOS se IMPÕEM como SENHORES de OUTROS HUMANOS, onde o homem explora o homem ATRAVÉS da AMEAÇA de CAUSAR-LHE UM DANO AINDA MAIOR do que aquele que EXIGE.

      Só há escravidão quando um indivíduo está SUJEITO À VONTADE ALHEIA para NÃO SOFRER UMA AÇÃO ALHEIA EM CONTRÁRIO.

      O indivíduo solitário no mundo É ABSOLUTAMENTE LIVRE!!!
      Somente outro indivíduo pode escraviza-lo através da AMEAÇA de CAUSAR-LHE um DANO AINDA MAIOR, LIMITANDO SUAS ESCOLHAS ATRAVÉS DA AMEAÇA OU AÇÃO VIOLENTA, COAGINDO-O OU OPRIMINDO-O PARA QUE OBEDEÇA.

      ESCRAVIDÃO É PERDER A PROPRIEDADE DO PRÓPRIO CORPO, FICANDO ASSIM SUJEITO À VONTADE DE SEU(s) SENHOR(es).

      Ninguém podce ser escravo da natureza ou de qualquer impecilho que esta lhe oponha.
      Ninguém é escravo por não poder voar, nem escravo porque é obrigado a conseguir alimentação.

      Imagine-se um idiota afirmando que é escravo da alimentação ou dos liquidos, pois é obrigado a comer e beber para sobreviver.

      …É piada mesmo …rsrs

      Escravo é estar sujeito à VONTADE ALHEIA, de OUTRO(s) INDIVIDUO(s) que lhe LIMITA(m) AS ESCOLHAS NATURAIS através do USO da FORÇA com que o ameaça(m).

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    15/11/2014 em 11:09 am
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    O próprio governo proibe a esterilização das mulheres pobres pelo SUS, mesmo quando a mulher assim pretende, pois que impõe regras para tal, exigindo um número mínimo de filhos e idade mínima.

    Ora, com isso mais criaças, mais bolsa familia, mais investimentos em saúde, saneamento, urbanização e etc. SÃO PAGOS PELOS DEMAIS, ENTÃO PREJUDICADOS.

    Ora, o Estado que afirma:

    “se recusa a usar o cinto de segurança está prejudicando os demais, uma vez que, se ele sofrer um acidente e tiver ferimentos graves, o Estado irá cuidar dele.”

    e por isso MULTA os desobedientes, é o mesmo que incentiva a procriação de pobres e até incentiva que PRESIDIÁRIAS TENHAM FILHOS; é o mesmo que solta bandidos assassinos para passarem a semana de datas comemorativas em liberdade e ELES VOLTAM A MATAR e FERIR e até se ferem em suas ações criminosas. Impondo custos aos demais.

    O Estado que impõe multas aos cidadãos honestos, sob o argumento de que podem causar prejuizos ao Estado, roubando assim parte do trabalho destes cidadãos honestos através da ameaça de causar-lhes um dano ainda maior que as multas cobradas, é o mesmo Estado que não ameaça de nenhum dano maior o preso que não trabalhar para custear as despesas que causa.

    Se um sujeito recusa-se a pagar os impostos ou multas que o Estado IMPÕE, o Estado lhe expropriará os bens poupados e/ou ainda o privará da liberdade de ir e vir, encarcerando-o.

    Assim, se um indivíduo não desejar pagar os impostos exigidos pelo Estado a fim de custear o luxo da alta hierarquia e as ameaçadoras tropas armadas, simplesmente não poderá trabalhar e produzir honestamente para ter conforto pessoal. Afinal, se o fizer o Estado o expropriará de sua poupança e/ou o encarcerará.

    Ou seja, o Estado impedirá o indivíduo de viver com algum conforto caso se recuse a pagar o que este lhe IMPÕE.
    Fica claro assim, que pagamos ao Estado para que este nos permita viver com algum conforto. Se não pagamos, o Estado usa suas tropas para impedir que trabalhemos tanto quanto para TOMAR nossa poupança acumulada em bens ou em moeda.

    No caso dos negros chamados de escravos, a ÚNICA PROPRIEDADE QUE POSSUIAM e que PODERIA SER AMEAÇA era o PRÓPRIO CORPO.

    Assim, os senhores escravocratas AMEAÇAVAM o próprio CORPO do negro para com isso FORÇA-LO a trabalhar e assim conceder a MAIOR PARTE DO SEU TRABALHO PARA O SEU SENHOR.

    Não há diferença de metodo!
    Apenas o Estado não precisa ameaçar somente o corpo dos pagadores de impostos, já que possuem outras propriedades, outros bens, além do PRÓPRIO CORPO.

    Ou seja, se não pagarmos aquilo que o Estado EXIGE ameaçando de causar um DANO ainda maior do que aquele exigido como IMPOSTO, sofreremos esse dano e assim trabalhamos e produzimos honestamente para vivermos da melhor forma possível. Para que o Estado nos permita isso, TEMOS que CEDER GRANDE PARTE DOS PFRUTOS DO NOSSO TRABALHO.
    Já o ESCRAVO NEGRO trabalhava apenas para que o seu senhor lhe permitisse sobreviver. Assim o negro TINHA que CEDER QUASE A TOTALIDADE DE SEU TRABALHO PARA O SEU SENHOR. Não lhe sendo permitido USUFRUIR e NEGOCIAR LIVREMENTE o TOTAL do SEU TRABALHO.

    Nao há diferença!!!
    …Apenas o Estado não precisa de correntes, chicotes e senzalas para escravizar os uindivíduos que trabalham e produzem. Não precisa ameaçar-lhes a integriodade física para obter deles grande parte do seu trabalho, pois que ameaça seus escravos com EXPROPRIAÇÃO MAIOR e ENCARCERAMENTO, ou indiretamente com a MISÉRIA:

    É como se o Estado e sua hierarquia dissesse:

    “Se você não trabalhar para ceder a maior para do seu trabalho para nós, USAREMOS a FORÇA CONTRA VOCÊ e terás que viver na miséria ou TOMAREMOS AQUILO QUE PRODUZIRES e ACUMULARES. O que escolhes?”

    Que diferença há para os senhores escravocratas que deixavam claro ao negro:

    “Se você não trabalhar para ceder a maior para do seu trabalho para nós, USAREMOS a FORÇA CONTRA VOCÊ, o espancaremos, o prenderemos e o mataremos. O que escolhes?”

    Em ambos os casos aquele que possui a força destrutiva, CAPAZ DE CAUSAR UM DANO MAIOR, LIMITA AS OPÇÕES de escolha do, então, escravo.

    Não há a opção de NEGAR-SE À RELAÇÃO COM O SENHOR:

    Ou trabalha para ele ou ELE AGE CONTRA O INDIVÍDUO. O senhor de escravos não permite que estes SE LIVREM DE SUA AÇÃO VIOLENTA.

    Escravidão se define por RELAÇÃO FORÇADA, pois que baseada na FORÇA, na ameaça de AÇÃO VIOLENTA contra o indivíduo.

    O que temos com o Estado se não uma RELAÇÃO FORÇADA????

Fechado para comentários.

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