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A Olimpíada ainda é caso de custos irrecuperáveis?

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cristo-redentor

Estamos a menos de dois meses da realização das Olimpíadas do Rio, e o Governador em Exercício, Francisco Dornelles, em chocante entrevista ao Jornal Extra, declarou, entre outras barbaridades cruéis, porém reais, que o Estado do Rio de Janeiro não tem dinheiro, a princípio, sequer para encher o tanque de gasolina das viaturas policiais na semana que vem.

Não é novidade para ninguém que este Instituto Liberal sempre foi contra a realização de Olimpíada e Copa do Mundo no Rio de Janeiro, denunciando a falácia da argumentação dos políticos no sentido de que os investimentos nos eventos seriam privados, mostrando que eram majoritariamente públicos, pagos por uma sociedade pobre e deixando como legado verdadeiros elefantes brancos. Um deles, o novo Maracanã, foi devolvido hoje pela iniciativa privada ao Governo do Estado do Rio.

Antes mesmo da realização da Copa do Mundo, quando tive a ideia maluca de ser candidato a vereador no Rio, denunciei esse esquema em vídeo de campanha. Naquela época e após a Copa do Mundo, com a realização do multimilionário prejuízo que o país teve, com muito enriquecimento ilícito com propinas de 5% para todo lado, advoguei entre meus pares que a melhor coisa que o Brasil deveria fazer era simplesmente desistir de realizar a Olimpíada aqui, para evitar maiores prejuízos.

Para esse fim, argumentei que, naquele momento, tudo o que o país já tinha investido na Olimpíada era um custo irrecuperável, ou “sunk cost”.

Em Economia, custos irrecuperáveis, também chamados de custos afundados, são recursos empregados na construção de ativos que, uma vez realizados, não podem ser resgatados em qualquer grau significante.

Ou seja, por essa teoria, se um investimento feito já mostrou que não terá melhor retorno no futuro e continua gerando prejuízo, melhor desistir do investimento e realizar o prejuízo, interrompendo-o, do que continuar sangrando numa expectativa irreal de que tal investimento se pague.

Em 2014 isso era uma verdade incontestável, e teríamos poupado bilhões de reais no processo de construção de “investimentos” como o Velódromo inaugurado no fim-de-semana, se tivéssemos desistido, naquele momento, de promover a Olimpíada aqui.

No entanto, dado o completo caos financeiro vivido pelo Rio de Janeiro, precisamos perguntar: ignorando tudo o que foi gasto até o momento (que é a base da teoria do “sunk cost”) e se projetando as receitas e despesas que o Estado brasileiro terá de agora até o fim do evento, a Olimpíada ainda se pagará, ou será menor prejuízo se cancelarmos tudo agora?

Como não tenho acesso a essas estimativas, não tenho como responder a tal questão. No entanto, esse é um debate relevante na sociedade civil, que surpreendentemente não está sendo travado, especialmente em um cenário de calamidade pública financeira do Estado do Rio, nos termos empregados por decreto oficial do Governador neste mês.

Precisamos conversar sobre o cancelamento, ou não, dessa farra. E isso só pode ser feito de maneira adulta e madura, sem paixões, com números e transparência, coisa que falta no Governo brasileiro, não importando o nível.

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

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