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No dia da mulher, um brinde ao capitalismo

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Neste 08 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher.  Nos quatro cantos do Planeta, as mulheres celebrarão as suas conquistas em direção à igualdade de direitos e oportunidades com os homens.  Entretanto, tenho certeza de que poucas delas erguerão um brinde àquele que tem sido, pelo menos durante os dois últimos séculos, o principal responsável pela crescente emancipação feminina e, principalmente, pelo aumento vertiginoso de seu bem estar: o capitalismo.

Muitos já conhecem a excelente palestra de Hans Rosling para o TED, na qual o sueco faz uma verdadeira ode à máquina de lavar roupas.  Rosling demonstra, com humor e grande poder de comunicação, como a invenção da máquina de lavar roupa liberou enormes quantidades de tempo e energia que as pessoas – e principalmente as mulheres – gastavam lavando as roupas da família a mão.

Rosling assinala que o advento das lavadoras de roupa – assim como de outros aparelhos domésticos – significou para as mulheres mais tempo e conforto para cultivar suas mentes e as mentes dos seus filhos. Como? Além do tempo economizado naquela tarefa árdua, as máquinas de lavar também aliviaram o esqueleto feminino de um trabalho penoso e cruel, principalmente para a coluna cervical.

“Qual é a mágica dessa máquina?”, pergunta Rosling numa das passagens mais interessantes de sua palestra, “Minha mãe me explicou sua magia logo no primeiro dia em que nós a usamos. Ela disse: ‘agora, Hans, colocamos a roupa na máquina e ela fará o trabalho, enquanto nós podemos ir à biblioteca’. Então, esta é a magia: nós colocamos a roupa nela e ganhamos de volta [além de roupas limpas] livros.” Não poderia haver uma metáfora mais perfeita.

Além da máquina de lavar, são inúmeras as outras invenções e inovações do capitalismo que tornaram as vidas das mulheres muito mais fáceis (ou menos difíceis) e confortáveis.  Pensem nos absorventes higiênicos, que trouxeram níveis de conforto e higiene inimagináveis há apenas 150 anos.  Pensem nas fraldas descartáveis, na pílula anticoncepcional, nos fogões a gás que dispensaram o manuseio de lenha e, principalmente, o desconforto da poluição ambiental no interior dos lares.  Pensem na profusão de serviços como creches, que deram às mulheres a condição de entrar no mercado de trabalho.  Pensem nas geladeiras, que ao armazenar alimentos frescos de forma eficiente e saudável, dispensaram a ida diária ao mercado para as compras do lar, além de melhorar a saúde de toda a família.  Pensem nos aspiradores de pó, que facilitaram imensamente a limpeza das casas e tornaram seus ambientes muito mais adequados para a criação dos filhos.  Acima de tudo, pensem nas avançadas tecnologias hospitalares e nos novos medicamentos que minimizaram os óbitos das parturientes.

Enfim, são inúmeros os itens que a criação de riquezas promovida pelo capitalismo disponibilizou para o conforto e emancipação das mulheres.  Porém, se o avanço da tecnologia proporcionado pela divisão e especialização do trabalho representa um aumento óbvio em nosso padrão de vida, não podemos nos esquecer dos enormes benefícios do incremento da atividade comercial.

Adam Smith disse que a divisão do trabalho é limitada pela extensão do mercado. Quando temos mercados mais extensos, temos mais comércio e especialização. Quando temos mais comércio e uma melhor divisão do trabalho, somos capazes de produzir mais mercadorias de todos os tipos: mais bens, mais serviços e mais lazer.  (E ainda tem gente que maldiz a globalização…)

Como se vê, os processos de especialização, divisão do trabalho e trocas voluntárias propiciaram, acima de tudo, o tempo livre que nos deu liberdade para criar e fazer coisas novas. Se antes a humanidade gastava a maior parte do tempo com atividades voltadas à subsistência, hoje temos cada vez mais tempo livre para o lazer e, por que não dizer, para o ócio.

Mas o processo de especialização, divisão do trabalho e trocas, que convencionamos chamar de capitalismo, não para por aí. Além de permitir a produção de quantidades crescentes de bens e serviços, ele fez isso de forma a tornar a aquisição da maioria desses produtos e serviços cada vez mais barata, ou seja, com a necessidade de cada vez menos esforço (quantidade de trabalho) – pelo menos em países onde a taxação da atividade produtiva e comercial é baixa.

Um quadro produzido pelo economista americano Mark J. Perry demonstra isso de forma bastante clara, nos Estados Unidos:

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Usando o salário médio por hora dos trabalhadores da indústria de transformação, ele calculou o custo, em termos de tempo de trabalho de cada um dos onze eletrodomésticos listados, nos anos de 1959, 1973 e 2016.  Em 1959, eram exigidas 886 horas de trabalho (ou 22 semanas trabalhando em tempo integral, quase metade de um ano) para ganhar o necessário para comprar todos os 11 aparelhos. Já em 2016, são necessárias apenas 152 horas de trabalho (menos de 4 semanas) para adquiri-los, uma incrível redução no custo de tempo de trabalho de cerca de 83%!  Tudo isso sem falar que os equipamentos comprados hoje em dia têm uma qualidade muito superior aos do passado, tanto em termos de tecnologia quanto de consumo de energia.

Em resumo, como demonstrado acima, o grande benfeitor da causa feminina (assim como de toda a humanidade) nos últimos dois séculos não é o movimento feminista, nem tampouco os governos nacionais com suas leis igualitárias.  Mulheres do mundo, façam um brinde ao capitalismo.

*Artigo publicado originalmente no dia 8 de março de 2016.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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