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Obamashow

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EUA_State_of_the_Union_2011A CNN começou a apresentação do State of the Union alguns bons minutos antes da fala do presidente. Viam-se pessoas bem vestidas (homens engravatados; mulheres, cada uma com seu “estilo”), rostos familiares para quem acompanha o noticiário internacional, todo mundo conversando, se cumprimentando, com um enorme sorriso, num clima de descontração e… felicidade(?!). Pareciam estar numa festa. A câmera ia passando de ponto a ponto, até chegar ao fundo do salão onde se sentavam os representantes dos partidos Democrata e Republicano.

Finalmente foi anunciada a “estrela da noite”, Mr. President Obama. Ele entrou cumprimentando a cada um em seu caminho. Sorrindo, descontraído, nem humilde nem pretensioso. Todos pareciam admirá-lo muito. O que mais chamou a atenção foi o longo aplauso que recebeu do público, todos de pé, no início. Aliás, sequências longas de aplauso iriam se repetir toda vez que Obama abordava um tema do agrado da plateia. E isso acabou causando a sensação de que a maioria do Congresso americano é obamista, seja de que partido for. Não entendi nada.

Obama tem charme, fala muito bem, é advogado, chega às plateias de todas as classes, sem cair no grotesco dos que querem se comunicar direto com o povão. Mas sabe escolher os temas de apelo: o aumento do salário mínimo federal, por exemplo.

Também chamou a atenção como ele abordou os mais diferentes assuntos, defendendo seu ponto de vista, com números e exemplos vivos envolvendo pessoas. Usou razão, emoção, e conotação. Quantas vezes foi aplaudido!!!

Falou sem ler no teleprompter. Sem papel, sem script, sem dália. Falou sem qualquer relutância, de modo convincente. Estranho, no entanto, é que a câmera da CNN estava sempre em cima de alguém da plateia que era por ele citado. (Sem script? Sem deixa? Sem corte? O diretor de imagem deve ser genial … ou alguém me explique que maravilha foi essa).

Uma das pessoas citadas em seu discurso foi a própria mulher, Michelle – que para a mídia fofoqueira, andou de cara emburrada com o marido depois que ele a deixou de lado na cerimônia em homenagem a Mandela, para tirar um selfie ao lado da primeira-ministra dinamarquesa, Helle Thorning-Schmidt. OK, Obama quis mostrar ao público que Michelle e ele estão bem. Prestou uma homenagem à Primeira Dama, o que recompõe a imagem do casal.

As mulheres, aliás, foram super homenageadas por Obama que disse ser embaraçoso que em pleno século XXI as mulheres ainda não ganhem igual aos homens quando exercem a mesma atividade profissional. E incluiu a necessidade de que tenham cobertura de seguro quando tiverem seus filhos logo após a maternidade. Aplausos, muitos.

Em sua lista de cases para exemplificar seus temas pegou desde a funcionária que foi demitida e ficou sem seguro-saúde até os veteranos acidentados de guerra. Michelle também fez parte do show ao convidar para seu “camarote” Jason Collins, o primeiro jogador da NBA a assumir a homossexualidade.

Sobre os temas, Obama citou números de sucesso dos últimos anos da economia, inclusive sobre o petróleo que hoje, nos EUA, é mais consumido o produzido em solo americano do que o importado. Falou dos produtos importados ‘made in China’: Disse que cada vez mais, os americanos (e o mundo) vão ver de novo o ‘made in USA’. Aplausos.

Na cesta de problemas, Obama mostrou que, com o Congresso, conseguirá resolver o que há de mais importante. Mas não vai ficar esperando pelo Congresso: ele tem uma caneta na mão. (Aplausos, nem tanto…)

Sobre os aplausos: membros do Judiciário e das Forças Armadas não aplaudem, a não ser que se trate de uma homenagem ou tema superior ou que envolva membros de suas instituições.

Por fim, ele próprio Obama aplaudiu longamente um homenageado que estava ao lado de Michelle na plateia superior: era um sargento gravemente ferido na guerra do Afeganistão, com quem, pouco antes do acidente, Obama tivera a oportunidade de falar, em Omaha Beach, durante comemoração do 65º aniversário do desembarque na Normandia. Cory Remsburg foi gravemente ferido por estilhaços e perdeu parte do cérebro e um olho. Mesmo assim, graças a uma série de intervenções cirúrgicas e programa de reabilitação está se recuperando progressivamente. Aplausos, mais do que para Obama!

Mas Obama conseguiu fechar bem o show. Ele acabara de exercer a “arte do discurso”, como está sendo comentado pela própria CNN.

Os Republicanos vão ter que trabalhar muito para mostrar à sociedade americana que não são flores nem cores, nem a música nem os ídolos, nem os símbolos nem slogans que levam a humanidade ao progresso, mas os números e os fatos, revelados com substância e argumentos.

Em tempo: Uma pesquisa de opinião da CNN/ORC revelou que os que acharam muito positiva a apresentação de Obama foram 44% dos entrevistados, em contraste com os 53% do ano passado.

FONTE DA IMAGEM: WIKIPEDIA

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Ligia Filgueiras

Ligia Filgueiras

Jornalista, Bacharel em Publicidade e Propaganda (UFRJ). Colaboradora do IL desde 1991, atuando em fundraising, marketing, edição de newsletters, do primeiro site e primeiros blogs do IL. Tradutora do IL.

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