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O ponto de interseção

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“Estude, fique cercado de gente boa, corra riscos. O Brasil precisa de gente querendo fazer acontecer.” Essa frase de Jorge Paulo Lemann é muito mais profunda do que parece. Jorge Paulo teve a seu lado o mestre Vicente Falconi; juntos a Sicupira e Telles, hastearam a bandeira brasileira mundo afora mostrando que seu sistema de gestão era replicável e inteligente, em quaisquer que fossem o local e cultura. A Ambev sempre foi conhecida por fornecer um dos melhores sistemas de incentivo e meritocracia do mundo.

Ampliando a visão para o cenário internacional, a dupla dinâmica Kaplan e Norton, principais desenvolvedores do método Balanced Scorecard, colocou as pessoas na base da pirâmide da gestão empresarial para mostrar que nosso alicerce de prosperidade empresarial é “gente”.

Enquanto Hayek se digladiava ao longo do século XX buscando refutar as teses keynesianas, Ludwig Von Mises já havia sinalizado em Ação Humana que o ponto de interseção que envolvia a resposta-chave para a política e a economia; o socialismo e o capitalismo; o mercado e o Estado (e aqui já fica pergunta do porquê, entre todos esses termos, de esse ser o único em que devo colocar a letra maiúscula); os agentes de produção e as organizações; era o próprio título de sua obra.

Marx, pouco tempo antes, deu a entender que bastava mudar o modo de pensar das pessoas que chegaríamos às respostas “sociais” e a vida ficaria colorida – como se somente ideias fossem capazes de mudar a ação. Ainda há mais tempo antes disso, Adam Smith observava (e não construía em estilo livre) as ações dos indivíduos nos sistemas de produção e escrevia empolgado sobre A Riqueza das Nações e a Teoria dos Sentimentos Morais, livro pouco mais “lado B”, mas que foca no mesmo ponto central: gente.

Nos principais embates políticos e econômicos ao longo da história, gente esteve sempre no ponto de interseção. Do ponto de vista econômico, gente que faz sempre se sobressaiu e ascendeu no mercado. Do ponto de vista político, gente que fala sempre se sobressaiu e ascendeu nos governos.

Jordan Peterson nos traz em suas diversas pesquisas e em sua grandiosa obra 12 Regras Para a Vida, com estudos Jungianos e Freudianos, cruzados com estudos mais contemporâneos como os do Big Five, uma análise mais precisa de onde deriva a ação humana. Ele diria que a natureza humana, o ambiente no qual estamos inseridos e finalmente as nossas informações ou modo de pensar, são os principais influenciadores de nossas ações. O primeiro item, no caso, com peso muito maior do que pensamos.

No campo filosófico, Aristóteles e Platão entrariam nesse embate com uma embalagem similar, com as teses sobre prática (ação) e teoria (fala ou discurso).

Como Ayn Rand pôde ser tão natural no título de uma de suas grandes obras, A Virtude do Egoísmo, trazendo duas palavras tão antagônicas num mesmo espaço? Ela foi simples e humana.

Se Lemann e Falconi fossem explicar filosoficamente porque o modelo de negócios deu tão certo, eles provavelmente diriam: “criamos um ambiente diverso, autônomo, valorizando nossa gente, implantamos um sistema de metas e indicadores, para valorizar suas ações. Confessamos que, se a gente fosse premiar gente, premiaríamos suas ações. São elas que constroem a nossa empresa.” Peterson iria complementar: “são elas que constroem o mundo”.

E Frédéric Bastiat, no auge dos seus recém completados 220 anos, ficaria com o arremate final: bastaria a gente falar, educar e legislar para criarmos o mundo perfeito. Nosso desafio é muito maior. Os meios são relevantes para chegarmos aos fins. Lei e moral estão quase tão distantes quanto o discurso da ação humana.

No embate entre o discurso e a ação, que fiquemos sempre com a ação; entre o Estado e o mercado, que prevaleça o mercado; entre a lei e a moral, que perfaça sempre a moral. Entender isso é fundamental para pensarmos nossa sociedade e para conquistarmos nossa tão sonhada liberdade.

*Dino Bastos Sávio é CEO do Grupo Partners, vice-presidente da Sucesu Minas e Diretor da ACMinas.

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