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O preço da carne e o antiliberalismo nosso de cada dia

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A recente elevação do preço das carnes tem dado o que falar, como é comum com tudo aquilo que impacta em nossos bolsos. Justamente por impactar nos bolsos e nas mesas dos brasileiros é que a sensibilidade em torno do tema é passível de ser usada por aqueles que não têm compromisso com a verdade. Basta uma rápida pesquisa no tio Google para saber que por trás da subida nos preços está principalmente um surto de peste suína da China que ocasionou um aumento expressivo da demanda por carnes brasileiras. Outro fator, que também colabora para o movimento nos preços, é a subida disparada do dólar, o que favorece a exportação. É preciso, neste ponto, dizer que a própria subida do dólar também é explicada por múltiplos fatores, muitos dos quais também refletindo crises e incertezas internacionais como as que ocorrem atualmente na América Latina, a guerra comercial dos EUA com a China, uma ameaça de impeachment de Trump, dentre outros fatores.

Como é fácil de se notar, as razões são puramente econômicas. Porém, vemos disseminada por aí uma tentativa de culpabilização do governo. Pelas redes isso se manifesta na forma de “memes” que têm como alvo os “eleitores de Bolsonaro”, os quais estariam sofrendo as consequências de seu voto pagando mais caro pela carne. Esse tipo de narrativa não é novidade e já aconteceu em outros governos e com outros produtos – quem não se lembra dos tomates?  O problema é que, além de isso ser uma análise tosca e intelectualmente desonesta, essa visão subsidia políticas populistas que, infelizmente, costumam encontrar acolhida em grande parte da sociedade. Não se trata apenas da esquerda usando a disparada no preço das carnes para manipulação de causa e efeito, mas de cidadãos comuns, muitas vezes alheios ao debate político, que de fato interpretam a coisa da mesma forma e invariavelmente acabam clamando para que o governo “faça alguma coisa”. Também há os que culpam a “voracidade” dos produtores e já convocam boicotes pelas redes, numa tentativa de forçar os criadores de boi “capitalistas e gananciosos” a baixar os preços.

É essa mentalidade que precisamos combater e esse é o grande trabalho, a grande empreitada que os liberais devem empreender. Já falei outra vezes: a mera eleição de um governo com um programa econômico liberal não significa uma revolução liberal. O caminho é mais tortuoso. Para realmente construirmos um caminho liberal que seja duradouro, o foco deve ser o convencimento do cidadão médio, o que só pode ser alcançado por meio da disseminação de ideias. Não há levantamento estatístico que ateste isso, mas acredito que, se saíssemos na rua inquirindo cidadãos aleatórios sobre suas considerações a respeito do preço da carne, teríamos muitas respostas advogando uma ação incisiva do governo diante do “problema”. Falo isso com base nas reações que já tivemos diante da elevação do preço dos combustíveis em um passado recente, algo que culminou com a greve dos caminhoneiros, com um generoso subsídio para eles e com o tabelamento do preço dos fretes.

É preciso reconhecer aqui que até então a resposta do presidente foi excelente e afastou qualquer possibilidade de tabelamento: “Quero deixar claro que esse negócio da carne é a lei da oferta e da procura. Não posso tabelar, inventar. Isso não vai dar certo”.  Que assim seja.

No mais, a inflação está controladíssima e pontos fora da curva não depõem contra isso. Por mais que seja ruim, especialmente nesta época do ano, pagar mais caro e/ou ter que reduzir o consumo de carne, temos que começar a entender que o governo não pode ser chamado a resolver o problema, sob risco não só de piorá-lo, mas de criar ainda outros de forma colateral. Teremos uma cultura verdadeiramente liberal quando a resposta da maioria das pessoas, na pesquisa de rua hipotética de que falei, for de que o governo não deve fazer absolutamente nada e deve sim deixar o mercado seguir seu curso e se ajustar.

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Gabriel Wilhelms

Gabriel Wilhelms

Graduado em Música e Economia, atua como articulista político nas horas vagas. Atuou como colunista do Jornal em Foco de 2017 a meados de 2019. Colunista do Instituto Liberal desde agosto de 2019.

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