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O Crime de ser gordo

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JOÃO LUIZ MAUAD *

O sul-africano Albert Buitenhuis e sua esposa, Marthie, estão enfrentando um processo de deportação, na Nova Zelândia, depois que seu requerimento para renovação dos vistos de trabalho foi rejeitado pelas autoridades de imigração daquele país.  A recusa, por incrível que possa parecer, não se deu por conta de ameaças terroristas ou qualquer outro crime relevante, mas simplesmente devido ao excesso de peso de Albert – 130kg.

Segundo o Serviço de Imigração (INZ), a obesidade de Albert, um pacato cidadão, que já mora na NZ há seis anos, poderia colocar em risco os serviços de saúde do país, já que as autoridades médicas consideraram que ele não tem um padrão aceitável de saúde.

Um porta-voz da INZ disse que Buitenhuis foi rejeitado porque sua obesidade o coloca em “risco significativo” de complicações como diabetes, hipertensão, doença cardíaca e apneia obstrutiva do sono. “É importante que todos os migrantes tenham um padrão aceitável de saúde, a fim de minimizar os custos e demandas sobre os serviços de saúde da Nova Zelândia”.

Tal argumento, embora cada vez mais em voga, é problemático.  Suponhamos que, na Nova Zelândia, não existissem serviços públicos de saúde.  Neste caso, o fato de Buitenhuis ser obeso seria algo prejudicial somente para ele mesmo, sem maiores conseqüências para a sociedade.

Temos então que, ao criar e subvencionar sistemas públicos de saúde, com os pesados custos que isso acarreta, o estado transformou um cidadão absolutamente inocente e trabalhador, se não em um criminoso potencial, pelo menos em “persona non grata”.  Em outras palavras, a única razão para que as gorduras extras de Buitenhuis sejam socialmente perigosas, a ponto de ser-lhe negada a permanência na NZ, é o fato de o estado ter decidido que todas as pessoas, sem exceção, irão receber cuidados de saúde financiados pela sociedade.

Para tornar a situação ainda mais injusta, ao imigrante em vias de deportação sequer foi dado o direito de escolher não fazer parte do sistema de saúde estatal e permanecer naquele país por sua inteira conta e risco.

Infelizmente, do jeito que as coisas caminham, não está longe o dia em que um gordo será olhado pelos demais exatamente como um leproso era visto no passado.  Embora a obesidade não seja uma doença contagiosa como a lepra, o sujeito obeso, por conta dos programas públicos de saúde, pode representar sério risco àquele “órgão” muito sensível de qualquer pessoa: o bolso.

* ADMINISTRADOR DE EMPRESAS

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