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O histórico desastre do peronismo na Argentina

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A Argentina saiu de uma recente eleição com um resultado horroroso e amedrontador. A vitória de Alberto Fernández – aquele mesmo que veio a público pedir a liberdade de Lula – significa a volta do peronismo ao poder, essa tradição política argentina que tanto estrago causou a um país possuidor de um passado promissor. O peronismo é um câncer, um modelo econômico fadado ao fracasso e uma mentalidade desastrosa. 

É importante ressaltar que a Argentina já foi um país próspero. Até a década de 1930, o país era mais rico em termos per capita que muitas nações europeias. Isso se deve ao fato de o Estado argentino até a dita década não ser o monstro aglutinador de agora e sim um agente limitado para os padrões latino-americanos. A produção do país rivalizava com potências como Canadá e Austrália. A Argentina também tem a sorte de ter em seu território uma das regiões mais férteis do mundo – o pampa argentino. Tal território é propício ao agronegócio e o país colheu bons frutos com isso. 

Porém, a infâmia na história argentina que jogaria o país na lama e o tornaria mais uma típica republiqueta instável latino-americana surgiria após a Segunda Guerra Mundial: o peronismo. Com uma mistura tosca de justiça social, nacionalismo, estatismo e antiamericanismo, tal fenômeno político fortemente populista não estragou apenas a economia argentina – como irei demonstrar. Ele penetrou fundo no imaginário da população, ao colocar no Estado a obrigação de promover o progresso, o sustento e a eliminação das desigualdades sociais. 

Em suma, o peronismo carrega consigo a promessa do governo grátis. A promoção de diversos setores e a nacionalização dos recursos naturais pelo Estado é tipicamente peronismo. Tanto é que a base social de apoio a tal ideologia está essencialmente nos sindicatos – estejam eles em uma versão mais conservadora ou em uma versão mais progressista. 

Fato significativo reside na bagunça e na instabilidade políticas deixadas por Perón na Argentina. De 1955 até 1982, nossos hermanos tiveram 15 presidentes. Isso em apenas 27 anos. A instabilidade política permeada por um tempo considerável leva a uma certa instabilidade econômica. O país teve duas ditaduras militares no período, tentativas de golpe e mudanças abruptas de poder, sem falar nos inúmeros assassinatos no período – cerca de 30 mil. 

Depois da longa turbulência política, Raúl Alfonsín foi eleito presidente em 1983. Advindo da União Cívica Radical (UCR), partido social-democrata, Alfonsín apresentou o Plano Austral como tentativa de tirar a economia do buraco. Criou uma nova moeda, mas sem qualquer disciplina fiscal. Para piorar, recorreu ao congelamento de preços e salários, o que completou o desastre colossal do plano. Depois do rompimento das ‘’barreiras de preços’’, a inflação voltou com força total e no último ano de mandato chegou à incrível marca de 5000% ao ano. O fiasco de sua gestão foi tamanho que Alfonsín renunciou à presidência cinco meses antes de deixar o cargo. 

Em seu lugar, assumiu Carlos Saúl Menem, um peronista de ocasião. Prometeu uma ‘’revolução produtiva’’ aos argentinos, privatizou algumas estatais e adotou a paridade da moeda argentina com o dólar – fato que obrigava o governo a seguir à risca a ortodoxia econômica para a adoção de tal moeda. No início, deu certo. O governo conseguiu controlar a inflação e a economia começou a crescer; mas a irresponsabilidade fiscal e o aumento contínuo da dívida pública, somados com as crises de 1994 no México e em 1997 nos Tigres Asiáticos, derrubaram o começo próspero do governo Menem. Mais um final de governo melancólico para nossos hermanos. 

Na eleição de 1999, nova vitória da UCR, dessa vez com Fernando De La Rúa. Sua falta de visão, aliada a uma escalada de corrupção e um aumento de impostos nada animador, agravou a situação. Para piorar, o ministro da Economia, Domingo Cavallo, anunciou uma restrição nos saques bancários por um ano. Privados de seu próprio dinheiro e sem ter como se alimentar, os argentinos vão às ruas e dão início a diversos saques em supermercados. La Rúa renuncia em 2001 e pouco depois a moratória da dívida pública é anunciada.  

A Argentina terá até 2003 mais dois presidentes. Com a forte desvalorização cambial e inflação galopante, a população argentina ainda estava impossibilitada de sacar seu dinheiro em bancos. A tragédia foi enorme. Como bem registrou o Instituto Mises, ‘’[…] ainda mais impressionante foi a evolução — ou, mais apropriadamente, a involução — da porcentagem de pessoas abaixo da linha de pobreza na grande Buenos Aires.  Uma cifra que chegou a ser de 16,1% em maio de 1994 saltou para 54,3% em outubro de 2002, um valor ainda maior do que o do ano de 1989 (47,3%), quando o país vivia sob hiperinflação.  Em nível nacional, a pobreza chegou a 57,5% da população, a indigência a 27,5% e o desemprego a 21,5%, todos níveis recordes para o país’’. 

Os 13 anos do casal Kirchner foram inicialmente prósperos, mas depois terminaram do mesmo jeito melancólico de outrora. Beneficiada por aumento histórico no preço das commodities, a Argentina experimentou um crescimento econômico insustentável a longo prazo. Todos os ciclos de instabilidade política e econômica do país têm uma raiz comum: o peronismo. Esse mito populista ideológico nunca foi extirpado da mentalidade argentina. 

Toda essa tragédia parece impensável para um país outrora próspero e invejável no continente, mas é exatamente isso que acontece quando o mito do governo grátis e do Estado todo-poderoso floresce no poder e no imaginário de um povo. No caso argentino, tudo começou com a tragédia chamada peronismo. Como todo populismo, é difícil de eliminar. 

Referências: 

1.https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1562 

2.https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2887 

3.https://economia.ig.com.br/2012-06-25/a-solucao-brasileira-para-a-inflacao-funcionou-primeiro-fora-do-pais.html 

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Carlos Junior

Carlos Junior

É jornalista. Colunista dos portais "Renova Mídia" e a "A Tocha". Estudioso profundo da história, da política e da formação nacional do Brasil, também escreve sobre política americana.

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