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O país em que para enriquecer precisa ser amigo do rei

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O crony-capitalism index é um índice da revista britânica The Economist que calcula o impacto do capitalismo de laços em cada país. A premissa do relatório é que, em algumas regiões, há instituições que favorecem o aumento da riqueza de indivíduos com melhor relacionamento com o governo.

O Brasil se destaca negativamente neste estudo, ficando na 12ª colocação. Contudo, o país campeão mundial é a Rússia. As raízes são históricas, em virtude do colapso da União Soviética. Naquele contexto, grupos que eram politicamente poderosos conseguiram obter privilégios econômicos, como monopólios de segmentos econômicos, licenças de empresas que antes eram estatais e contratos leoninos para o Estado russo. Isso também ocorreu em outros países da antiga União Soviética, como a Ucrânia, que também aparece no topo do estudo da The Economist.

Ainda de acordo com o relatório, cerca de 70% dos 120 bilionários russos se enquadram na definição de capitalismo de laços. Além disso, “28% do PIB da Rússia em 2021 é decorrente de setores de compadrio”, segundo o estudo. Outro fator preocupante é que o percentual aumentou 10 pontos percentuais desde 2016, mostrando maior concentração financeira decorrente de conexões com o Estado russo.

Todavia, isso também significa que, para ser bem sucedido financeiramente na Rússia, é preciso estar próximo e contar com o apoio de Vladimir Putin. A despeito de ser possível enriquecer na Rússia sem auxílio estatal, caso algum empreendedor chegue a determinado nível econômico, passa a chamar atenção da cleptocracia russa, que passa agir para extrair parte dessa riqueza, como por meio de extorsão.

Porém, ser um magnata russo não é algo tão seguro caso se contrarie Putin. Em 2003, por exemplo, Mikhail Khodorkovsky, proprietário da petrolífera Yukos, tinha uma fortuna avaliada em 15 bilhões de dólares. Ao não ceder a caprichos do presidente, ele foi preso e condenado a 10 anos de prisão por corrupção, fraude contábil, sonegação de impostos e evasão de divisas. Sua empresa foi expropriada pelo Estado russo.

Todavia, o capitalismo de laços não é bom somente para empresários beneficiados e que contam com o apoio governamental, mas também para as próprias lideranças políticas. Isso ocorre porque eles passam a depender menos do apoio da população para se manter no poder. Para tanto, passa a ser necessário somente contribuir para a satisfação dessa elite econômica.

O capitalismo de laços também tem um alto preço para a população, porque mitiga a competitividade da economia. Dessa forma, os serviços disponíveis para a população ofertados pela iniciativa privada passam a ser de pior qualidade e mais caros. É o custo Rússia.

Para piorar, há ainda fatores estruturais que contribuem para o capitalismo de laços na Rússia, como o fato de a economia ser pouco diversificada, com a pauta de exportações sendo composta por produtos primários e commodities. Além disso, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, a imprensa no país passou a ser ainda menos livre, havendo mais censura por parte do governo a fim de controlar a narrativa interna sobre o conflito. Sem liberdade de imprensa, a tendência é a continuidade do sistema econômico extrativista.

Pobre do país em que, para enriquecer, é preciso ser amigo de seu presidente.

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Luan Sperandio

Luan Sperandio

Analista político, colunista de Folha Business. Foi eleito Top Global Leader do Students for Liberty em 2017 e é associado do Instituto Líderes do Amanhã. É ainda Diretor de Operações da Rede Liberdade, Conselheiro da Ranking dos Políticos e Conselheiro Consultivo do Instituto Liberal.

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